
Eduardo Pitta leu em tradução espanhola a "autobiografia" do filósofo italiano Gianni Vattimo (Non essere Dio - un’ autobiografia a quattro mani , Aliberti, 2006). Em rigor, é mais uma "biografia", escrita por Piergiorgio Paterlini, do que as "confissões" do autor de "O Fim da Modernidade". Vattimo vai falando e o outro vai escrevendo. Existe um "interlocutor" com quem Vattimo "monologa", o seu jovem namorado Stefano, e esse registo - que, aliás, aprecia exibir por vezes de forma desnecessariamente "débil", para usar um termo seu, nas discotecas de Roma - nem sempre o tem favorecido junto da opinião que se publica ou dos seus "pares". Vattimo, no entanto, convive bem com isso. Acaba, aliás, por reconhecer que «riescono - lo ammetto – a farmi sentire sempre un po’ fuori posto. Non c’ è niente da fare. Mi sento e mi sentirò sempre un parvenu.» Exagera, naturalmente. É um dos melhores pensadores do nosso tempo. Um católico "mezzzo credenti" como quase todos nós.