Mostrar mensagens com a etiqueta museu de arte antiga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta museu de arte antiga. Mostrar todas as mensagens

30.8.07

DALILA, CAVACO E MENDES OU A FÁBULA DO GATO E DO RATO

José Pacheco Pereira colocou-se ao lado dos dois comissários ex-PC que o PS instalou na Ajuda, contra Mendes e Cavaco, por causa de Dalila Rodrigues, a directora corrida do MNAA. Acusou-a de falta de lealdade e de, no fundo, ser pouco institucional e isenta. Os outros dois também, já que não deviam apaparicar uma despeitada e desrespeitadora da hierarquia. Vasco Pulido Valente tinha exibido a mesma opinião, ou seja, que os altos funcionários do Estado são meros servos acéfalos de Napoleão que comem, calam, se demitem ou são demitidos. Não estão lá para ter pensamento próprio ou exigir o que quer que seja. Inserem-se numa respeitosa hierarquia que deve ser preservada a bem do conceito abstracto de nação que, até prova em contrário, se presume representado pelo governo. Muito bem. Dalila tem ar de "tia" e bom aspecto, e isso paga-se no meio da cultura no qual é suposto as mulheres aparentarem, no mínimo, um ar de camionistas envergonhadas, usar calças ou túnicas até aos pés calçados com sabrinas. Dalida foi excessiva nas críticas à académica Pires de Lima e, em Portugal, não se deve criticar os académicos. Aliás, a professora, como lhe competia, nunca se dignou responder. Respondeu demitindo previamente e com apenas um mês de antecedência. Até na saloia manifestação napoleónica, Pires de Lima não conseguiu cumprir a lei nem a antecedência requerida para o dejecto. Nestas coisas, e ao contrário de JPP e de VPV, sou pouco ou nada institucional. Dalila foi apanhada no meio de um episódio político e respondeu politicamente. Foi tosca? Se calhar foi. E Cavaco e Mendes também responderam politicamente. Não foi um famoso dirigente chinês que afirmou ser-lhe indiferente a cor do gato desde que apanhasse o rato? Nunca fui maoísta mas julgo que o respectivo cálice deve ser bebido até ao fim.

Adenda: Este post do Pedro Picoito. De facto, qual é a diferença entre o líder da oposição ir visitar o MNAA ou um hospital e ser acompanhado pela respectiva direcção? Os museus são do governo ou são nacionais? Pelo menos no museu não lhe foi negada a entrada como num hospital do SNS não sei onde em que a diligente administração não quis desagradar a quem lá a enfiou.

5.8.07

O TEMPO E AS ALMAS


Não sei quantos directores de museus públicos vieram "demarcar-se" - com as calças na mão e a cauda a abanar em direcção à Ajuda - de Dalila Rodrigues, a demitida directora do Museu de Arte Antiga. Faz lembrar uma "história" contada nas "memórias" de José Hermano Saraiva, passada com António José Saraiva e Jacinto do Prado Coelho, no outro regime, com outra gente, mas em semelhante registo atento, venerando e obrigado. "Padrinho do filho, licença pedida para o poder tratar por tu, admiração imensa - e aqueles dois artigos no jornal a denunciar o António como comunista. Os pseudo-críticos, foi o título que deu a essas denúncias torpes. Ambos visavam o provimento numa única vaga na Faculdade. No clima do tempo, era evidente que um candidato publicamente denunciado como comunista não obteria a chancela da PIDE, o nihil obstat inevitável para se ser admitido a concurso. O resultado foi esse mesmo. É nesse momento que se desencadeia a perseguição policial que destruiu a vida privada do António."

2.8.07

GENTE SEM PALAVRA


Mais importante do que o dinheiro é a palavra. A palavra dada. Estive atento à entrevista de Dalila Rodrigues a Mário Crespo, a directora de saída do Museu de Arte Antiga, mais uma "vítima" dos dois estranhos comissários instalados na Ajuda em nome da "cultura" oficial. Bairrão Oleiro, o presidente do Instituto dos Museus e Conservação desde 2002 - fui à posse dele, ao referido Museu, nessa altura, em representação da direcção do São Carlos de que fazia parte - nem sequer é mau rapaz. É - prova-o o decurso do tempo - um sobrevivente. E, como reza a história, um sobrevivente em cargos de nomeação política deve fazer de morto. Bairrão nem precisava prestar-se a este mau serviço: chamar a directora do Museu e despedi-la com um mês de antecedência com a desculpa de que ela "pôs a boca no trombone". De facto, talvez em Abril de 2005, colocou-se a hipótese de ser indicado para vice-presidente do então Instituto Português de Museus. Duas a três conversas com Isabel Pires de Lima, uma das quais num almoço agradabilíssimo, foram adiando o propósito. Até hoje. Recordo que alguém bem informado em matéria de PS me soprou que Oleiro, apesar de posto no cargo por um governo PSD/CDS, era efectivamente do PS. Que eu o "tratasse bem". Nunca o cheguei a conhecer. Coisas de gente sem palavra, tão diferente dos representados nos painéis da foto.