
O mandarinato autárquico não diz nada sobre isto?
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
«Nem um único Governo – em 155 anos – se atreveu a tocar na administração local. O mundo mudou, Portugal mudou. Só ela não muda.Porquê? Por várias razões. Primeiro, porque os partidos se alimentam dela. Os militantes que não conseguem encaixar nos ministérios (mesmo através das famigeradas e largamente nocivas “delegações regionais”) recebem a sua espórtula numa câmara qualquer ou em empresas municipais, que, só por si, sustentam com generosidade 2.000 e tal gestores (uma ligeira extravagância de que ninguém se apercebe). Depois, porque uma quantidade razoável de municípios se tornou uma espécie de propriedade privada de algumas “máfias”, sabiamente distribuídas pelo PS e pelo PSD. E, por fim, porque Lisboa suspeita, e suspeita bem, que o velho ódio ao “Terreiro do Paço” não desapareceu (anteontem, por exemplo, Fernando Ruas não hesitou em ressuscitar esse fantasma) e, conhecendo a fraqueza do patriotismo nacional, não quer declarar guerra ao patriotismo regional ou, pior ainda, ao patriotismo, de costume exaltado, de um concelho ou de uma freguesia. E assim, entre a miséria e a cobardia, por cá andamos.»