Hoje calhou a vez de António Barreto fazer a defesa de um "Parlamento por vir". O que poderia dizer sobre isso, já disse ontem aqui. Apenas uma observação. Barreto, julgo que ainda antes do consulado do bonzinho Guterres, foi vagamente deputado do PS. Saiu, como de costume e lhe competia, "enojado". Pulido Valente, convidado para as listas do PSD por Fernando Nogueira, em 1995, aguentou apenas uns meses. Ambos queriam agora e à viva força que Manuela Ferreira Leite, ao contrário deles, bebesse o fel até ao fim e permitisse a Sócrates e aos seus discípulos (os "donos" da AR) brilharem à custa dela. Aquilo não é sério nem é a sério. E ambos sabem disso. O seu justo virar de costas à actividade parlamentar vale mais que dois artigos a favor dos diversos bandos amestrados a que chamam de "grupos parlamentares". Ataque-se Ferreira Leite por tudo e mais alguma coisa. Mas não se pendurem no órgão mais desprestigiado do regime para o fazerem.
6 comentários:
"Aquilo não é sério nem é a sério. E ambos sabem disso"
Tem toda a razão. Por muito correctas que tenham sido algumas das suas intervenções jornalisticas, tanto Pulido Valente como Antonio Barreto merecem a denuncia da sua incoerencia intelectual agora.
Esses pormenores da aversão histórica ao Parlamento nas brevíssimas biografias parlamentares de VPV e de AB efectivamente sepultam um seu argumentário recente que não lembra ao diabo sobre o local próprio para certos debates.
Efectivamente, o Parlamento está no bolso mais pequenino de Sócrates que faz daquela Casa uma arena de pesporrências, de piçadas à militar, de coreografias e cerimoniais esvaziados de vinculação directa com as pessoas e as suas aspirações, de agressividade unívoca socratina sobre cada um dos grupos parlamentares, 'brilhando' negramente nesse desfile não de argumentos a sério, mas de agressões hábeis com que chuta as questões para canto.
Tratando abaixo de canídeo qualquer deputado e líder parlamentar opositivo, graças às Fichas de Bocas Gastas e Sorriso Cínico que colecciona, Sócrates não precisa de muito mais para passar o teste, passar por vitorioso, como se fosse, dissesse, pretendesse alguma coisa de sólido e sério.
A tese de que não há nada para alem de Sócrates, e de que Sócrates nada tem a discutir com mais ninguém fora do Parlamento, exigirá algum esforço corajoso de argumentação contrária em torno de tópicos que já varreram por e-mail o país milhares de vezes: qualquer um na Oposição é mais sério, mais limpo e honesto sem precisar de esmagar ninguém por elevar mais a voz, mostrar-se mais idioticamente zangado ou vestir Armani & Prada.
Qualquer um sem os tiques cesários de Sócrates faria melhor e seria mais saudável para este projecto de 'democracia'. Agora acabámos de aprender que tal ideia não será VPV nem AB que no-la provarão ou demonstrarão, percebido que está a 'altíssima' conta em que têm o Parlamento.
O que a jornalista avençada do poder-que-está venderá é que, fora de Sócrates, é a tristura do deserto e do caos. Espero que poucos comprem essa banha viperina para não dizer ofidiofílica e herpetológica.
Veremos.
Se trabalhasse na central de informação do Governo, teria imediatamente acesso aos inúnmeros artigos que VPV e Barreto escreveram a descredibilizar o Parlmento. Mas,como não trabalho, não sei quantos textos escreveram a desancar. Como diz o outro, tanto faz. O que conta é a sua incoerência. Melhor do que ninguém sabem que os portugueses não levam a sério os deputados, porque faltam constantemente, porque gastam o nosso dinheiro com viagens inúteis, porque passam ao lado dos problemas. O que é que fazem pelas zonas deprimidas do País,como os Vales do Ave e Cávado, nada. O partido do sr. Sócrates, de quem VPV e Barreto se armaram em protectores, chumbou na AR qualquer intervenção social de ajuda ao crescente desemprego que ali se verifica. Nos Vales não há Gambrinus, portanto não interessa.
Os portugueses acabarão por perceber, tarde, mas tal vai acontecer, a qualidade rasca da maioria dos nossos políticos e os processos inferiores de muitos dos comentadores.
Vamos andando e vamos vendo e ouvindo.
o senhor Dr. João Gonçalves hoje parece estar de serviço...
mudo de artigo, e eis que aqui está com seus amigos,
e muito bem,
resolvendo atacar tudo e todos que não expressam seus pontos de vista,
neste caso, do sua perímetro politico...
é asssim a vida, amigo...
Abraço
Concordo com ambos (António Barreto e Pulido Valente) muitas vezes, mas não nestes 2 assuntos:
- a dra. Manuela Ferreira Leite é líder do maior partido da oposição e poderá vir a chefiar o próximo governo, não é uma cidadã qualquer;
- quanto as deputados, não concordo que façam parte de uma espécie de oligarquia com "especial vocação de serviço".
E quanto aos "profissionais da política", com "carreira profissional" feita exclusivamente dentro dos partidos, nunca poderei considerar como meus representantes. Antes pelo contrário.
Enviar um comentário