
Numa entrevista ao Público, Henrique Granadeiro - que foi o primeiro chefe da Casa Civil de Eanes certamente por engano do incumbente -, a propósito das negociatas que envolvem a PT (e não há meio de nos vermos livres de tão horroroso trambolho "estratégico"), afirma que «a fronteira não é entre o preço e a honra mas entre o preço e o futuro.» O "futuro", evidentemente, é um eufemismo e a "honra", posta nos termos em que Granadeiro a coloca, define um carácter e o estado catatónico a que chegou a natureza humana. Mais terra-a-terra, Teresa Guilherme explicou tudo uma vez - quem tem ética passa fome. Isso implica que, entre outras coisas, à honra se chame futuro. Quem gostar de viver nesta estrumeira moral, pode servir-se à vontade como se estivesse num Intendente de luxo. Como lá, as palavras têm apenas o sentido que o dinheiro aparentemente lhes confere.