
«Qual é hoje o alinhamento dos inimigos da Igreja? Seria preciso o génio do franco-britânico [Hilaire Belloc (1870-1953) o pequeno volume de 1929 Survivals and New Arrivals. The Old and New Enemies of the Catholic Church (reedição Tan Books, 1992; www.ewtn.com/library/ANSWERS/SURVIV.HTM )] para responder à questão, mas algo pode ser dito. A sua estrutura permanece válida. Não há dúvida de que a oposição principal dos anos 20 está reconduzida à condição de sobrevivente, enquanto o ataque avassalador vem agora do neopaganismo triunfante. A sua influência manifesta-se precisamente no aspecto que o autor antevira: o combate contra a família e a vida humana. Belloc não tinha dúvidas em 1929 de que o neopagão "toma o homem como um animal. Para já faz do casamento um simples contrato civil dissolúvel pelo consentimento de ambas as partes. Em breve terá de o fazer dissolúvel pela vontade de apenas uma. (...) Podemos dizer que a facilidade e frequência do divórcio são o teste da medida em que uma sociedade antes cristã avançou para o paganismo" (p. 137). É impressionante o rigor fotográfico com que a nossa sociedade foi retratada à distância. Talvez o leitor queria tentar a sorte na identificação dos recém-chegados. Belloc, pelo seu lado, identificou na linha que traçara um hiato, uma oportunidade inesperada: o embate da fé católica com o neopaganismo pode ter o mesmo desfecho que na Antiguidade teve o choque com a versão original. "Não posso acreditar que a razão humana irá permanentemente perder o seu poder. Ora a fé é baseada na razão, e em todo o lado fora da fé o declínio da razão é patente" (p. 167).»
João César das Neves, via Povo
João César das Neves, via Povo