25.7.08

ACOCORADOS - 2

«Não sou uma especialista em Angola. Não tenho histórias em primeira mão para contar nem relatórios de organizações internacionais para estrear. Mas não preciso. Basta-me saber que não há eleições no país desde 1992 para não gostar do Governo nem do presidente. E para tal tanto me faz que fale português ou outra língua qualquer. Tanto me faz que "nós" - sendo nós essa entidade chamada "os portugueses" - tenhamos "lá andado" 500 anos como não. Não aceito culpas históricas nem acusações de complexos colonialistas quando se trata de olhar para um país independente há 33 anos e constatar que está muito longe de ser uma democracia e por esse motivo muito longe de ser admirável ou "a todos os títulos notável". Percebo, claro, que uma coisa são os meus sentimentos enquanto pessoa, por acaso portuguesa, e outra muito diferente os interesses do meu país - sejam eles económicos, estratégicos, linguísticos, o que for. Percebo que as relações entre países não são relações pessoais e que se fazem muitas coisas em nome da chamada real politik que eu agradeço ao destino nunca ter estado em posição de ter de fazer. Mas creio que há coisas escusadas. E creio, sobretudo, ser tempo de percebermos, todos, portugueses e angolanos, que chega de facturas. Chega de confusões. Portugal colonizou e descolonizou, Angola é dos angolanos. Nenhuma razão para tantos paninhos quentes, nenhum motivo para tanto eufemismo, para tanto elogio rasgado. Façam-se negócios, certo. Apertem-se mãos, assinem-se acordos. Defenda-se isso a que se chama "o interesse português". Mas, por favor, não exagerem.»

Fernanda Câncio, in Diário de Notícias

13 comentários:

Anónimo disse...

É mais que tempo de dizermos basta à desvergonha que é Portugal, por interposto sr. José Sócrates, andar a lamber o cu a tudo quanto é déspota estrangeiro.
É preciso fazermos urgentemente qualquer coisa que ponha termo ao deprimente espectáculo. Urge que o País preserve um mínimo de dignidade!

Anónimo disse...

Fernanda Câncio sendo de esquerda, não consigo perceber a sua tamanha falta de compreensão.

Unknown disse...

Às vezes a Dona Cância até acerta...

joserui disse...

Quando a Fernânda Câncio manda uma tacada destas, pobres almas de direita deste país... Melhor, pobres almas que ainda têm a noção da realidade e do decoro mínimo.
Custa acreditar que os tais que andaram 500 anos por Angola -- e por muito mais --, tenham deixado esta descendência. -- JRF

Anónimo disse...

As opiniões de F. Câncio têm, sempre,o condão de me irritar.
Notoriamente ela é do conjunto de portugueses em que eu não estou.

(Dondo-Angola)

Anónimo disse...

"Façam-se negócios, certo. Apertem-se mãos, assinem-se acordos. Defenda-se isso a que se chama "o interesse português"."

Com bandidos? Então, e os princípios? Ah, os princípios não dão lucro. Pois. Ok! Conheço um tipo que talvez me venda uns 50 litros de gasóleo a 1 euro... Roubado? É pá! E o que é que eu tenho a ver com isso? Para mim é um belo negócio.

David R. Oliveira disse...

Subscrevo que diz este cometador.Incondicionalmente! mas também me dá muito prazer apreciar-lhes a coragem.Valentes! Temos homens, faltam-nos Homens.
Anónimos.
David Oliveira

Anónimo disse...

"Urge que o País preserve um mínimo de dignidade!"

DIGNIDADE!!!!!!!!! Essa palavra não existe no vocabulário do sr.eng. pinto de sousa...

Anónimo disse...

Só agora me apercebi do significado mais profundo do artigo no DN de hoje, neste momento.
Porque é que eu esqueço tantas vezes a locução salazarista de que em política o que parece, é!?

Anónimo disse...

É uma vergonha, parece que andamos
sempre a pedir esmola aos outros.
Os presidentes de Angola e Moçambique, tão-se pura e simples-
mente ca-gando para nós, vejam lá
se eles compareceram cimeira. Querem é lá linhas de crédito e perdões das dividas, no fundo é o
que temos feito, sacrificando sempre os miseráveis deste pobre
país. Então não quiseram aqueles
paises a independência ? agora
já chega. orientem-se teêm petróleo e diamantes qb...

Anónimo disse...

O país é tão miserável, mas tão miserável, mas mesmo tão miserável, que os Negócios Estrangeiros estão no Palácio das Necessidades.

jpt disse...

Independentemente do teor das opiniões sobre as relações portuguesas com o estrangeiro (E com o atípico, na área da oradora, "interesse português") interrogo-me (sempre) sobre a defesa da "real politik" nas relações externas e a sua contestação nas relações internas - será, porventura, devido à consideração do tal "interesse Português".
MAs enfim, não se pode criticar um jornalista por escrever (e pensar) como jornalista. Poder-se-á lamentar os que se dedicam a tais leituras. Apenas - males do bloguismo, nada mais

Anónimo disse...

Angola dos angolanos ou de uma clique cleptocrata que tomou conta dos País com a cumplicidade e o apoio de vários governos portugueses?Passados mais de 30 anos da independência de Angola os angolanos estão melhor? Valeu a pena uma independência feita de forma atabalhoada com cumplicidades dos nossos militares e da ex-URSS que descambou numa guerra civil com milhões de mortos e a destruição de uma economia que se encontrava numa fase florescente? Só a história poderá avaliar o que houve de positivo e de negativo neste conturbado processo de independência de uma região que vivia em progresso, em paz embora com graves injustiças sociais.