«Pode um Governo como o actual, um primeiro-ministro como o actual, desgastado, arrastando-se numa selva de contradições e más vontades, ter legitimidade e autoridade para estar à frente de um país que transformou num protectorado de Bruxelas? A resposta é não. Mas também aqui nos defrontamos com a nossa ineficácia. Pudéssemos nós fazer eleições como os ingleses e num mês, sem hiatos governativos, ter um novo governo em funções e isso seria imperativo. Agora, nem isso é possível. É beber o cálice até ao fim.»
José Pacheco Pereira, Público
«Está em S. Bento como estaria uma planta, à espera do momento próprio de ser removido. É uma espécie de delegado regional da "Europa" ou, se preferirem, um moço de recados, com um emprego temporário e, ainda por cima, vexatório. No meio dos triunfos do Benfica e da visita do Papa e, à parte uma frase melancólica ou um adjectivo de passagem, ninguém reparou que o país sofreu a maior humilhação nacional deste último século. O que mostra aonde chegou o país, mas também o que sempre foi a "Europa". Poderia ser de outra maneira? Não parece. Como contar com a mais vaga "solidariedade" ou sequer delicadeza do sr. Sarkozy ou da sra. Merkel, que não nos conhecem ou têm qualquer motivo para gostar de nós? Para quem nos paga (e de certa maneira somos todos pagos) não passamos de um povo inferior e semibárbaro, que gasta prodigamente o dinheiro que não ganhou e que depois vem de mão estendida pedir esmola. Os ricos não respeitam mendigos; de maneira geral, correm com eles. Sobretudo, correm com os mendigos que não percebem, ou fingem que não percebem, o seu lugar no mundo e tentam aldrabar o próximo e viver a crédito. Para a Alemanha e para a França, os portugueses, como os gregos, merecem uma boa lição e muita cautela, não os leve a natureza, como de costume, para maus caminhos. Custa engolir isto ao fim de vinte anos de retratos de família e da imunda cegarrega da "união". Só que nunca houve "união". As grandes potências da Europa - a Alemanha, a Inglaterra e a França - não desapareceram e continuaram a desprezar por convicção e hábito os semicafres do Mediterrâneo e do Leste, que se dignam proteger e, de quando em quando, explorar. As tribos do Báltico, ao menos, sendo louras, permitem um certo sentimento de afinidade. O resto, não: essa tropa fandanga miserável, eternamente envolvida em querelas de má morte, preguiçosa e suja não faz parte da Europa por mais do que um desgraçado acidente geográfico. Por isso, o Sarkozy e a sra. Merkel não hesitaram em chamar o irresponsável sr. Sócrates, pregar uma descompostura ao referido Sócrates e mandar o homem para casa com o rabo entre as pernas. E, para cúmulo, com razão. Viva Portugal!»
Vasco Pulido Valente, idem
Nota: Agora que não há liga - haverá o mundial, uma taça esquecível e umas inaugurações folclóricas - e o Papa regressou ao sossego da sua lucidez, Portugal fica de novo entregue a si mesmo e a Sócrates. Sucede que Sócrates, fechado na ilusão autística de salvador putativo de algo que já não existe (uma pátria), é cada vez mais passado, aquilo a que Cunha Rego apelidava de cadáver em férias. Só que as férias de Sócrates enquanto cadáver político esquisito e adiado, custam-nos muito dinheiro e sofrimento ético. Por isso, deve saudar-se a coragem de um tipo simplesmente humano como o António José Seguro. Para já, basta-lhe esta distinção.
18 comentários:
como ex-animal feroz teve
«entrada de leão e saída de sendeiro»
este nem é luminoso nem iluminado
Ontem mesmo, no Expresso da Meia-noite, um dos participantes abriu o programa com um gráfico muito simples, com duas colunas para cada país, Portugal e Grécia. Considerando a dívida total, não só a do Estado central, o estado de Portugal é muito pior que o da grécia. Olha-se para o total das duas barras (uma delas omitida desde há seis anos) de cada um e fica-se banzado. Grosso modo, mesmo nos outros participantes, a coisa entrou a cem e saiu a duzentos.
Não me recordo de ninguém que no PSD se tenha batido de facto por um acordo pontual que vise fazer a transição de poder sem perder tempo. Não senhor! Continua tudo feito para que as fases "Freeport" perdurem entre a eleição e a tomada de posse. Aliás, manter em funções por seis meses um governo e um partido derrotado numas legislativas é uma aberração que só a nosse classe política consegue explicar, à luz do mesmo género de ideias usadas para o roubo dos gravadores.
Num país minimamente decente, depois de tudo o que se passou esta semana e Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente lucidamente observam, o Sócrates já teria sido defenestrado.
Aqui é o que se vê.
No entanto, a questão, para os portugueses com cabeça em cima dos ombros, a questão é esta, a partir de agora: ou ele ou nós.
Sem tropa (até com isso acabaram...), temos de inventar outra maneira. Urgentemente e fora de coelhices...
O nosso sócrates vai aproveitar todos os momentos mediáticos para elaborar e todos os vazios para se pirar, de férias, numas visitas ao amigo sul-americano, com uma gripe de ocasião e tudo o que melhor servir. E se uma boa estatística surgir, ainda que falsa ou fabricada, salta logo da escuridão para a frente dos holofotes.
Esta tendência suicidária de VPV - e de muitos outros - faz parte da qualidade do próprio povo. Ele é que não percebe que não se distingue dele, devo concluir.
E esse é o problema da nossa "elite" estrangeirada. Tem nojo do povo, não partilha, não investe. Olha com desprezo para as barracas, mas não educa, não participa na sociedade - a não ser para dar cacetada.
João
"Por isso deve saudar-se a coragem de um tipo simplesmente humano como o António José Seguro. ..."
Pois é isso que eu mais temo: muda-se o líderzinho e mantém-se o PS no poder, como se o PS não fosse o reflexo do seu liderzinho!
Acreditaria mais facilmente tratar-se de "um tipo simplesmente humano" se tivesse manifestado a sua posição "humana" nos momentos mais críticos da vida política nacional. Onde estavam eles? Precisamente, a apoiar o Chefe.
Os socialistas devem ser responsabilizados como partido político. A avaliação dos resultados da sua política é abrangente, não pode ilibá-los através de um rosto de menino de coro a querer passar a imagem de um PS bonzinho. Essa é a estratégia do seu marketing político e, pelos vistos, muitos irão cair na armadilha.
Estamos (ainda) numa democracia, ou estamos num regime totalitário em que se podem desculpar com o Chefe: obedecemos a ordens?
É o socialismo, a sua cultura, política, opções, medidas, arrogância, arbitrariedade, impunidade, que estão em causa, não é apenas a sua liderança.
É o partido e o resultado nefasto e desastroso da sua política (e já lá vão mais de 10 anos) que estão em causa.
Ana
Por vezes, António Alçada Baptista, sentia necessidade de lembrar outros que ele existia.
E, numa das vezes, "alertou" para o facto de já não ser admissível que, no nosso hino nacional, se cantasse a estrofe "contra os canhões marchar, marchar".
A ideia não vingou e a "coisa", simplesmente, morreu.
Hoje, mais do que nunca, é urgente - muito urgente - alterar o verso para: CONTRA OS LADRÕES MARCHAR, MARCHAR.
Assim é que está correcto, porque é actual.
Depois, vem comentar, de vez em quando, um anónimo (que deve ser "mamão") e 'pede' respeitinho.
Mas ... a corja merece respeito? Ao que chegámos!!
O anónimo ainda não percebeu que o sócrates e cia. não prestam para governar?
Resta-me informar o anónimo das 3:06 PM de que "o nosso sócrates" não é meu: não 'faz' o meu género e não gosto de pechisbeque.
antónio chulado
VPV não devia dar tanto valor a Sarkozy e Merkel, os dois vivem da dívida. Aliás aquilo que se passou com a Merkel na última reunião lembra a nossa história e o que se passou com alguns, poucos Ministros das Finanças Portugueses.Há um dia em que deveriam resistir mas a arma do sentimentalismo tudo vence, cedem, ficam sem valores e ficam parte da máquina dos gastos descontrolados. 1 Trilião de Euros caído dos ceús, em mais dívida ou impressão contra todas as regras.
lucklucky
O senhor escreve muito bem.
Duro, incisivo, curto.
Acontece que segundo dizem os especialistas essa França é um dos maiores cancros da Óropa com a teimosia da sua política agrícola em que selvaticamente protege os seus autóctones bem como uma manada de subsídios sociais perante os quais o nosso RSi cora de vergonha.
Um assunto a pensar, não acha?
E Socrates continua a bater na mesma tecla:
"Portugal foi o país que melhor resistiu à crise economica mundial", voltou a afirmar o primeiro ministro.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/economia/socrates-pede-esforco-patriotico
João, como se a França pudesse falar! Qual é a contribuição alemã para o orçamento comunitário? Quanto é que a agricultura francesa consome desse mesmo orçamento?
É o velho princípio do Tratado de Versalhes, "a Alemanha paga!" Uns farsantes, esses fanfreluches parisienses. Lixo igual ao de cá. Aliás, percebe-se porque é que o regime é tão apegado a essa m...!
Em
http://anabelapmatias.blogspot.com/2010/05/novas-da-assembleia-da-repubilica-das.html
O Bento dos dezasseis mandou cristãos para a rua. Dantes mandavam-nos para as feras. Os pouco cristãos senhores e senhoras deputados e deputadas da nação não querem rua não.
Mas amiga como o João dos do Porto andamos pregando no deserto e pouco nos falta para passarmos a gafanhotos e a mel silvestre (se houver...) quanto baste. Q. B. Continuarei na minha -- que esses «senhores» publiquem ou quem de direito por eles PRETO NO BRANCO seus auferidos dinheirinhos -- e suas manigâncias de extras extraordinárias horas e avenças. QUE TEMOS DIREITO DE SABER DO NOSSO DINHEIRINHO QUE FALTA FAZ A POBRES QUE VAMOS SENDO E A POBRES QUE SEMPRE O FORAM! Mais:
Temos direito de saber publicamente e com transparência das fortunas -- sabe Deus porquês delas -- dos que dispõem de nós nesta que chamas das bananas república.
Mais:
Dou razão aos comunistas do tal partido pcp -- que lhes retém ordenadinho ou boa percentagem dele na fonte -- e aqui no meu pc -- deixo a afronta – CORTEM-LHES COLECTA PARA BEM COMUM SER SERVIDO. Cortem-lhes na colecta para erário público devastado. A bem da danação deles e da nossa santa liberdade de filhos de Deus.
E é tudo, por hoje, amiga -- é direito nosso conhecer a riqueza dos ricos que temos a mandarem em nós.
A bem da verdade acima de tudo.
Ponham-nos nus / para os conhecermos na sua verdadeira e ignóbil figura.
Nisto nenhuma inveja me move. Como podemos nós invejar os sórdidos figurões. Que se danem, que nem com quanta bênção os cubram se safam, porque safardanas que são. Na pele deles nem um minuto dormia.
Como pode haver boa consciência em tamanha ignomínia?
(E é teu Amigo já avô que fala assim… Só porque já viu demais.)
De elementar justiça a referência a António José Seguro que aliás já era devida na semana passada pelo artigo que escreveu também no Expresso.
Só que me parece já ser tarde. Desgraçadamente tarde.
Pacheco, sintético e Valente, certeiro. Sem dúvida. Espanta-me, todavia, que tenham descoberto bruscamente a nossa falta de independência nestes últimos dias esquizóides. Ela tem pelo menos 24 anos.
Ass.: Besta Imunda
Pois: António José Seguro+Passos Coelho= União Nacional= bloco central. Falta o líder que saiba mandar nesses dois "copinhos de leite". Talvez Cavaco. Aguardemos os próximos capítulos desta novela política.
Não deixa de ser curioso que os defensores da ideia do PM acabado, já o defendam desde o início. Ou seja, antes de o ser já o era. Torna-se claro, pelo menos para mim, que, não estamos perante sujeitos imparciais e interessados no bem estar pátrio, mas apenas, perante caciques e boys de outros interesses que não os do actual governo. Agora, tenham paciência cristã, melhor, já que gostam tanto de citar os evengelhos, aprendam os dons da compaixão e tenham calma no julgar. Por outro lado, não está provado que o Sr. VPV, ou o Sr.JPP, ou mesmo o escriba deste blog, sejam esses portugueses valorosos de que a república se vai lembrar daqui a, digamos, 50 anos. Pelo que leio, são apenas pobres diabos, cheios de raiva incontida, com as paixões ao rubro e sempre desatinados. Calma!
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