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7.3.11

NÓMADAS E SEDENTÁRIOS


O regime angolano de José Eduardo dos Santos proibiu uma manifestação, aparentemente contra o dito regime, convocada através do colorido anonimato da net (facebook et al). Pelo sim e pelo não, até deteve algumas pessoas mesmo sem a certeza de haver uma manifestação. A cleptocracia angolana tem no regime português um dos seus mais notáveis aliados. Dizem que são os negócios e que nunca é a política. Como se houvesse pai natal. Interessante será agora reparar naqueles que andam, há semanas, com corrimentos por causa das manifestações "libertadoras" no Médio Oriente. Ou será que, uma vez que "Angola é nossa" e nós somos de Angola, as manifestações "libertadoras" são todas iguais mas há umas mais "libertadoras do que as outras e não se fala mais nisso?

23.6.10

A MODA ÚNICA


Proibir o uso da "burca" é tão estúpido como vetar crucifixos em escolas ou hospitais. Aliás, são "ideias" comuns aos mesmos dominantes estafermos da correcção, à esquerda e à direita.

29.6.07

A CONVERSA


Ao fim do dia de ontem, no meio de uma paisagem "silenciosa e estática" na Caloura, em São Miguel, escutava - porque não o via, a sala já estava cheia quando cheguei - José Medeiros Ferreira. Ia a meio da apresentação do livro do seu conterrâneo Daniel de Sá, O pastor das casas mortas (Veraçor Editores). De repente lembrou-se de mencionar o filme absoluto sobre a impossibilidade do amor, Esplendor na Relva, qualquer coisa a que, anos mais tarde, Marguerite Duras viria a apelidar de "luto do amor". Todo o amor é luto do amor, escrevia a Duras, para ser preciso. E Medeiros Ferreira falou desse filme, do livro e do "amor na hora certa". No filme - não li este livro - os dois protagonistas voltam a encontrar-se, anos depois da passagem da "hora certa" que falharam. Eram eles, os mesmos, sem o sentimento. O sentimento deixara de existir. Ficara apenas a recordação, o luto do amor. Sim, o amor também pode ser isto, "o pastor das casas mortas". Depois falámos das liberdades públicas à luz do fabuloso crepúsculo açoriano. Mas essa é a conversa para os próximos meses. Infelizmente.

8.3.07

O DIREITO À INOCÊNCIA


Não me passa normalmente pela cabeça recomendar livros de ou sobre direito. De qualquer forma, este ensaio de Fátima Mata-Mouros merece ser lido por qualquer cidadão interessado em saber da sua vida e por duas simples razões. A primeira, decorre do espalhafato com que os media - tv's e jornais - acusam e absolvem quem quer que seja com uma presunção insuportável e deontologicamente discutível. Só a título de exemplo, e por ser mais remoto, lembro o espectáculo montado em permanência à frente da penitenciária de Lisboa quando o deputado Paulo Pedroso esteve detido. Foi dos raros momentos em que estive de acordo com António Guterres que, ao sair de uma visita ao seu antigo ministro, colocou literalmente em sentido a histeria idiota dos "profissionais" de serviço: "não sejam ridículos". A leviandade e a ignorância manifestadas em tantas "peças" jornalísticas de incidência judiciária recomendam, à partida, a leitura deste livro. Depois - e nunca é excessivo recordá-lo - até prova e condenação em contrário, todo o arguido se presume inocente. "Telenovelizar" um processo judicial é o pior serviço que se pode prestar à justiça material e aos direitos dos cidadãos. As audiências e o protagonismo, por muito sul-americanos e coloridos que sejam, não justificam tudo. A ética não consiste apenas em estar à altura do que nos acontece, mas igualmente em não forjar o "acontecimento" antes dele acontecer.