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29.12.11

UM DESTINO PORTUGUÊS


«É pena que Freud não nos tenha conhecido: teria descoberto, ao menos, no campo da pura vontade de aparecer, um povo em que se exemplifica o sublime triunfo do princípio do prazer sobre o princípio da realidade.»

Eduardo Lourenço (revisitado 33 anos depois em O Labirinto da Saudade)

16.12.11

PRÉMIO LAURENTINO

«Já houve de tudo na atribuição do Prémio Pessoa inventado pelo Expresso: amiguismo, snobismo, intriguismo, oportunismo, e algumas distinções adequadas. O prémio hoje atribuído a Eduardo Lourenço, no ano em que a Gulbenkian está a publicar a obra completa do grande ensaísta, redime muitos pecados cometidos em Seteais.» É verdade, Medeiros. "Pecados" em que o premiado também terá participado já que fez parte do júri do dito prémio durante uns bons aninhos. All in all, ainda é dos poucos que pensa.

13.11.11

SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO


É, por exemplo, isto. A propósito, a Gulbenkian começou a editar as Obras Completas do homem. Já vi por lá a Heterodoxia, um dos meus preferidos. «O homem é uma realidade dividida. O respeito pela sua divisão é Heterodoxia.» (1949)

5.4.10

LAURENTINAS


Jorge Dias já tinha dito há muitos anos, em pleno "fascismo", que Portugal era um país difícil de governar porque o respectivo povinho é paradoxal. Eduardo Lourenço, o homem da "psicanálise mítica do destino português" e que oscila entre o francamente bom, o sofrível e o desnecessário, farta-se de dar entrevistas, de escrever artigos e de não cessar de falar desta trampa a partir bem do centro dela. Umas vezes daqui mesmo, outras de França que escolheu como residência. Um amigo definiu-o como "um jesuíta a lubrificar as ideias dos outros". Que crueldade.

17.9.09

CONVERSAS LAURENTINAS


Via Eduardo Pitta - sim, existe um Eduardo Pitta para além da tagarelice em curso - dou conta da retoma da publicação da revista Colóquio-Letras depois do infeliz "episódio Joana Varela" entretanto passado a ferro pelo decurso do tempo. São dois números dedicados a Eduardo Lourenço. O primeiro (que me interessa pouco) resume um congresso que lhe foi dedicado. Os nomes são recorrentes. E a "presença real" laurentina será sempre mais poderosa do que tudo o que se possa escrever sobre ele. O segundo é mais auspicioso porque «tem por base o trabalho de selecção, transcrição, tradução e anotação do espólio de Lourenço (transferido de França para Portugal)» e «além de textos de Agustina Bessa-Luís, José Blanc de Portugal, Patrick Quillier e Carlos Mendes de Sousa, recolhe parte do epistolário do autor com Miguel Torga, Jorge Guillén, Hernâni Cidade, Jacinto do Prado Coelho, David Mourão-Ferreira, José-Augusto França, Eugénio de Andrade, Salette Tavares, Vergílio Ferreira, Luís Amaro, Mário Botas, Adolfo Casais Monteiro, Luciana Stegagno Picchio, Eduardo Prado Coelho, etc.». Aprende-se muita coisa com determinada epistolografia. Muita mesmo.

13.9.09

PONTO DE EXCLAMAÇÃO


Numa estante aqui de casa dei pela "correspondência" de Jorge de Sena com Eduardo Lourenço, um livrinho publicado pela IN-CM em 1991. Inclui as dedicatórias mútuas apostas nos livros que enviaram um ao outro. Gostei particularmente deste post-scriptum de Sena, numa delas, datado de 1955: «olhe que o Torga é, para mim, a imagem do que a poesia não deve ser!» Até tem ponto de exclamação e tudo!

19.10.08

NINGUÉM MORRE CONTENTE CONSIGO


«Somos prisioneiros de uma absoluta misericórdia, tanto mais inexpugnável quanto mais a supusermos anónima. Isto nos devia tornar humildes, não como cães da vida, por temor do castigo ou avidez de alimento, mas por fidelidade ao silêncio terrestre que de todos os lados nos excede. Quem se olhou a fundo sabe que coisa alguma da sua vida, o pior ou o melhor, dependeu totalmente da sua vontade. Colaborámos, bem ou mal, mas fomos excedidos. Talvez por isso, espécie alguma de homem me é mais estranha que os contentes de si, ricos do espírito e fátuos do coração. Mas é-me necessário compreendê-los para não ficar prisioneiro de um contentamento próprio ainda mais profundo. De resto, tal propósito é igualmente fátuo. A mesma mão que nos cega levantando a sua pressão nos libertará. Ninguém morre contente consigo.»

Eduardo Lourenço, Fragmentos de um diário inédito, Prelo, Maio, 1984

8.10.08

WELTLITERATUR

Eduardo Lourenço, mais logo, no auditório 3 da Gulbenkian: "Uma conversa sobre Pessoa e outros". Por volta das 18 horas.

4.10.08

UM OLHAR COSMOPOLITA


«O olhar cosmopolita de [Eduardo] Lourenço fez, desde o princípio, toda a diferença. Não se trata do cosmopolitismo “de aeroporto” hoje tão em voga, mas de uma perspectiva sobre o mundo que combina uma fina atenção à actualidade com uma sólida informação histórica, que já lia o local a partir do global muito antes de se generalizar a globalização. E que, recusando todos os reducionismos, permanentemente valoriza a diversidade, as contradições do mundo e a contingência dos acontecimentos. Foi este olhar cosmopolita que libertou Lourenço do “comentarismo ruminante” que ele tão lucidamente diagnosticou no Portugal de meados do século passado, e que, infelizmente, persiste ainda nalgumas dimensões da vida portuguesa, talvez hoje mais provinciana do que nunca, no seu serôdio deslumbramento de tantas e tão ilusórias “modernidades”!...»

Manuel Maria Carrilho, Contingências

6.9.08

LOURENÇO TRIVIA

Até o mais luminoso ensaísta português vivo - a expressão "luminoso" é do Eduardo Prado Coelho, não vão os leitores pensar que fui acometido de um "momento António Guerreiro" -, Eduardo Lourenço, tem direito ao seu "momento trivia". Via Eduardo Pitta:

«O Equador, como dizia o Vergílio Ferreira a respeito do Mau Tempo no Canal, é um excelente romance do século XIX. É mais interessante do que as pessoas possam imaginar. É muito clássico, até muito queirosiano, a muitos títulos. Queirosiano e aquiliniano. É talvez — não sei se foi essa a intenção dele — o último romance do Império. Do nosso Império em chamas. E aquele final é um achado: pensar que nem o português, nem o inglês — que vem dar a lição do grande imperialismo contra o pequeno imperialismo — conseguem coisa nenhuma, mas que é o africano que leva o morceau. É ele que leva a musa.»

15.5.07

NÃO É FÁCIL DIZER BEM- 17

"O exemplo do ditador provinciano que admira o estilo de um romancista e conhece poemas de cor é a versão lusa dos comandantes dos campos de concentração que ouviam música clássica à noite, na companhia das respectivas famílias, após mais um dia ocupado com a execução da barbárie. Quanto aos escritores que se comovem com o elogio de um ditador, eles não são excepção, nem caso raro, porque a arte, ao contrário do que parecem pensar os que a idolatram, não afasta ninguém dos piores defeitos da humanidade.". Esta bojarda consta do Da Literatura que não é só Eduardo Pitta, agora, por habituação rosa, "costista". João Paulo Sousa parte da interessante entrevista de Eduardo Lourenço à Pública de domingo para, em duas linhas, malhar no Doutor Salazar, no Aquilino Ribeiro e no Torga, qualquer deles tão "provinciano" como ele. Mais valia destacar o que Lourenço diz na entrevista sobre a racaille literata nacional, sobre Ratzinger ou, mesmo, sobre Salazar. É por estes e por outros que, ao ouvir por vezes o termo "cultura", puxo o autoclismo.