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30.8.09

A EDUCAÇÃO BESTIAL OU O "PORREIRO, PÁ" ENSINADO ÀS CRIANCINHAS


«O Governo entendeu por bem pôr termo a esta atávica falta de educação sexual nacional. Mas, se pega a moda do Estado pretender ensinar o que é óbvio e natural, em vez do que é elevado e racional, é de esperar que a reforma educativa não se fique pela sexualidade. Falta, por exemplo, uma disciplina de educação respiratória, porque há quem não saiba inspirar e expirar em condições. O mesmo se diga da educação digestiva e de todas as outras expressões das mais básicas necessidades do nosso organismo. Em suma: a introdução da educação sexual não é uma simples alteração cosmética da política educativa, mas o início de uma nova era, a vanguarda de uma autêntica revolução. Abaixo o Português e a Matemática e viva a Educação Sexual! Abaixo a cultura e viva a educação animal! Abaixo a educação humanista e viva a educação "bestial"! A propósito, não será por falta de educação sexual que o lince-ibérico está em vias de se extinção?! Se os homens, que em princípio são animais racionais, têm necessidade, no sábio e prudente entendimento dos nossos governantes, de uma aprendizagem que assegure a sua reprodução, com mais razão os animais irracionais precisam de uma formação específica que os ensine a procriar. Crie-se, pois, sem mais demora, a Escola C+S da Malcata e imponha-se aos linces a frequência obrigatória das respectivas aulas de educação sexual: é a única solução capaz de impedir o seu dramático desaparecimento.»

Gonçalo Portocarrero de Allmada, Público

30.1.07

DA CASTIDADE


Antes de prosseguir, fica estabelecido que sou católico. Frequento solitariamente a igreja quando me dá na gana e, de vez em quando, assisto à missa. Não o faço ao domingo nem em dia certo, não comungo e confessei-me duas vezes na vida, a última quais serviu praticamente para perguntar à voz que me ouvia do outro lado o que é que devia dizer. Vagamente, lá para o fim, mencionei os chamados "pecados da carne" como uma inevitabilidade. Tudo junto valeu-me, se bem me lembro, cinco "padres-nossos". Julgo que a Igreja não tem a mínima dúvida que as suas "ovelhas" pecam escandalosamente. Aliás, sentem-se mais aliviadas do que as desprovidas de fé já que sabem que serão presumivelmente perdoadas. Todavia, e ao arrepio da minha fé que concebo num plano completamente distinto, não creio que exista ou deva existir uma "moral sexual" e uma imposição normativa de comportamentos a esse nível. Por isso, quando D. José Policarpo defende a educação sexual orientada preferencialmente para a castidade, sabe que está a produzir um oxímoro. A sexualidade pressupõe, para ser saudável, o "outro". E nem sempre pressupõe procriação ou um "outro" de sexo diferente. Ou, muito menos, uma vida inteira de abstinência ou de apoteose da mão. É inerente à sexualidade o prazer - mais do que o "amor " ou a "paixão" - e não há que ter medo disso. Educação sexual significa esclarecimento, abertura, responsabilização, informação e protecção da saúde pública e privada. Orientá-la para a castidade, com o devido respeito, é contrariar a natureza das coisas. É o mesmo que pedir a alguém com sede que evite beber ou a alguém com fome que evite comer. Nestas matérias, para além de católico, sou sobretudo romano. Defender a vida também significa defendê-la plenamente e vivê-la com um módico de qualidade. Isso passa pelo "outro" por mais que o "outro" seja cruz ou salvação, uma vida inteira ou em apenas meia-hora.