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17.5.10

MALHÃO



Calhou passar a tarde de domingo a ver ranchos folclóricos. Dos legítimos. Este clip serve, assim, de homenagem a essa gente dedicada às suas terras e costumes, cá dentro e lá fora. E a um grande poeta que Amália cantou e que, na RTP a preto-e-branco, tanto "puxou" pelos ditos ranchos, Pedro Homem de Mello, que nasceu no Porto mas adoptou o grande Minho como sua terra. Vamos ver se, com isto, os nossos pobres monárquicos me deixam em paz. Experimentem que faz bem à mona e às vistas. (Com lembranças para o V. Batalha e para o Virgílio e em recordação de Tomaz Ribas)

10.10.09

AMÁLIA NO CAFÉ LUSO - 25 DE ABRIL DE 1952



Eu queria cantar-te um fado
Que toda a gente ao ouvi-lo
Visse que o fado era teu.
Fado estranho e magoado,
Mas que pudesses senti-lo
Tão na alma como eu.

E seria tão diferente
Que ao ouvi-lo toda a gente.
Dissesse quem o cantava.
Quem o escreveu não importa
Que eu andei de porta em porta
Para ver se te encontrava.

Eu hei-de pôr nalguns versos
O fado que é dos teus olhos
O fado da tua voz.
Nossos fados são diversos
Tu tens um fado eu tenho outro
Triste fado temos nós.

Autores: A. De Sousa Freitas/ F.Godinho ("Fado Franklin de Sextilhas")

O LUGAR DE AMÁLIA


Há para aí umas pindéricas que, à conta de Amália, são apresentadas como grandes fadistas e suas "sucessoras". São quase todas betinhas. E o que lhes falta na voz, sobra-lhes no dar à língua. Estão permanentemente a posar para entrevistas e são aproveitadas pelos poderes para abrilhantar tertúlias oficiais e oficiosas. No fundo pelam-se, as pobres parvinhas, pelo lugar de Amália. Sucede que o lugar de Amália nunca deixou de estar ocupado justamente por Amália. Quem gosta de Amália jamais a substitui por estas meninas bem comportadas todas feitas de frases feitas. Amália, para além da voz, tinha uma história e uma vida. Estas tipas são fabricadas como um vulgar secretário-geral de partido. Vão, pois, dar uma voltinha ao bilhar grande.

6.10.09

AMÁLIA: FICAR NO CORAÇÃO DAS PESSOAS*



Por trás do espelho quem está
De olhos fixados no meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao Deus dará
Deixando os olhos nos meus.

Quem dorme na minha cama
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama
E lá de longe me chama
Misturado nos meus sonhos.

Tudo o que faço ou não faço
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

(letra: Luís de Macedo; fado de Joaquim Campos)


*Em Abril de 1985, na sua casa à Rua de São Bento, passei uma tarde a "entrevistar" Amália para o Semanário. Por lá passaram o João Belchior Viegas (que "arranjou" a entrevista), Maluda e algumas daquelas pessoas a quem Amália nunca dizia que não. "Gostava de ficar no coração das pessoas" foi o título desse trabalho fotografado pelo Alberico Alves. Julgou que fico. Anos volvidos sobre isto, porventura a dois do fim, no Palácio de Belém, recordei-lhe o episódio. Amália sorriu. Afastou-se mas voltou atrás para me dizer "meu querido, reze por mim que estou muito doente". Talvez não fosse isso. Talvez fosse mesmo isto. Só isto. Cansaço.

11.8.07

NO CORAÇÃO DAS PESSOAS


Levei dois cd's de Amália Rodrigues para o carro. Não a ouvia há muito tempo. Num deles, ao vivo em diferentes locais, do Café Luso ao Japão, Roma ou Paris, percebe-se perfeitamente por que é que Amália tinha génio. Andam por aí uns betinhos e umas betinhas que passam por fadistas e que se reclamam da herança da fadista. Eu, que acho que não sou surdo, não vejo possibilidade de comparação. Amália nunca foi uma mulher frágil como estes novos "sensíveis" querem parecer que são. Vinda do "povo", tinha os pés bem assentes na terra, sabia muito bem o que queria e era uma mulher muito inteligente. Teve dois regimes e diversos papalvos a seus pés. Tirando o folclore ou o repertório internacional, nenhuma letra cantada por si o foi ao acaso. Entrevistei-a, em 1985, na sua casa da Rua de S. Bento. Explicou-me por que é que o fado se cantava de preto, por que é que gostava de apanhar flores, que cantaria até que houvesse aplausos, etc. Escolhi para título da entrevista esta frase dita por ela: "gostava de ficar no coração das pessoas". É dos poucos portugueses que fica.