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1.9.11

O ANTÍDOTO

«El sueño de los católicos progresistas de hacer de la Iglesia una institución democrática es eso, nada más: un sueño. Ninguna iglesia podría serlo sin renunciar a sí misma y desaparecer. En todo caso, prescindiendo del contexto teológico, atendiendo únicamente a su dimensión social y política, la verdad es que, aunque pierda fieles y se encoja, el catolicismo está hoy día más unido, activo y beligerante que en los años en que parecía a punto de desgarrarse y dividirse por las luchas ideológicas internas.¿Es esto bueno o malo para la cultura de la libertad? Mientras el Estado sea laico y mantenga su independencia frente a todas las iglesias, a las que, claro está, debe respetar y permitir que actúen libremente, es bueno, porque una sociedad democrática no puede combatir eficazmente a sus enemigos -empezando por la corrupción- si sus instituciones no están firmemente respaldadas por valores éticos, si una rica vida espiritual no florece en su seno como un antídoto permanente a las fuerzas destructivas, disociadoras y anárquicas que suelen guiar la conducta individual cuando el ser humano se siente libre de toda responsabilidad. Durante mucho tiempo se creyó que con el avance de los conocimientos y de la cultura democrática, la religión, esa forma elevada de superstición, se iría deshaciendo, y que la ciencia y la cultura la sustituirían con creces. Ahora sabemos que esa era otra superstición que la realidad ha ido haciendo trizas. Y sabemos, también, que aquella función que los librepensadores decimonónicos, con tanta generosidad como ingenuidad, atribuían a la cultura, esta es incapaz de cumplirla, sobre todo ahora. Porque, en nuestro tiempo, la cultura ha dejado de ser esa respuesta seria y profunda a las grandes preguntas del ser humano sobre la vida, la muerte, el destino, la historia, que intentó ser en el pasado, y se ha transformado, de un lado, en un divertimento ligero y sin consecuencias, y, en otro, en una cábala de especialistas incomprensibles y arrogantes, confinados en fortines de jerga y jerigonza y a años luz del común de los mortales. La cultura no ha podido reemplazar a la religión ni podrá hacerlo, salvo para pequeñas minorías, marginales al gran público. La mayoría de seres humanos solo encuentra aquellas respuestas, o, por lo menos, la sensación de que existe un orden superior del que forma parte y que da sentido y sosiego a su existencia, a través de una trascendencia que ni la filosofía, ni la literatura, ni la ciencia, han conseguido justificar racionalmente. Y, por más que tantos brillantísimos intelectuales traten de convencernos de que el ateísmo es la única consecuencia lógica y racional del conocimiento y la experiencia acumuladas por la historia de la civilización, la idea de la extinción definitiva seguirá siendo intolerable para el ser humano común y corriente, que seguirá encontrando en la fe aquella esperanza de una supervivencia más allá de la muerte a la que nunca ha podido renunciar. Mientras no tome el poder político y este sepa preservar su independencia y neutralidad frente a ella, la religión no sólo es lícita, sino indispensable en una sociedad democrática.»

Mario Vargas Llosa

(Via Pinho Cardão, 4ª República)

1.8.11

TENTAR PERCEBER

Muitas vezes me questiono se este homem leu - e ler, aqui, é ler com olhos de ver e de perceber - o teólogo Joseph Ratzinger. É seguramente mais profícuo do que ler, por exemplo, a revista da Ordem dos Advogados.

15.6.11

EM VÃO

D. José Policarpo descobriu agora - "agora", i.e., depois do dia 5 de Junho último - que a lei da interrupção voluntária da gravidez tem vindo a ser aplicada "ao Deus dará". Não só lhe fica mal invocar o nome de Deus em vão como podia perfeitamente continuar calado acerca de uma matéria da qual, aquando do último referendo, praticamente lavou as mãos.

3.5.11

O PS GANHOU


As eleições para a presidência da Conferência Episcopal Portuguesa.

14.1.11

MILAGRE E SOLIDÃO


Lamento a decisão de Bento XVI em aprovar a beatificação do seu antecessor. Aliás, já lamentava a proliferação de beatos levada a cabo por João Paulo II e a que Ratzinger, aparentemente, pretende continuar a dar curso. Se há coisa que caracterizou o notável pontificado do Papa polaco foi a sua condição profundamente "terrestre". Sem nunca perder de vista - como podia? - a espiritualidade e a fé, João Paulo II foi responsável pela maior fusão daquelas com a "realidade" e da "realidade" (da razão) com a fé. Ajudou, como ninguém, a derrubar uma ideologia malsã e "globalizou" a fé católica através das centenas de viagens apostólicas que realizou. O seu exemplo humano (que também foi político) é suficiente. Parafraseando Santo Agostinho, um homem submisso pela fé, pela esperança e pela caridade possui um forte domínio sobre si, desnecessitando, até, das Escrituras ou da interpretação delas para o exaltar, beatificando-o, pois é na solidão que aquelas três coisas são realmente vividas. João Paulo II é grande enquanto homem. É o maior e o mais raro dos milagres. E é quanto basta.

26.12.10

O ESTRANHO CASO DE D. JOSÉ

D. José Policarpo, o chefe da Igreja Católica em Portugal, esteve particularmente activo nos últimos dias. Ouvi-o na rádio, li-o nos jornais. Salvo o devido respeito, é um politiqueiro. Basta ver a entrevista no Diário de Notícias de domingo. Parece um tudólogo e não um cardeal patriarca. É complacente com Sócrates como nunca foi com o seu "amigo" Cavaco aquando de um não veto circunstancial. Parece que não aprecia a ideia de poder vir a ser substituído pelo Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, ou pelo Auxilar de Lisboa, D. Carlos Azevedo, dois dos mais notáveis prelados da Igreja portuguesa. Policarpo representa uma Igreja pusilânime e cortesã que, certamente, escapa ao múnus de Joseph Ratzinger. Não foi por acaso que, aquando da visita dos Bispos lusos ao Vaticano, foram forçados a ouvir muita coisa de que não gostaram. Designadamente que olhavam demasiado para si próprios. Ora D. José Policarpo é, nesta matéria, um epígono exímio. Sente-se confortável no regime e o regime sente-se confortável com ele. A Igreja é deste mundo mas representa outra coisa. Não conviria abusar.

10.11.10

FASCISMO CONTEMPORÂNEO


A liberdade religiosa está cada vez mais ameaçada na Espanha do senhor Zapatero, pífio epígono da "república das bananas" que deu azo à sangrenta guerra civil tão bem descrita no livro indispensável de Hugh Thomas. Agora é a Igreja do Vale dos Caídos. Desde o dia 3 de Novembro, os monges beneditinos e os paroquianos são obrigados a celebrar missa num pinhal fora do complexo. O vice-presidente do sr. Zapatero, um tal Rubalcaba, enviou a Guardia Civil para impedir o acesso à basílica. Não dá para ir até lá dar uns beijinhos na boca, como em Barcelona?

24.10.10

A HIPOCRISIA SOCIALISTA E A IGREJA

Sou católico. Não o seria se não fosse livre. Por isso, as relações com os meus "pares" e com a instituição terrena, sobretudo a portuguesa, que representa a minha fé não se distinguem particularmente pela amenidade. O Papa Ratzinger fortalece essa fé na exacta proporção em que demais evangelistas avulsos a deixam indiferente. Para além disso, vivo a coisa como algo inteiramente privado e desconfio de "comunidades" disto e daquilo. Ora parece que o Estado, através do vil metal, se prepara para deixar de apoiar instituições de solidariedade social que não sejam católicas, criando uma situação favorável a manifestações de indignação militante da jacobinagem habitual e de gente inteligente. Apesar de maioritária em relação às outras em Portugal, a Igreja católica, nesta matéria, não pode ficar refém da hipocrisia socialista, sujeitando-se a mais um chorrilho de parvoíces. Se fosse a ela, seria o primeiro a dizer-lhes "não e muito agradecido pela distinção".

28.8.10

O FIM DO ARGUMENTO

O Vaticano recorreu à indisputável autoridade de Hitler na matéria para criticar a expulsão de ciganos ilegais em França. Quando o argumentário chega ao holocausto, é sinal de que não há mais argumentos. A simples menção do termo silencia imediatamente qualquer um. Daqui para diante vão encenar-se os costumeiros pedidos de desculpa e, quem sabe, uma acrisolada parada "multicultural" europeia a favor das minorias que as elites democráticas desprezam embora o disfarcem com indignações hipócritas e retóricas. Alemão racionalista, Raztinger não quer a sua Igreja minoritária fora de certos debates "correctos" e, no fundo, olha para Sarkozy e surpreende um arrivista. Duma cajadada, matam-se dois coelhos.

Adenda: Depois disto escrito - e porque não quero que nada falte a pessoas que não sabem tratar das unhas dos pés - reparo que maradona, num "momento S. Silva", decidiu malhar no tema aproveitando, pelo caminho, de bicicleta, para me chamar "paneleiro" e "labrego", concedendo que nem sempre debito "tretas demagógicas". Maradona, nos intervalos da bola, das cervejas e dos "pipis", é um excelente blogo-escritor que provoca, mesmo com as unhas dos pés no estado lastimoso em que as mostrou há uns tempos, transportes nas suas indefectíveis admiradoras. Como "paneleiro", presumo que não me será concedida sequer a graça de uma cerveja porque ciganos são ciganos mas um "paneleiro" é um "paneleiro" tal como um "labrego" é um "labrego", ambas categorias impróprias da "base da civilização " em que vive o maradona. É tudo uma questão de "matriz racial" vista a partir da Trafaria e de respeito pela "individualidade e liberdade fundamental de cada ser humano" que pára obrigatoriamente no "paneleiro" e "labrego" João Gonçalves, autor de coisas que suscitam no "humanista" (outro) maradona tal revolta que (e segue-se uma belíssimo excerto digno do melhor António Guerreiro do "Atual") não "conseguimos ter a presença de espírito de evitar adjectivos que clarificam de forma tão automática e instintiva a matriz do próprio parágrafo onde os utilizamos." Por que é não pega nas suas "matrizes", nos "pipis", nas cervejas e na sua bicicleta e vai dar umas voltinhas com esses monumentos a uma "vida autisticamente concreta" que são esses queridos "nómadas"? É que não vejo nenhum comovido solidário, civilizado e ocidentalizado como o maradona, disposto a fazer nada por essas formas de "vida autisticamente concreta" que não seja convocar o III Reich tal como o treinador da lipoaspiração comparava cretinos e vinténs. Você, maradona, fica-se apenas pelo cretino porque ninguém dava um vintém por si com os pés à mostra. Digo-lho eu que sou um grande "paneleiro".

24.7.10

DO CONVENTO PARA O CABARET

Julgo que o calendário era este com rostos de padres pouco parecidos com os dos nossos muito respeitáveis parócos de aldeia. Se de cara são assim, é evidente que o despojamento das batinas fora das horas de expediente é perfeitamente compreensível e seja em que "modalidade" for. A castidade é muito mais uma instância intelectual do que física e, talvez, mais um imperativo hipotético do que categórico para recorrer ao jargão kantiano. Da mesma forma que o celibato. E, depois, a ética, como lembrava Deleuze, é estarmos à altura do que nos acontece. Um padre não é menos vigário de Cristo da Terra - ou "menos" homem - por deambular entre os prazeres terrenos tal como eles sempre se manifestaram. Mas haverá um momento que lhe conviria escolher para, justamente, poder estar à altura do que, pelos vistos, o próprio faz acontecer. Na missa ou na cama.

23.7.10

NO MEIO DE BRUTOS



A Igreja lançou um violento ataque contra a sociedade rapace em que vivemos e contra o governo que, pela sua complacência ou inépcia, a mantém. Fica-lhe bem embora mais de cinco anos de mansidão perante o tribalismo socrático e perante selvajarias chiques da sociedade dita civil não a credibilize tanto quando seria suposto. Para além disso, a própria "sociedade" católica é composta por demasiado poltrão hipócrita que não ajuda à função. Como diz Ratzinger, a Igreja começa a habituar-se (ou a ter de se habituar) a viver em minoria no meio de brutos. Talvez seja melhor assim.

19.7.10

O "POVO" SEM PARACLETO


Na televisão passam imagens do "povo" a invadir o Paço Episcopal de Braga por causa do sr. padre Lopes, de Fafe. O sr. padre vai ser transferido para outro lado mas o "povo" quer que ele fique. O mesmo se passa em S. Torcato, da mesma diocese, onde o sr. padre Araújo será removido precisamente para Fafe. Ainda que católico, o "povo" não só não está disposto a dar a outra face como, decididamente, pretendia dar na face de D. Jorge Ortiga, o bispo local. Correm petições, buzinões e, se os deixarem, bordoada. É respeitável - chega mesmo a inspirar um módico de ternura - o apego das comunidades aos seus párocos. Mas quando tal apego se transforma em turba ululante, nem o Paracleto pode acudir a tão perturbados espíritos. Pobres dele, naturalmente, mas com cantinho garantido no misericordioso céu.

27.5.10

OS "CANDIDATOS"

Deus sabe - e quem tem a paciência de me ler também - como não tenho a menor pachorra para a estupidez. Não acrescento "humana" precisamente porque só esta espécie pode optar por ser estúpida. Dito isto, e porque deles recebi um mail, só posso lamentar este post. Ou, em alternativa, considerá-lo "engraçadista". Pois como havemos nós de classificar - por muita, pouca ou nenhuma consideração que nos mereçam as criaturas em causa - a sugestão de D. Duarte de Bragança, Bagão Félix, João César das Neves, Aura Miguel, Maria José Nogueira Pinto, Gen. Rocha Vieira ou Daniel Serrão como putativos candidatos "pro vida" à presidência da República porque, perguntam eles, «pode o PS escolher um Presidente da República mais colaboracionista (em colaboração estratégica) com as suas políticas (aborto, casamento homossexual, deseducação sexual obrigatória nas escolas, divórcio simplex)... do que Cavaco Silva?» A patetice destes católicos à beira de um ataque de nervos, explícita na capciosa pergunta, assenta nalguns equívocos básicos. O PR - este ou outro qualquer - não é, como na monárquica Inglaterra, simultaneamente chefe de Estado e chefe da Igreja doméstica. Depois, e como frisou Bento XVI assim que aterrou em Portugal, «a viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja, que as duas Concordatas de 1940 e 2004 formalizariam, em contextos culturais e perspectivas eclesiais bem demarcados por rápida mudança.» Ratzinger, ao contrário desta gente, conhece perfeitamente o mundo em que vive e há muitos anos. Não tem, por isso, ilusões e decerto sabia a que país chegava e que país deixaria quatro dias depois. Consequentemente falou da liberdade da Igreja e da liberdade do Estado. Lamento, porque dele era adepto, que não tivesse sido realizado um referendo sobre a matéria. Mas era indisputável a legitimidade deste parlamento para tratar dela. Também era legítimo um veto presidencial ou a promulgação. Se vetasse, Cavaco, como os seus adversários esquerdófilos decerto apreciariam, lançaria para a arena uma falsa questão religiosa que até o Papa desaconselharia. Promulgando, Cavaco desagradou aos simétricos das direitas a quem também lhes puxa o pé para tal intempestiva e parva questão. Tem um preço político? Seguramente. E pago no momento do voto. O que me parece esdrúxulo é pretender-se que a democracia, valha a nossa o que valer, seja confessional e que os representantes dela também o tenham de ser. Seja pelo lado jacobino dos "funcionários do género", seja pelo lado oposto, não menos "funcionário", destes amiguinhos "pro vida". Pelos vistos, o que sobra em Titis de ambas as bandas falta em tino. Juntem, pois, uma à lista.

Adenda: Com o devido respeito - coisa distinta do respeitinho -, D. José Policarpo, que deixou os adeptos do "não" no referendo à IVG entregues a si mesmos após uma breve e "correcta" declaração antes do processo eleitoral, não tem agora grande "moral" para vir debitar doutrina para cima do PR, sobretudo insinuando que existe uma relação causa-efeito entre o processo político das eleições presidenciais e uma lei que altera o Código Civil. Entre outros, colocou-se ao lado do edil Costa, do PS, que acabou de dizer coisa idêntica na SICN para justificar o engolir de Alegre. Se fossemos "medir" as complacências para com o absolutismo "socrático", não sei se D. José Policarpo não levaria a dianteira a Cavaco.

Adenda de sexta-feira: À questão religiosa (que não existe) alguns querem acrescentar uma questão política perfeitamente imbecil a propósito das eleições presidenciais. E outros ainda (que deviam estar calados e eles sabem perfeitamente porquê) também andam nesta de "Maria-vai-com-as-outras". Razão tinha Chateaubriand. Deve-se ser parcimonioso na distribuição do desprezo em função do grande e inesperado número de necessitados.

25.4.10

«ODIUM THEOLOGICUM» OU A OUTRA COISA

Em resposta a isto, isto. «What has happened, I suggest, is that you have lost the argument over the meaning and the proper hermeneutics of Vatican II. That explains why you relentlessly pursue your fifty-year quest for a liberal Protestant Catholicism, at precisely the moment when the liberal Protestant project is collapsing from its inherent theological incoherence. And that is why you have now engaged in a vicious smear of another former Vatican II colleague, Joseph Ratzinger (...) That grotesque falsification of the truth perhaps demonstrates where odium theologicum can lead a man. But it is nonetheless shameful.»

24.4.10

KUNG NO SEU LABIRINTO


Hans Kung é um discutível teólogo contemporâneo. Mas Kung há muito que olha para a Igreja como uma associação de prosélitos e de beneméritos na qual deviam coexistir "tendências", preferentemente não reaccionárias (as vezes que Kung usa o termo nesta carta são reveladoras), que a ajudassem a ser mais "sociedade civil" - tal como ela nos é vendida e vivida diariamente com os sucessos pessoais e públicos que se conhecem - e não a Igreja milenar cuja existência e sobrevivência depende justamente da firmeza e da intransigência em relação ao "tempo que passa". A Igreja de Ratzinger parte do pressuposto que, de facto, o tempo e o homem passam e que não compete a ela seguir a moda ou, in extremis, juntar-se-lhe para não perder o delicado pezinho na história. Kung porventura não se importaria que um novo concílio - que recomenda - terminasse com um concerto de lady Gaga ou de Amy Winehouse algures numa mesquita. Ratzinger aconselhou os fiéis e os ministros da Igreja, muito cedo, ao hábito de viver em minoria. Kung, pelo contrário, parece desejar que a Igreja - e o catolicismo - seja tão popular como o Inter de Milão, o iPod ou a Oprah para sobreviver. Ao apresentar-se "mais papista que que o Papa" por se imaginar "mais deste mundo", Kung não está a ajudar a Igreja com os seus conciliábulos privados. Limita-se a acender o facho que vai à frente da multidão dos inimigos da Igreja e daquilo que eles representam. No fundo, Kung não quer outra Igreja. Quer outra coisa.

17.4.10

AS PRESSAS DO DR. TAVARES

O dr. Miguel Sousa Tavares, no Expresso, sem link, sustenta que o Papa está preso por um fio e que ainda vai ter de renunciar (parece que dr. Tavares apreciaria o exercício). Qual misto de Lombroso com prof. Karamba, o dr. Tavares, aliás, conseguiu logo detectar, nos olhos do novo Papa, vai para cinco anos, uma fatalidade. Não me passaria pela cabeça pedir ao dr. Tavares que renunciasse à sua impressionante cadeira de grande "escritor" português contemporâneo conforme o Metro e as praias o atestam copiosamente. Felizmente o dr. Tavares reconhece que a Igreja repousa sobre dois mil anos de sabedoria e de resistência. E que, mesmo apesar disso (ou por causa disso), está, melhor do que ninguém ou alguma seita corporativa ou sexista "correcta", habilitada a viver em minoria como o então cardeal Ratzinger advertiu nos anos setenta do século passsado. Por isso, dr. Tavares, tenha calma que no dia em que a "igreja tal como a conhecemos" acabasse, era o homem, tal como o conhecemos, quem tinha acabado.

13.4.10

É SÓ ISTO

Como católico, considero intelectualmente desonestas as declarações do Cardeal Tarcisio Bertone que, no Chile, teve a brilhante ideia de ligar a homossexualidade à pedofilia. E são desonestas porque, num homem com a sua formação, é inadmissível um "raciocínio" digno da superstição mais primitiva e analfabeta. A pedofilia é um crime e uma patologia. E a sexualidade, em versão hetero, homo ou ambas, não é nem um crime nem uma patologia. É só isto.

11.4.10

DOS EQUÍVOCOS DA MARTIROLOGIA


Leio uma longa e aborrecida "reportagem" na revista Pública acerca de, sic, "como é ser gay e católico em Portugal". Não sou adepto da martirologia, seja ela de carácter religioso, sexual ou outra. Ora este título - e todo o arrazoado que o justifica - é, salvo em dois ou três intervalos de lucidez dos intervenientes, de pura natureza martirológica. E não no sentido veiculado pelos entrevistados. a saber, o de que a Igreja não "facilita" ser gay e católico. Sucede que a Igreja não tem de "facilitar" nada. Há milhões de católicos que são muitas coisas para além de católicos. Por exemplo, e como na peça aparece o padre e poeta Tolentino Mendonça - curiosamente pelo "lado" da Igreja -, há casos conhecidos de poetas que eram católicos (Sophia, Cinatti ou Eliot) mas que não eram poetas católicos como, julgo, Tolentino é até porque acumula com o ser padre. O "coitadismo" exibicionista revelado neste texto da Pública não ajuda nem a fé nem as opções íntimas de cada um. Muito menos este disparate "corrrecto" e puramente politiqueiro de Frederico Lourenço: «Terá de vir um papa muito mais aberto. Este parece-me uma figura anacrónica, que leva a Igreja para o passado ainda mais que João Paulo II. Grande teólogo, não duvido, inteligentíssimo, mas está a fazer tudo para que a Igreja não se aproxime do futuro.» Há homossexuais que são católicos o que não é o mesmo que criar na Igreja uma "tendência" homossexual para que aqueles se sintam confortáveis. Não compete à Igreja "adaptar-se" a qualquer "tendência" dos seus fiéis mas, antes, aos seus fiéis viverem a sua fé com a Igreja que existe e onde, desde que foi erguida a partir da famosa pedra indicada por Jesus a Pedro, elas sempre existiram. E, creiam-me, meço bem as palavras.

7.4.10

UM CERTO APOGEU DO CAGALHÃO NA TOLA

«A Igreja é, de facto, um alvo fácil para uma sociedade, a europeia, onde o ateísmo mais acéfalo é o apogeu da coolness. Bater na Igreja fica sempre bem: é a regra número um das Paulas Bobones do politicamente correcto.»

Henrique Raposo

4.4.10

A FRONDA


«O Papa (...) já dissera que a pedofilia era um pecado e um "crime" e que tinha feito mais para "obscurecer a luz do Evangelho" do que séculos de perseguição. Na América, na Irlanda, na Áustria, no Brasil, em Inglaterra e em Itália, a hierarquia repetiu Ratzinger. Não se vê como há ainda quem acuse a Igreja de esconder o escândalo ou de o tentar diminuir, porque alguns padres não foram devidamente punidos, nem suspensos. Muito ao contrário, pela primeira vez na sua história, a Igreja revelou a tempo o que se passava na sua vida interna e castigou os culpados pelo mundo inteiro, sem tentar defender o prestígio exterior da instituição.» Isto escreve, no Público, o agnóstico Pulido Valente. No mesmo jornal, porém, um membro do clero português, o extraordinário frei Bento Domingues, cuja cabeça verdadeiramente nunca saiu da mítica "capela do Rato", para além das já habituais diatribes contra o actual Papa e contra a tradição da Igreja (não lhe ocorre que, sem essa tradição milenar - a simbólica pedra de Pedro perpetuadamente renovada - a Igreja jamais poderia ter "progredido" designadamente no Vaticano II?), vai mais longe (e atrás da "agenda mediática") e não hesita em dizer que «a opinião pública na Igreja não foi nem cultivada nem escutada», preponderando uma coisa que ele apelida de "papolatria" e que dispensa interpretação. «O Papa é o bispo de Roma, não é o bispo de todas as dioceses católicas. A responsabilidade pela vida da Igreja, vida do Espírito de Cristo, é colegial», esclarece o nosso frei como se estivesse a falar a partir da secção do Fogueteiro de um partido político qualquer. Não vale a pena insistir na falácia freiática. Milhares de fracassados como seres humanos - e digo isto com o à vontade de ser descomplexadamente um - andam nos últimos dias numa fronda frenética mundial (a caseira até "descobre" fotos de padres nus em altares) contra a Igreja - e contra Ratzinger, em particular - por causa dos "abusos" e da pedofilia. A inevitável confraria semita também já se juntou dado deter o exclusivo da indignação eterna. A Igreja é um compósito de homens e dos homens deve desconfiar-se. Ratzinger sempre desconfiou e a evidenciação mencionada por Pulido Valente é disso prova. Se pudesse, e a coberto da legítima e natural condenação de actos puramente criminosos, a fronda adoraria remover - ou ver removido - o actual Papa. Azar dela. Bento XVI só na aparência física é frágil. O nosso frei-capela-do-Rato sabe isso perfeitamente e prega em conformidade. Mal prega, porém, quando antes lhe competia denunciar a fronda em curso. Em dois milénios, a Igreja nunca sucumbiu nem sequer às suas próprias contradições. Não era agora, perante tanta insignificância e ignorância tagarelas, que ia ruir.