Nos finais de 2007, a então deputada do PC por Santarém, a D. Luísa Mesquita, "esqueceu-se" que tinha assinado um papelinho - costumeiro no PC - que dizia qualquer coisa como "o lugar de deputado não é teu, é do partido". Quando chegou a hora do partido o reclamar, a D. Luísa entendeu que o lugar, afinal, era dela e fez o pequeno número da "vítima independente" até acabar a legislatura. Infelizmente Santarém tem a presidir à sua câmara uma coisa chamada Flores e guarda a memória impoluta de Salgueiro Maia. O primeiro e Sócrates andaram por lá ontem a dar cabo dela - dessa memória - à conta de uma "fundação da liberdade" à qual vai presidir a D. Luísa. A senhora não esperou muito tempo para ficar refém de duas das piores emanações do regime, qualquer delas sem substância democrática que as recomende particularmente. E Salgueiro Maia merecia seguramente mais do que este trio infeliz.
Adenda (mail de leitor):
«Em 1971 vi, em Santarém, que é a minha cidade-berço, inaugurar uma legítima estátua em bronze ao mui-corajoso Pedro Álvares Cabral - fronteira ao hospital da Misericórdia e numa avenida honesta e rectilínea. Já no fim do séc. XX vi, numa visita aos meus progenitores, essa estátua ser substituída - no mesmo pedestal Estado Novo - pela de Salgueiro Maia (enquanto que o navegador Pedro era remetido para um qualquer depósito, "à espera"). Nos alvores do séc. XXI vi pedestal-e-estátua-de-salgueiro desaparecerem, enquanto que a honesta e rectilínea avenida era deformada, por uma utilíssima obra camarária, numa rotunda em forma de cona velha. Mais recentemente, vi a estátua de Salgueiro reaparecer à entrada do povoado, junto a um chaimite, sem pedestal e sem letras, e democraticamente colocada ao nível do passante - que assim pode colar auto-colantes, cuspir, bater, tirar fotografias cómicas - reduzindo assim Maia à categoria de boneco de feira. De Cabral nunca mais ouvi falar. Santarém-e-Moita arvoram, à entrada, o lema "Uma história de liberdade" num dístico já desbotado. Ontem Sócrates foi lá dar mais um golpe, distinguindo o município com mais três instituições inventadas e inoperantes; uma delas feita à medida de moita-e-mesquita. Sinistro.»
Adenda2 (outro mail de outro leitor):
Adenda (mail de leitor):
«Em 1971 vi, em Santarém, que é a minha cidade-berço, inaugurar uma legítima estátua em bronze ao mui-corajoso Pedro Álvares Cabral - fronteira ao hospital da Misericórdia e numa avenida honesta e rectilínea. Já no fim do séc. XX vi, numa visita aos meus progenitores, essa estátua ser substituída - no mesmo pedestal Estado Novo - pela de Salgueiro Maia (enquanto que o navegador Pedro era remetido para um qualquer depósito, "à espera"). Nos alvores do séc. XXI vi pedestal-e-estátua-de-salgueiro desaparecerem, enquanto que a honesta e rectilínea avenida era deformada, por uma utilíssima obra camarária, numa rotunda em forma de cona velha. Mais recentemente, vi a estátua de Salgueiro reaparecer à entrada do povoado, junto a um chaimite, sem pedestal e sem letras, e democraticamente colocada ao nível do passante - que assim pode colar auto-colantes, cuspir, bater, tirar fotografias cómicas - reduzindo assim Maia à categoria de boneco de feira. De Cabral nunca mais ouvi falar. Santarém-e-Moita arvoram, à entrada, o lema "Uma história de liberdade" num dístico já desbotado. Ontem Sócrates foi lá dar mais um golpe, distinguindo o município com mais três instituições inventadas e inoperantes; uma delas feita à medida de moita-e-mesquita. Sinistro.»
Adenda2 (outro mail de outro leitor):
«Só uma achega, a estátua de Pedro Álvares Cabral foi já há muito tempo colocada no larguito fronteiro à Igreja da Graça, lá em Santarém. E Santarém lá continua penando, como já Garrett se queixou.»