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5.1.12

UM FOCO


«Seria bom que em 2012 se conseguisse transformar a política num instrumento um pouco mais lúcido, eficaz, respeitado, e sobretudo mais focalizado no interesse comum. Porque é justamente isto que tem faltado: um foco que indique o essencial e o equacione com intuição, com conhecimento e com pedagogia.»

M. M. Carrilho, DN

4.1.12

IDEAIS ESQUECIDOS


É mais ou menos isto.

17.12.11

(IN)GRATIDÃO

Em entrevista a um jornal, Luís Figo afirma-se "desiludido" com Sócrates, a criatura com quem tomou o pequeno-almoço mais famoso de 2009, e pretende mandar o país à fava. Alfredo Barroso veio a público "denunciar" a ingratidão do tio que apenas o refere uma vez no seu último e, pelos vistos, impreciso livro depois de uma vida inteira dedicada à egrégia figura. A ele, Soares preferiu os serviçais mais à mão que, pelos vistos, nem sequer souberam dar conta do recado. E entregou a apresentação da coisa a dois rapazinhos muito apreciados no que resta do "meio socrático". Tudo somado, dá para confirmar que a política é a actividade "humana" mais próxima do amor. Não se deve esperar gratidão de ninguém.

5.11.11

A "AGENDA IDEOLÓGICA"



Alguns escrevinhadores e outros tantos pensadores de televisão andam muito preocupados com a "agenda ideológica" do Governo. Segundo esta gente atormentada, o Governo possui uma perigosa "agenda liberal" ou "neoliberal", quando não "conservadora" ou "neoconservadora", destinada a acabar com o extraordinário "estado" a que isto tudo chegou. Não nego que o Governo tem forçosamente de fazer qualquer coisa de profundo e duradouro no Estado de maneira a que, nas suas funções essenciais, não soçobre de vez. E por Estado quero dizer o propriamente dito, central, local e regional, o seu aberrante sector empresarial e as participações ruinosas nas gloriosas PPP's que comprometem gerações inteiras. Mas a "agenda ideológica", em si mesma, não interessa nada a não ser a académicos com pouca relação com a chamada vida material ou a pessoas que precisam de encher colunas em jornais. Quando assinei e ajudei a divulgar o Manifesto Reformador de 1979, com dezoito anos, praticamente defini a minha "agenda ideológica" para o resto da vida. Estava lá o essencial: evolução do regime político, flexibilização do sistema económico e exercício da cidadania para além dos partidos. Não sou "liberal" nem "conservador" ou "neo" isto ou aquilo. Prefiro a toda essa tralha (e à contra-tralha das esquerdas apoquentadas) o pragmatismo do insuspeito Mário Soares numa entrevista de 1984. «Nunca dei uma excessiva importância aos debates ideológicos e sempre condicionei muito mais a minha acção pelas relações políticas e tácticas no terreno, por forma a, pragmaticamente, levar a água ao meu moinho.»

29.10.11

A ANA, SEMPRE A ANA E CADA VEZ MAIS SÓ A ANA

«Cavafy, o grego, não conheceu Kadhafi, o líbio. Este, chefe de Estado entre 1969 e 2011, foi assassinado a 20 de Outubro último. A sua morte foi registada em directo; a não ser que — à semelhança de No Palácio do Fim de Martin Amis — Senad el Sadýk el Ureybi — o rebelde líbio que disse perante as câmaras não lhe agradar “a ideia de ele ser capturado vivo” e daí ter-lhe dado dois tiros, “um na cabeça, outro no peito” — se tenha enganado no alvo e atingido tão-só um sósia. Não vi o vídeo e para o caso tanto faz. Não vi, como não vi o da criança chinesa atropelada, do enforcamento de Saddam ou da decapitação de Daniel Pearl. Em jovem assisti, por militância cultural, a 120 Dias de Sodoma de Pier Paolo Pasoloni. Enouhg is enough. Leio agora que foram divulgadas mais imagens dos últimos momentos do alucinado, que apenas acrescentam crueldade à crueldade. Entretanto, o Ocidente festejou a queda do ditador — um “líder carismático”, nas palavras de José Sócrates (convidado de honra do 41º aniversário da revolução líbia), que ainda em finais de 2007 acampava no Forte de São Julião da Barra, era recebido com pompa pelo governo português e até dava “aulas” sobre os “Problemas da Sociedade Contemporânea” na reitoria da Universidade Clássica de Lisboa. Não se pense, porém, que a hipocrisia foi exclusivo da “diplomacia económica” de Sócrates/Amado. Aznar,González, Prodi, Berlusconi, Sarkozy, Putin, Barroso, Lula, Chávez, Fidel, Condoleezza Rice, Obama… nenhum faltou ao beija-mão. A alguns narizes, o smell do petróleo cheira melhor que o nº 5 da Chanel. A indiferença com que reagiram à ignomínia do assassínio do homem diz bem do novo paradigma que assinala o caminho do declínio: em vez das públicas virtudes, Estado de Direito e tal, acção directa, no caso, versão kiss, kiss, bang, bang. É o regresso ao Far West, mas sem bons — só feios e maus. Citando Cavafy, o poeta que não conheceu Kadhafi: “E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros? Essa gente, mesmo assim, era uma solução”.»

26.10.11

OPINIÕES ADULTAS

Uma sociedade adulta é uma sociedade mais aberta e mais cosmopolita. Mas é, simultaneamente, uma sociedade mais exigente e mais crítica, ou seja, avessa a fórmulas mais ou menos disfarçadas de pensamento único. Aliás, sob a capa do pluralismo esconde-se demasiadas vezes o pensamento único malgrado as aparências comunicacionais contraditórias em razão de filiações partidárias. Não é por ser seu amigo há décadas, mas vejo com agrado que o José Medeiros Ferreira é, neste momento, um dos comentadores mais estimulantes dos que têm acesso às televisões. E nem sequer preciso estar sempre de acordo com ele ou vice-versa.

19.10.11

CORAJOSO

O Pedro Santana Lopes a sugerir a suspensão do pagamento de subvenção vitalícia a políticos que a requereram (por exemplo, o actual primeiro-ministro não a requereu apesar do direito conferido pelo exercício do cargo de deputado pelo período então considerado para a poder requerer) e que ainda estão na "vida activa" enquanto durar o período de austeridade. A causa pública seria prestigiada. E sem necessidade de chamar à colação, parvamente, o "populismo".

16.10.11

DE ACORDO

Com Estrela Serrano (às vezes acontece e parcialmente). «A presença dos actores políticos, estejam no governo ou na oposição, é assegurada através da cobertura jornalística das suas actividades públicas e em debates e entrevistas, sem necessidade de lhes serem atribuídos espaços próprios remunerados. Ter políticos “avençados” como comentadores não é muito saudável nem para a democracia nem para o jornalismo.» Apenas acrescento - e aí não acompanho E.S. - que no caso das televisões que não são subsidiadas pelos contribuintes, cada um contratualiza com quem e o que lhe aprouver.

Adenda: Por falar em televisões subsidiadas pelos contribuintes, a RTP, na parte "informação", neste fim de semana de folclore e cerveja à porta do parlamento, trouxe à memória a RTP do velho Lumiar de 1975, sobretudo naqueles dias trágico-cómicos de Novembro que terminaram com a substituição de um patético capitão Duran Clemente (que nos anunciava a "revolução" em directo) por um filme de Danny Kaye.

25.9.11

UM PESSIMISTA É UM OPTIMISTA BEM INFORMADO


«Optimismo e utopia em excesso geralmente acabam em nada ou, pior, dão em totalitarismo.»

Roger Scruton (via Pedro Correia no Forte Apache)

12.9.11

O "RESPALDO"


Li num blogue de um nostálgico da Rua da Sofia que o governo não tem o "respaldo dos intelectuais". Para a criatura, o imprimatur tremido ou nulo de determinadas eminências do PSD é uma fraqueza lamentável que se traduz, precisamente, na ausência do dito "respaldo". Esta tese assenta num equívoco antigo. Para não irmos mais longe, começou com a emergência do "camponês de Boliqueime" - o "tipo" ou o "gajo" na versão socialista, laica, republicana e ternurenta do dr. Soares - que nunca passou no "crivo" de algumas "elites" do regime, quase todas invariavelmente filhas espúrias da "extremo-esquerdice" que atacou muito filho da média e grande burguesias a partir, sobretudo, dos anos 60. A sobranceria esquerdina propriamente dita teve o seu apogeu naquele inesquecível friso de perninhas a dar a dar, sentadas no muro da cidade universitária de Lisboa em 1962, do qual brotou, por exemplo, o sempre extraordinário Jorge Sampaio. Sá Carneiro, aliás, foi logo desprezado em 1975, no congresso de Aveiro, pelos mesmos que, pelo caminho, se aliaram ao PS ou ficaram pelo então PPD a ressumar ser de "esquerda" ou de "esperanças" velhas ou novas, acabando todos por se diluir na mesma e uma amálgama mediática. De facto, o regime, graças às televisões, deu visibilidade a esta vastíssima parafernália de "intelectuais", reais ou fraudulentos. E eles passaram a ditar as regras da "selecção natural" e a passar "atestados". Salvo raras excepções, quando alguns desses "intelectuais" foram a votos, o desastre surpreendeu-os invariavelmente. Em trinta e muitos anos de regime, tivemos - e temos - "intelectuais" para todos os gostos e feitios. Tal como temos políticos que ganharam eleições apesar de muitos desses "intelectuais" os fadarem à desgraça e à humilhação. Foi assim com Sá Carneiro em 75 e 79, com Soares em 75, 83 e 86, com Eanes em 80, com Cavaco anos a fio, com Sócrates em 2009 ou com Passos em Junho último. As elites deste regime são uma coisa que passa pelos rodapés das televisões e pouco mais. Como "respaldo", chega e sobra.

10.7.11

HARDLY

Para quem não dá demasiada importância ao "meio" - a célebre maioria silenciosa de que falava o outro - o fim de um jornal, mesmo tablóide e inglês, é irrelevante. Quando acabou o "nosso" 24 Horas, e apesar de não consumir o género, não apreciei. Não gosto de ver fechar um jornal. Mas o caso do News of the World é, tipicamente, um case study. Sobretudo depois ter merecido intervenções públicas embaraçadas de dirigentes políticos ao nível de um chefe do governo de Sua Majestade. Procurei, procurei, procurei mas só na prosa do poeta e cronista Manuel António Pina encontrei uma "chave" verosímil para este "soneto" pouco british. «Ao contrário do que pode julgar quem só vê o lado de cá das câmaras de TV e dos jornais, não somos todos, jornais e jornalistas, bons rapazes. Como no Reino Unido, também entre nós a concorrência, a cultura dominante do dinheiro e da competição sem regras, juntamente com a precariedade e vulnerabilidade profissionais em que se exerce hoje o jornalismo, constituem (já o tenho dito outras vezes) um caldo de cultura propício à delinquência deontológica. A condescendência corporativa e a inoperância da auto-regulação fazem o resto. Talvez seja injusto, mas suspeito que, se estalasse entre nós um escândalo como o do NoW, dificilmente faria manchete nos outros jornais.» Hardly, em inglês.

26.6.11

E SAIU-LHE OUTRA

«José Pacheco Pereira classificou hoje Mikhail Gorbachov como "um caso muito interessante de um político que quis fazer uma coisa e saiu-lhe outra".» Pacheco, à sua medida, também é assim. Na política doméstica quis fazer uma coisa - como presidir a câmaras municipais - e saiu-lhe outra. Está na hora do quarto volume sobre Cunhal. Isso sai sempre bem.

18.6.11

A VIDA DAS PESSOAS

O meu amigo António José Seguro afirmou que o PS tem uma "imensa sensibilidade social". Pois, António, não lhe serviu de nada. Tanta tagarelice de campanha, e não só, sobre o "estado social" e eis que ele chegou ao que chegou. Para além disso, ninguém, muito menos o PS dos últimos anos, possui o monopólio da sensibilidade social. Esta não se reduz a uma convenção para agitar no combate partidário tipo "a minha é maior do que a tua". É, secamente, a vida das pessoas.

15.6.11

CONTRA AS BUCÓLICAS


Passadas as fúrias do "facciosismo" eleitoral e comunicacional (do lado de lá do ecrã e do lado de cá, do espectador comprometido), o programa Prova dos 9 da tvi24, moderado por Constança Cunha e Sá - com Santana Lopes, Medeiros Ferreira e um Fernando Rosas cabotinizado do alto dos seus pequeninos 5% de Bloco - poderá tornar-se no mais conseguido espaço de debate político televisivo para os próximos tempos. E derrubar, não tanto em audiências (e que importa esta treta?) quanto em matéria-prima para meditar e em vivacidade perspicaz (mesmo na sua cabotinice contumaz, Rosas, por vezes, vai lá), a anacrónica "quadratura" da sicn. Esta já cansa. Por demasiado sistémica e por estar irreversivelmente contaminada pelo chamado "pensamento que calcula" em torno de si mesmo. Vem tudo nos antigos e no Heidegger que os leu, seguramente, com a maior das atenções.

14.6.11

O QUE É UM POLITÓLOGO?


O Pedro Magalhães está equivocado. "Politólogo", nos últimos tempos, foi sinónimo de: «"tudólogo", i. e., um especialista em "tudologia", uma ciência que permite abordar os mais diversificados temas consoante as necessidades ocorrentes de distracção da opinião pública; a versatilidade do "p./t." é mais ostensiva nas televisões onde, aliás, a maior parte deles obteve o respectivo diploma científico após a frequência obrigatória de um estágio (remunerado e não remunerado) na antiga escola de virtudes políticas, "O Socratismo", recentemente encerrada para remodelações; o "p./t." distingue-se de categorias afins pela sua rara capacidade de adaptação ao clima político e pela quantidade de teses que, em apenas duas semanas, conseguiu produzir em torno do conceito "Empate Técnico"; é frequente o "p./t." oscilar entre a "tudologia" activa (o "p./t." activo) e a "tudologia" passiva (o "p./t." passivo) conforme a disponibilidade no acesso/divulgação da informação, desde a crise financeira ao futebol de salão; o "p./t" stricto sensu é aquele que é, ele mesmo, "a" informação; pop.: língua de pau»

8.6.11

VOZES PARA OUVIR NA NOVA LEGISLATURA, 2

Como se indicou aqui, a noite político-informativa da tvi24 às terças-feiras vale a pena ser acompanhada. M.M. Carrilho começou por, adequadamente, mencionar dois putativos sucessores de Sócrates como membros da "guarda pretoriana" daquele até ao fim. O putativo nº 1, Costa, preferiu a segurança da Câmara de Lisboa e da "quadratura" às dificuldades presentes. Esperará por melhores dias em regime de sinecura. Assim, fica aberto o caminho ao putativo nº 2, Assis, que levou o ex-querido líder em ombros até ao cemitério, para recorrer a uma expressão de Medeiros Ferreira (como Costa, aliás, que Medeiros disse apreciar bastante apesar de ter sido dos mais firmes condutores do "morto" e velador semanal dele quando era vivo: até lhe escreveu a última moção). E a Seguro, que não concorre em nome do "Zé, estamos contigo!" do último congresso albanês. Por falar em PS, Pedro Santana Lopes disse, e bem, que está à espera de ver "comentada", com pelo menos idêntico fervor, a percentagem de votos alcançada por Sócrates em 2011, inferior à dele em 2005 e à de Ferreira Leite, em 2009. Mas isso, no estado actual da "acção comunicacional", ainda é pedir muito.

31.5.11

VOZES PARA OUVIR NA NOVA LEGISLATURA

Três delas - eu sei, eu sei - passam regularmente às terças-feiras à noite, entre as 22 e meia-noite, na tvi24. Manuel Maria Carrilho, Pedro Santana Lopes e Medeiros Ferreira. Têm dias, eu sei. Mas à medida que o deserto cresce (Nietzsche) é preciso separar que é o que criticar, etimologicamente, quer dizer. E a estes três (eu sei) separo-os quando eles separam.

25.5.11

A POSSIBILIDADE DE UMA IDEIA DE CIVILIZAÇÃO


O que falta em autoridade nas escolas, nas ruas (salvo na obsessão persecutória contra os condutores de automóveis na cidade), nas famílias - em suma, a falta de uma coisa que um jurista famoso apelidou de sentimento jurídico colectivo - sobra em propaganda destemperada, em criancismo brutal, em engraçadismo idiota. A violência evidenciada alarvemente na internet é um sintoma demasiado burgesso disso. Quando a correcção política e social sai do papel e pára em pessoas (não exactamente em pessoas, antes em pedragulhos com olhos) desfaz-se o mito do "bom rapaz" e do "bom selvagem" alimentado desde sempre pela pior filosofia política, a do optimismo antropológico, que consegue, até, descortinar crianças num boi, numa vaca ou num penedo. É indispensável baixar a idade da imputabilidade penal. Se os monstros e monstras têm idade suficiente para "brincar aos médicos", para vadiar em vez de ir à escola, para incomodar os outros com a sua grosseria de bando, então não são eles quem está "em risco", essa desculpa "democrática" inventada por brigadas "multidisciplinares" e "comissões" criadas a torto e a direito para nada. Quem está em risco é a sociedade. E a possibilidade de uma ideia cada vez mais reduzida de civilização.

30.3.11

VOCÊ NA TV DA CRISE


As televisões - sobretudo as ditas "noticiosas" - decidiram brindar os espectadores com verdadeiras torrentes de comentadores. Ainda as cadeiras não esfriaram e já lá estão sentados os comentadores que se seguem e assim sucessivamente. Se há bola (e há bola todos os dias), "intervalam" com os da bola para de imediato entrar nova dose. Com a "crise", a avalanche comentadeira adensou-se. Esta frivolização da opinião que se publica e que fala, ainda nem sequer começaram oficialmente as hostilidades eleitorais, é má. Má para quem a pratica e péssima para quem vê e ouve. Daqui a uns dias, ninguém os pode ver e ouvir. Se repararmos com atenção, os escolhidos são invariavelmente daquilo a que agora deram em apelidar de "arco da governação", mesmo com poucas excepções provenientes da "zona libertada" desse "arco" (no caso do PS, Carrilho e Medeiros Ferreira; do PSD, Morais Sarmento). O PC, salvo através de Octávio Teixeira com muitas intermitências, é notoriamente excluído em prol de uma qualquer luminária menor e fashion do Bloco. O CDS aparece de quando em quando pela voz do "independente" Bagão Félix (Lobo Xavier já faz parte do registo "língua de pau" por diversos motivos e apesar das suas qualidades). E o PS socrático está quase sempre bem representado quer pelo edil Costa, quer por Assis, quer por umas criaturinhas deputadas do sexo feminino e por alguns adversários partidários que acabam a "jogar" o jogo socrático, por acção e por omissão. Para recorrer ao termo do filósofo Gil, estão todos devidamente "inscritos" num jargão nada adversariante e irritantemente regimental. O referido "arco da governação" é, assim, o "arco da televisão" e vice-versa. Por exemplo, a tvi24 promove hoje um "debate" estilo Fatinha Campos Ferreira com "painéis" onde entram todos os seus comentadores oficiais e oficiosos. Parece que toda a gente aspira a imitar a estafada "quadratura do círculo" quando forem grandes. É ruído a mais, e que me desculpem os participantes que são meus amigos e que prezo. Para usar uma expressão do livro da foto (a que recorrerei muitas vezes nos próximos tempos), eles sentem-se bem «com o mundo vulgar do compromisso humano» e apreciam atirar-se «para a corrente das coisas». Bom proveito.

25.3.11

A MATILHA

Se forem convocadas eleições, temos dois meses garantidos de tudologia e de ambiguidade tóxico-politológico, a «vociferante matilha do espectáculo» como lhes chama Sloterdijk.