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9.8.11

O "CASO ZIZEK"


Concordo que o Bernard Henri-Lévy tem os seus momentos de cabotinismo, Carlos. Mas o Zizek parece-me que os tem com menos intervalos.

14.3.11

RANCIÈRE


Para quebrar a vulgaridade doméstica por uns instantes. «Je ne dis jamais ce qu'il faut faire ni comment le faire. J'essaie de redessiner la carte du pensable afin de lever les impossibles et les interdits qui se logent souvent au coeur même des pensées qui se veulent subversives.»

28.9.10

LÓGICA


Wittgenstein não tinha meramente génio ou o sentido do dever do génio. Tinha dinheiro, era meticuloso e não suportava chatos: estúpidos ou intelectuais. Dava-se ao luxo de deambular, num "silêncio agitado" como um "animal selvagem", três horas seguidas diante de um Bertrand Russell perplexo e apaixonado por uma sujeita com um nome improvável (Ottoline), discorrendo. «É sobre lógica ou sobre os seus pecados que está para aí a falar?», perguntou-lhe o outro. «É sobre as duas coisas.» E com isto acordei. Tem lógica.

17.9.10

UM LIVRO

«Um ensaio sobre acção, explicação e racionalidade.» Tudo, em tudo, o que faz falta.

17.11.09

DIZER OU NÃO DIZER


«Pode dizer-se em certas circunstâncias: "Enquanto falava, tive a sensação de que o dizia a ti." Mas eu não diria isto se estivesse a falar contigo.»

Wittgenstein, Investigações Filosóficas

31.10.09

COMO UMA DOENÇA


«Um filósofo trata uma questão como uma doença.»

Wittgenstein, Investigações Filosóficas

30.10.09

A QUEM DIGO

«Pode dizer-se em certas circunstâncias: "Enquanto falava, tive a sensação de que o dizia a ti." Mas eu não diria isto, se estivesse a falar contigo.»

Wittgenstein, Investigações Filosóficas

28.10.09

O PADRÃO ESPECIAL


«A simulação é, claro, um caso especial de uma pessoa produzir (por exemplo) uma expressão de dor sem ter a dor. Se isto é de todo possível, por que é que tem de haver então simulação - este padrão tão especial no fio da nossa vida?»

Wittgenstein, Investigações Filosóficas

11.10.09

REFERÊNCIAS, RESISTÊNCIAS


«We are offered things or truths. What we have lost is persons.» (Iris Murdoch, The Sublime and the beautiful revisited). Murdoch referia-se à literatura. Eu refiro-me a tudo. É essa a vantagem da literatura. Refere-se a tudo. Até breve.

1.10.09

PARADIGMAS


Não sei se, como escreve Richard Rorty citado na contracapa, se trata do mais influente livro de filosofia da segunda metade do século XX. É, seguramente, um deles.

23.9.09

"TODAS AS COISAS DIGNAS DE ATENÇÃO SÃO TÃO DIFÍCEIS QUANTO RARAS»*


«"O animal defende a queima de livros", terá dito Carrilho para Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros e diplomata atento aos pormenores, como aquele de conseguir distinguir o centro de detenções de Guantánamo da base militar de Guantánamo. "De acordo, de acordo. Mas só os escritos por judeus...", terá respondido o rigorista cofiando a barba. "Além disso, andamos a ver se o Egipto nos dá uma mãozinha para entrarmos no Conselho de Segurança... Imagine o prestígio que isso traria a Portugal!" E foi quando Carrilho suspirou, lembrou-se do Heine e teve saudades da filosofia moral de Kant.»

Meditação na Pastelaria

*Spinoza, Ética

19.9.09

AS TRICOTADEIRAS DA FELICIDADE PÚBLICA


«Uma república onde não caibam os poetas não lembra ao diabo e talvez só lhe sirva a ele. Todavia, lembrou a Platão. Entendeu que do seu mundinho perfeito deveriam ser expulsos Homero, Ésquilo, Píndaro e Sófocles, só para citar alguns dos gigantes sobre cujos ombros ele, o contador de Sócrates, assentava. É certamente digno de riso e mereceu bem todos os sarcasmos abençoados que Diógenes lhe dedicou. Isto não retira grandeza a Platão, apenas lhe retira algum brilho. Ou, melhor dizendo, apenas lhe confere um lado sombrio, como é próprio dos astros que gravitam em redor das estrelas. As suas destilações políticas, de resto, são o mais pobre que a sua filosofia tem, não tanto ao nível do diagnóstico, mas de todo ao nível da terapia. E aí inaugura uma galeria de tecelões da utopia e tricotadeiras da felicidade pública que teve no hirsuto Marx o último - tanto quanto o mais rasteiro e lamentável - dos epígonos. Platão, aliás, como castigo (ou recompensa), merecia visitar, em peregrinação turística, a União Soviética das sistemáticas purgas e atestar, na realidade concreta, da excelência das suas receitas. Entretanto, podemos constatar como esta "educação pela fábula" nunca foi tão efectiva e exuberante como nestes nossos dias. Dispenso-me de enunciar algumas das principais. Quem tiver olhos que veja; quem tiver coração que pense.»

Dragoscópio

13.9.09

IGUAIS E LEAIS


A melhor Bomba. «A amizade completa só é possível entre seres iguais. Não, nem sequer entre seres semelhantes ou parecidos: é mesmo iguais.» E leais. Porque muitos dos nossos amigos (sem aspas) possuem todas as qualidades dos cães menos a lealdade.

31.8.09

A FENDA


«É quando tudo vai bem, ou tudo vai melhor na outra linha, que a fenda se dá nesta nova linha, secreta, imperceptível, marcando um limiar de resistência, ou a ascensão de um limite de exigência: já não se suporta o que se suportava antes, ainda ontem; a repartição dos desejos mudou em nós, as nossas relações de velocidade e de lentidão modificaram-se, assalta-nos um novo tipo de angústia mas também de nova serenidade.»

Gilles Deleuze/Claire Parnet, Diálogos

28.8.09

«ESSE EST PERCIPI (AUT PERCIPERE)»


Mais uma boa "meditação na pastelaria". «Entre o bispo George Berkeley e o agnóstico (?) José Sócrates não hesito: janto com o primeiro.»

17.8.09

PERGUNTAR


«... perguntas que qualquer um de nós perceberá: ‘porque razão as pessoas boas sofrem?’; ‘poderá uma máquina pensar?’; ‘as pessoas serão responsáveis pelo que fazem?’; ‘por que razão é mau mentir?’; ‘como sabemos que as nossas experiências representam correctamente o mundo?’, etc.» Ou "a prova de que um compêndio de filosofia não tem necessariamente de ser escrito por idiotas nem para idiotas."

in Meditação na Pastelaria

7.8.09

«TENTAR ENCARAR A COISA FILOSOFICAMENTE»


«Anda para aí um gajo, pá, que virou-se para outro e disse assim: pá, bora discutir a obra toda do Rorty? E um gajo aqui pensa: hã? Ao menos, podia ser a do Coleridge, do Kleist, do Strindberg, pronto, pá, ou uns excertos do Eça, do Carducci, do Sterne, vá. Se o gajo mesmo assim fizesse birra, pronto, a gente dava Ockham ao menino, um niquinho de Bergson, que a obra toda dava-me muito trabalho agora ir ler (que raio de língua é esta?).(?) Melhor: dizia-se assim, doutor - só me dá vontade de rir -, vomite aí o Hegel ou a theory of comunicative action (em inglês, a língua de Platão, Malebranche e Schiller), ou lá o que era aquilo, do Habermas, para a gente rir mais um bocadinho e adormecer. Isto era tudo muito giro, não fosse o gajo dizer: a malta não é imbecil. Lá agora. Ocorreu-me que esta nabiça mandou a boca da virtude àquele balofo de barbas, o Aristóteles explica e não sei quê; ora, que eu saiba, e sabe Deus que eu nunca li nadinha do Aristóteles, a gente para dizer uma coisa destas tem de ler o Homero todo, e, já que estão todos se cagando para o Teógnis e para o Píndaro, o Platão todo. Porque, como qualquer leitura desatenta da Ética ao Nico, da Política, dos Analíticos Posteriores e das coisas que o Platão escreveu demonstra, o pensamento destas duas alminhas assenta na ética aristocrática da Grécia arcaica e a palavra certa não é "virtude", mas "arete". E, para isso, ignorante dum cabrão, não é preciso ir ler o Aristóteles; basta olhar para Aquiles.»

25.6.09

FOUCAULT OU O OLHAR RETROSPECTIVO SOBRE A VIDA

Falhou, por manifesta falta de comparência dos leitores (com uma honrosa excepção), a minha "ideia" de celebrar Foucault. O que me leva a perguntar se vale a pena comemorar Foucault, vinte e cinco anos após a sua morte. Maurice Blanchot chamava-lhe «um homem em perigo» e um «solitário». Perigo, enquanto homem Michel Foucault, o "amigo que (anos mais tarde) não me (a Hervé Guibert) salvou a vida". Perigo enquanto filósofo ocupado com o "cuidado de si", a única verdadeira preocupação da filosofia: cura sui ou epimeleïa heautou. Com os "discursos verdadeiros" e "racionais", os logoï : «são eles que nos permitem enfrentar o real.» Homens assim estão permanentemente na sombra da vida e da morte, iluminando-as. Não são, pela natureza deles e pela nossa, comemoráveis. Os cerca de doze anos de cursos (a "história dos sistemas de pensamento") no Collège de France constituem o Foucault essencial. A primeira lição, proferida a 2 de Dezembro de 1970, já introduz o "solitário homem em perigo". Foucault disse aí aos seus alunos que gostaria de se «insinuar subrepticiamente no discurso» que ia proferir naquele dia «e nos que deverei pronunciar aqui talvez durante dez anos.» Foram mais dois. A doença não lhe permitiu muito mais. Depois de escritos alguns dos mais tortuosos (porque geniais) parágrafos da sua (nossa?) filosofia, Foucault largava tudo para entrar perigosamente na "noite do mundo". O Outro, afinal, era um simples outro qualquer, a vida e morte juntas num só enunciado. «O que constitui o valor particular da meditação sobre a morte não é somente que ela antecipa aquilo que a opinião, em geral, representa como a maior das desgraças. Não é somente por permitir que nos convençamos que a morte não é um mal. É que ela oferece a possibilidade de lançar, digamos, por antecipação, um olhar retrospectivo sobre a própria vida.»

FOUCAULT, 25 ANOS APÓS A SUA MORTE


«O Orientalismo romântico de Foucault», podia muito bem ser o título deste livro, que coloca, a partir de uma perspectiva feminista e de esquerda, questões profundas e particularmente incómodas sobre o pensamento de Foucault e a sua crítica enviesada da modernidade. Sendo um dos autores canónicos do actual pós-modernismo nas Ciências Sociais e Humanas, o assunto é tanto mais curioso quanto Michel Foucault ganhou fama pela sua «filosofia da suspeição» e pela «desconstrução» das grandes narrativas e utopias ocidentais. Ironicamente, Foucault, o «desconstrutor» e «genealogista», afinal também tinha a sua utopia romântica. Qual era? Vejamos os acontecimentos. Com o início da revolução iraniana, Foucault decidiu visitar o Irão para assistir ao desenrolar desta, que foi objecto do seu particular interesse e entusiasmo como intelectual «engagé». Na sua deslocação ao Irão assumiu um papel de jornalista de investigação, funcionando como correspondente especial do jornal italiano «Corriere della sera». Publicou também algumas das suas peças jornalísticas na imprensa francesa, nomeadamente no jornal «Le Monde» e na revista «Nouvel Observateur». Nesses textos, Foucault retratou de forma quase entusiástica o movimento islamista iraniano liderado pelo Ayatollah Ruhollah Khomeini, vendo-o como uma nova forma de «vontade política», perfeitamente unificada, que abria «uma dimensão espiritual na política». Isto, em contraste com as «cruéis, selvagens, egoístas, desonestas e opressivas sociedades» criadas pelo moderno capitalismo liberal. Como realçam Janet Afary e Kevin B. Anderson, uma ilação profunda resulta do episódio iraniano de Foucault e não está apenas relacionada com este pensador. A ilação é particularmente importante para a actualidade e está relacionada com o fenómeno geral do «fundamentalismo religioso», mostrando a existência de um bloqueio intelectual que afecta várias correntes da esquerda política, impedindo uma resposta adequada a este.»

José Pedro Teixeira Fernandes