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19.7.09

DOIS "LIBERAIS" TRISTES


Agostinho era um pessimista relativamente à natureza humana. Ratzinger também desconfia dela, como lhe compete. Para mim, essa linha separadora - entre o optimismo e o pessimismo - é intelectualmente mais estimulante do que as tretas esquerda/direita ou liberal/mais ou menos Estado. É a que vale, embora Alain tenha escrito que quem pensa assim é de direita. Não faz mal. O Henrique Raposo define-se no livro da foto como um "liberal triste". Ainda tem a ilusão de que, um dia, esta pátria será "liberal". Isso é bom enquanto utopia e aí nos afastamos. De resto, um "liberal triste" como o Henrique está a meio caminho entre o optimismo e o pessimismo. Caso contrário, confundir-se-ia com alguns liberais de opereta, cúmplices do regime e do "sistema", que se vendem por um prato de lentilhas e que sobrevivem, contentinhos, atascados na sua pobre retórica livresca julgando que vivem onde verdadeiramente não vivem. Em certo sentido, o Henrique está mais do meu lado do que ele imagina. Porque a cidade dos homens não faz qualquer sentido se não for, também, cidade de Deus. É um pouco como a fé que se dirige exclusivamente à razão humana mesmo que esta a rejeite, como tu. Levei anos, uns porventura perdidos (a maioria), outros porventura ganhos na cidade dos homens até aprender isso. Lá chegarás se tiveres de chegar. Queres mais "liberal", e triste, do que isto?

Adenda: O José Medeiros Ferreira é meu amigo. Sem homens como o Medeiros - um "velho senhor da esquerda", como escreves, mas certamente mais jovem de espírito do que muitos ditos de direita precocemente envelhecidos - não haveria tantos furiosos liberais em Portugal no ano da graça de 2009. Devemos-lhe (desde a Europa quando muitos dos "liberais" de hoje a negavam a outras coisas) isso.

18.7.09

DA LEVIANDADE


Só costumo discutir Joseph Ratzinger com quem já o leu. E em Portugal pouca gente o fez. O Henrique Raposo, munido do seu olhómetro "liberal", passou a vista pela última encíclica do Papa. Duas vezes, no Expresso. Respondeu-lhe o padre/poeta sistémico Tolentino Mendonça. Não leio Mendonça mas leio Raposo. Sucede que Raposo - que considero um soi disant liberal legível apesar de beber da "Espada& Cia. académica", esta, sim, de difícil trago - foi, como confessa, leviano. Diz ele (presumo que a sério o que torna o caso mais sério) que «não estava a analisar o Papa ; eu estava a gozar com o Papa», como se fosse o Alfredo Barroso ou o Daniel Oliveira, dois colegas dele, "liberais" de esquerda. E não, Henrique, não existe a menor confusão entre a Doutrina Social da Igreja e o esquerdismo marxista no que respeita à globalização. Como não és católico, não és obrigado a saber o que significa a caritas dos Evangelhos, das Cartas e das Encíclicas. Mas como és alfabetizado, tinhas obrigação de interpretar. Ora o Papa fala-nos da caritas in veritate nas relações económicas, sociais ou laborais, domésticas ou internacionais, financeiras ou outras. E parte da democracia, a nossa, a ocidental e cristã - vem lá na Encíclica - como "base" para desenvolver o seu pensamento acerca da globalização. Que eu saiba, Kim-Jong-Il, Chávez, ou mesmo Putin ou Hu Jintao, apesar de andarem com o credo do mercado na boca (outros "liberais") não só não são muito dados à "caritas na verdade" como não são propriamente uns adeptos da "nossa" democracia. A globalização de que fala o Papa é, por isso, inconfundível com a dos marxistas em exercício ou meramente teóricos. Depois o Papa não responde pelas diatribes de certos padres, mesmo que sejam cardeais. João Paulo II e Bento XVI são inequívocos sobre tonterias como, por exemplo, a "teologia da libertação". Defender a redistribuição da riqueza, a limitação da pobreza, sustentar a intervenção do Estado junto de uma falaciosa sociedade civil "empreendedora" que parasita o mesmo Estado e os contribuintes é estar com Louçã e Sousa Santos, Henrique? Por que não com Portas, o Paulo? Ou com o senhor engenheiro Van Zeller? Ou com esse monstro do "empreendedorismo" nacional que é o sr. Carrapatoso e o seu patético "compromisso" da mão estendida à complacência estatal? Não foi o Papa (e este, muito especialmente) que não deixou entrar a realidade na sua cabeça. És tu, Henrique, e muitos liberalóides ratitos de biblioteca quem, muitas vezes, detém a realidade à porta da "teoria". Mais de dois mil anos de "terreno" é uma patine insubstituível. E como ensina Ratzinger, há tantos caminhos para Deus quanto há homens. Mesmo levianos como tu.

17.5.09

UMA LEITURA


"Um liberal triste e a tristeza liberal". Aqui.