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7.10.07

AQUILINOFOBIA

Deixei passar este delicioso post do Bruno enquanto a caravana passava. Vai sempre a tempo. «A mim, que nestas terras do Demo me divirto mais do que me indigno, dá-me certo gozo verificar que, nesta hora baixa em que a «discriminação racial» é elevada a crime nefando, acabam de enfiar no distinto casarão, com regras de protocolo, um escritor que — para além de bombista e presuntivo regicida — destilava por quantas tinha racismo, anti-semitismo e a mais desbragada germanofilia, pobre arcanjo negro pelos caminhos errados. Dir-se-ia que a entrada em vigor do novo Código de Processo Penal foi antecipada a pensar precisamente nele.»

26.7.07

ONDE PÁRA A PETIÇÃO?

Como ignoro se o dr. Jaime Gama abandonou ou não o propósito de colocar Aquilino Ribeiro no Panteão, ali a Santa Clara, é um bom momento para se saber do paradeiro desta petição.

13.5.07

NÃO É FÁCIL DIZER BEM - 16


Já devo ter visitado o Panteão francês umas quantas vezes. Em compensação, nunca visitei o nosso e não tenho pena. O mais próximo que estive dele foi na transladação da Amália por amável convite belenense. Aquilo cheirou um bocado a cedência ao populismo lacrimejante da altura, não obstante o génio musical da fadista. Chegámos, aliás, a um ponto em que se pode questionar por que é que fulano ou beltrana não estão lá uma vez que já lá estão fulana e beltrano. O último a entrar foi esse monumento à desgraça republicana que dá pelo nome de Manuel de Arriaga. Antes dele, o regime colocou lá o antigo serventuário de Salazar - mais tarde instrumento e vítima dos diversos "anti-fascismos" -, o general Humberto Delgado. Coexistem escritores - João de Deus, Garrett, Junqueiro - com antigos presidentes (para além do mencionado Arriaga, Sidónio, Carmona e Teófilo Braga, também escritor). O dr. Jaime Gama, do alto da sua névoa intelectual açoreana, lembrou-se de lá querer enfiar Aquilino Ribeiro. Aquilino é, para muitos intelectuais coevos, um grande prosador muito recomendável. Tenho-o por aí aos molhos. Falta-me, no entanto, o D. Sebastião, o da "aventura maravilhosa", em que o homem não se priva de sugerir mais qualquer coisa sobre o soturno e breve monarca do que o habitual "corrimento". No liceu, a professora que melhor me ensinou a ler - apesar de ser de inglês - recomendou O Romance de Camilo e, de facto, não me arrependi. As outras chachadas tipo A Casa Grande de Romarigães ficam para aprecia o género. Aquilino, como muito bom português, começou no seminário, na província, e acabou na "grande roda republicana", como escreveu nas suas "memórias". Conspirou para derrubar a monarquia, inclusivamente à bomba, embora lhe faltasse o traquejo que lhe sobrava para as letras. Conhecia perfeitamente os assassinos do dia 1 de Fevereiro de 1908 e sabia que tais "mártires" (palavras do dr. Afonso Costa) tinham uma missão a cumprir. Nunca se livrou da fama de poder ter sido o "terceiro homem" debaixo da arcadas do Terreiro do Paço. Talvez não fosse, mas colaborou no fim trágico de D. Carlos I. A sua presença na "roda republicana", contada pelo próprio, não deixa margem para grandes dúvidas. Ora no Panteão repousa o Junqueiro, o do "Finis Patriae", que, por sua vez, escreveu rimas emocionadas sobre os regicidas. E repousam alguns dos resultados políticos desse acto bárbaro de 1908 que estragou para sempre esta treta toda. Dir-se-ia que Aquilino era só mais um. Mesmo assim, talvez valha a pena assinar esta petição. É que, pelo andar da carruagem, o Panteão qualquer dia não se distingue da sua vizinha Feira da Ladra.