Meio mundo babou-se - Mário Crespo ainda deve estar a limpar os lábios e a remover a comoção - para cima das palavras "sábias" de António Barreto. O homem é uma espécie de dr. House da nossa sociedade e da nossa política sem o sarcasmo destrutivo do primeiro. Ir a votinhos é que não é com ele. Mas, pelo menos desde o "manifesto reformador" de 1979 (onde coadjuvou Medeiros Ferreira) que é uma indisputável sumidade diagnosticadora. Gosto dele embora já tivesse gostado mais. Todavia, com Barreto não emergiu a roda dos "avisos". O grande ausente do dia, Camões, já tinha visto - e claramente visto - o que isto era e, na sua extraordinária épica, "avisou". Dou a voz a Jorge de Sena, em 1972, por ele. «Os Lusíadas são menos uma celebração ingénua e orgulhosa do que um aviso trágico e desesperado. Mas, se este aviso é feito à luz de particulares valores de categoria universal, como efectivamente é, daí resulta que ele transcende em muito o âmbito nacional de um destino histórico não cumprido do seu mais alto sentido, para ser, na verdade, um aviso e um apelo que se dirige a toda a humanidade que Portugal, para o efeito, simboliza. O que não seja levado a cabo com espírito de sacrifício, coragem, isenção, tolerância em tudo desde a religião a licenças eróticas, e não seja iluminado por um ideal de supremo e universal amor da Humanidade e do Mundo, não poderá ter o favor dos deuses, é está inexoravelmente fadado ao desastre. Mesmo que tal desastre se não materialize, ele não será menos desastre, porque será sempre a «vil tristeza» da «consciência infeliz».
5 comentários:
Esse programa - magnificamente sintetizado - está muito acima, não só das capacidades da nossa rapaziada política, como até da simples compreensão do que se trata. Eles só percebem o arranjinho do momento ou,quando não há escapadela, os dilúvios estrangeiros quando bem explicados. Somos de facto um país pequenino,como o título do seu blogue implica,cheio de gente que pensa pequenino,e o que algumas vozes argutas e amargas vão dizendo de tempos a tempos, de nada servem a não ser para nos reconfortarmos com alguma lucidez inútil. É pena,é,mas é situação antiga e julgo que irreparável.
Meu caro, deixemo-nos de histórias:
-Quando uma classe profissional, como é a dos professores, sai praticamente TODA para a rua, a dizer basta, duma avaliação absurda, de fazerem de pais, assistentes sociais, disciplinadores, etc dos alunos;
- Quando meia dúzia de amigos, e umas quantas organizações marginais coloca em 11 de Março aquela manifestação na rua;
- para já não falarmos de processos, condenações, casos, etc que pupulam;
e TODA uma classe politica se está nas tintas e indiferente para isso, porque havia do discurzito ser mais importante?
Aliás, isso só demonstra a qualidade dessa classe que se julga "ser o poder", quando constitucionalmente o Poder está no POVO.
Deve ser por isso que tanto se fala em "actualizar, perdão, rever a Constituição"...
Você já gostou mais de tudo, Dr. João Gonçalves. Seu maníaco fascistóide.
No dia da Nacionalidade um DESERTOR DA GUERRA DO ULTRAMAR preside às comemorações e o mundo do poder, ou QUE DELE VIVE, fica embevecido com os seus conselhos!
E, pasme-se, é a segunda vez que tal sucede com o aplauso de gentinha de cerviz fraca, memória curta e sem carácter.
Morais Silva
O texto integral do discurso de António Barreto pode ser lido nos blogues onde ele publica, nomeadamente [AQUI].
Os leitores (desde que "não-anónimos"...) poderão escrever, lá, os comentários que entenderem - A. Barreto costuma responder-lhes.
Os anónimos, por seu turno, poderão continuar a escrever escondidos: embuçados, de 'burka' e de óculos escuros - mas apenas nos blogues que dêem guarida à sua incurável cobardia.
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