Houve uma época assaz curiosa na minha vida em que imaginei que podia cantar. Não cantar num coro, estilo do liceu ou da universidade, mas cantar mesmo. E fui a casa de Maria Cristina de Castro, ali para os lados da Estrela/Campo de Ourique, para ponderar lições. Perpetrei umas notas ridículas na parte dos "vocalizes" da qual prudentemente não passei. Mas Maria Cristina era generosa e achava que, de lição em lição, a coisa ia a qualquer lado. Não foi, evidentemente, porque um assomo de bom senso e de vergonha impediu-me de lá voltar. Era uma presença habitual no São Carlos e na Companhia Portuguesa de Ópera. Cantou ao lado da Callas, em 1958, na Traviata. Ajudou muita gente a dar os primeiros passos no mundo da ópera. Era uma pessoa boa precisamente o oposto da "boa pessoa". Acho que chega.