27.5.10

MAIS UMA DÉCADA PERDIDA?*


«Apesar de a bancarrota dos Estados ser uma situação muito mais frequente do que se imagina (desde 1800 houve mais de 300 casos, em Portugal aconteceu sete vezes, uma no século XVI e seis no século XIX), não há, contudo, análises empíricas suficientes destes casos que permitam tirar conclusões incontroversas. Nem há - dada a enorme quantidade e complexidade dos factores em interacção - critérios ou ratios do que idealmente se possa chamar uma "boa" dívida. Há apenas algumas constantes que convém reter. Que os mercados cortejam os Estados quando as coisas lhes correm de feição, mas não hesitam em atacá-los quando elas correm mal. Que uma dívida mal gerida arruína tanto os credores como os devedores. Que quando o serviço da dívida atinge os 50% das receitas fiscais, o desastre é inevitável. Que, quando a dívida de um país ultrapassa os 90% do PIB, o crescimento se torna impossível. Que há uma contumaz tendência para desvalorizar o perigo e para se acreditar que "desta vez é diferente!" E até pode ser que seja… mas isso exige, diz Attali, que a União Europeia abandone as idílicas metáforas dos planos de relançamento, e assuma um corajoso plano anticatástrofe: com eurobonds, uma Agência Europeia do Tesouro e um Fundo Orçamental Europeu.»

Manuel Maria Carrilho, DN

*É o que sugerem as previsões da OCDE.

2 comentários:

  1. É caso para se ponderar se tudo isto, a moeda única, a ineficácia do BCE, o egoísmo e avidez particulares de certos estados, a burocracia chupista, a confusão institucional, a dependência e perda de soberania, a desorganização criminosa dos políticos, a ausência de valores nacionais - substituídos por nada etc., não terão sido previstos e usados para forçar um federalismo "à Soares - Monnet". Mas não. Acho que não passaram de um vasto encadeado de imbecilidades. No entanto não faltarão agora novas ocasiões para novos - ou os mesmos - parasitas sentenciarem o federalismo como solução: "desta vez é que é!"

    Ass.: Besta Imunda

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  2. Contumaz tendência...

    Nesta conjuntura precária
    tão parca em acções certeiras,
    uma dengosa urticária
    esfarrapa-nos as carteiras.

    A nossa contumaz tendência
    que nos deixa indiferentes
    perante a vil decadência
    de medidas incoerentes.

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