Começa hoje a cimeira ibero-americana em Lisboa. Faltam os senhores Chávez, Morales e Castro. Nem por isso o mode tropical fica prejudicado. Por exemplo, o nosso PR reservou vinte e dois quartos de um hotel em Cascais como se Cascais fosse em Caracas e não a poucos minutos de Lisboa. Depois, há uma tenda "tecnológica" montada em frente da Torre de Belém que recorda naves espaciais e aliens. Esta cimeira regular é uma das maiores inutilidades políticas do mundo. Tinha, até Fidel sair, o "picante" da sua presença com fatos oferecidos pelo falecido Mitterrand. Depois Chávez passou a fazer de clown de luxo de serviço à cimeira e até Sócrates deixou a sua "marca" com o Magalhães. Este evento custa, naturalmente, muito dinheiro que não é coisa que abunde. E é um pretexto para Sócrates celebrar o maldito tratado de Lisboa com foguetório vário. O cosmopolitismo de um povo - o nosso, aliás, sempre alheio a estas manifestações possidónias - não se mede em eventos. Mede-se, por exemplo, e como ontem lembrou o António Barreto, pela literacia de uma nação. Guterres é uma das "estrelas". Não deve ser por acaso. Foi com ele que começou o afundanço precisamente muito disfarçado com eventos. A cimeira ibero-americana antecipa as tendas do circo de natal que costumam aparecer por esta altura. Bom proveito.