11.6.11

«BALANÇA»*


Quando regressava do Guincho, ocorreu-me que este blogue completa hoje oito anos de existência. Alguns leitores amigos recordaram-se disso aparentemente mais depressa do que eu. Pelo caminho, este blogue - o seu autor - deixou fundamentalmente duas coisas impensáveis (para ele) em Junho de 2003: dois livros e algumas amizades. Dos livros não há nada a dizer. Das amizades, há apenas que lamentar. Também houve o contrário. Sem o blogue provavelmente nunca teria conhecido novos amigos que, contudo, não substituem a falta dos desaparecidos. Como é próprio de um blogue e da vida, segue-se em frente. Este blogue esteve com coisas que ganharam e com coisas que perderam. Tem preferências que não esconde. Da mesma forma que não poupa o que detesta. Ser, como é, independente não quer dizer que seja neutro. Num país pequenino como este ninguém se pode dar ao luxo de ser neutro. Como todos os trabalhos solitários, este custa. Custa, precisamente, em solidão, em "solidariedades" de ocasião, em obtusas incompreensões e em pequenas invejas. Mas compensa, no essencial, por aqueles leitores (não da onça) que fizeram dele o modesto "sucesso" em que acabou por se tornar sem recurso a outras "armas". Sobretudo porque, salvo raríssimas excepções, não "cresceu" deste espaço para jornais ou televisões, permanecendo fiel a (talvez lhe possamos chamar assim) uma "tradição" blogosférica à qual outros, vindos dos media convencionais, acabaram por aderir. Não sei se isto durará mais oito dias, oito meses ou outros tantos oito anos. Quem sobreviver, verá.

*Poema de Eugénio de Andrade: «No prato da balança um verso basta/ para pesar no outro a minha vida.»

31 comentários:

  1. Muito bem.
    Parabéns ao menino portugaldospequeninos.

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  2. floribundus11:03 da tarde

    caro Irmão

    'tudo vale a pena'

    porque aqui passou a condição humana com toda a sua carga de misérias.

    não luto por causas perdidas, mas de quando em vez o cilindro passa-me por cima. recomeço com a mesma determinação

    de pé ou morto, nunca de cócoras

    coragem, força, persistência

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  3. Só "apanhei" este blogue no início de 2007, portanto já em plena era socretina. Apetece perguntar, agora que a personagem vai, segundo V.P.V., estudar Platão para Paris, parafraseando o José Cardoso Pires, "e agora João?". Apetece mas não pergunto, uma vez que já penso conhecer a resposta. Que, aliás, está nas próprias linhas deste post.
    Um abraço e parabéns pelos primeiros oito.

    josé sequeira

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  4. Muitos parabéns e espero continuar a ter o prazer de poder lê-lo por mais oito anos.

    Merkwürdig

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  5. Relembrar as acertadas opiniões do Radical Livre, que nos deverá ter deixado, seria uma homenagem.

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  6. 8 anos é muito tempo mesmo que se tenham 80

    são 8% da vida do Manel da Oliveira

    ao fim de um ano disto
    descobri que estes rituais maníacos y obcessivus

    são difíceis de quebrar

    A língua é alma envolvente
    Da pátria de todos nós
    Maldito quem loucamente
    Lhe mancha a pureza ardente
    Ao Bafo de escura voz

    ficava milhó que o verso sem anverso

    resumindo
    se a mania lhe dá gosto

    porque não há-de continuar a fazê-lo
    tirando esse hábito voyeurístiku de ler as opiniões dos outros

    a internet serve pra quê?

    só pra overdoses informativas

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  7. s'ha desat su bloc in ocho annus i estarà visible de 2003 a 2011 solamente? ó menos un cop l'hagi mas até 2013 que asi faz la década

    ô até 2012 qué pra acabar juntamente com a civilizaçã

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  8. Oito anos! Parabéns João e obrigada:)

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  9. Nao querendo ser excessivo no elogio, JG fez deste blog um espaço singular de manifestação livre de opinião e análise real de alguns momentos presentes, vividos agora e no passado.
    É por isto, que há acções pelas quais vale a pena participar e intervir; este blog é certamente uma delas. Das poucas. Parabéns e bem haja!

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  10. Aqui venho todos os dias e nem sempre concordando.
    Continue!
    Parabéns.

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  11. Parabéns e os votos de continuação de profícua actividade.

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  12. Concordando ou discordando de si, o "Portugal dos Pequeninos" tornou-se um blogue de passagem obrigatória. Que dure, pelo menos, outros tantos.

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  13. sobreviveremos. isto aqui também ajuda a isso

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  14. Parabéns, João Gonçalves, por estes oito anos de prosas de espada à cinta.

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  15. Parabéns, João Gonçalves, por oito anos. Que venham mais 80.

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  16. Importa continuar.
    Um abraço de parabéns, caro João!

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  17. Parabéns.
    Muito obrigado porque o seu trabalho solitário, não o é assim tanto, porque o leio todos os dias. Apesar de não me manifestar todos os dias não significa que não comungue consigo, muitas ideias.As que não comungo obrigam-me a procurar outros sentidos...
    Um abraço.
    José Moringa

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  18. O meu país sabe as amoras bravas
    no verão.
    Ninguém ignora que não é grande,
    nem inteligente, nem elegante o meu país,
    mas tem esta voz doce
    de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
    Raramente falei do meu país, talvez
    nem goste dele, mas quando um amigo
    me traz amoras bravas
    os seus muros parecem-me brancos,
    reparo que também no meu país o céu é azul.
    Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra")

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  19. Só falta menos o tachito a que tanto se faz.... até os "amigos de Peniche" já o toparam...

    Não perca a esperança!!!!

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  20. Parabéns JG!

    Que continue muitos anos, o seu blog é de leitura obrigatória.

    Abraço

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  21. parabéns. Obrigado por estes anos e venham mais oito.

    Rui Almeida

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  22. Concordando ou discordando, é da análise das opiniões quando expostas com a frontalidade e a verdade do sentir de cada um que nasce muitas vezes a luz.
    Certo, é que sem o 'Portugal dos Pequeninos'a nossa blogosfera não era a mesma coisa.
    Parabéns.

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  23. Mário Abrantes4:54 da tarde

    Por muitos e bons.

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  24. Parabéns por estes 8 anos. E continue que espaços como este farão sempre muita falta. Com ou sem "dito cujo"!

    PC

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  25. Só há pouco, depois de enviar o comentário acima, li este seu escrito.
    Claro que tenho de felicitá-lo tal como os anteriores leitores.
    Cheguei aqui pelo Do Portugal Profundo e ainda não vão muitos anos. Comecei a ler os primeiros escritos e nunca mais deixei de cá voltar. Torna-se um hábito salutar ler diàriamente o que aqui escreve e ainda que com alguma ou outra divergência, ajuda-nos a enfrentar com um pouco mais de ânimo este horrível período da História por que Portugal está a passar.

    Penso que se adaptarão à sua personalidade e à corajosa luta que vai travando a favor da lusitanidade e da honra e da nobreza de sentimentos que aquela implica, uns pingos de sabedoria saídos da pena d'alguns génios da antiguidade.
    E também alguns outros especialmente dedicados aos "dirigentes" que temos tido ao longo dos últimos 37 anos, com especial destaque para o(s) último(s) que já está(ão) de saída, que com genuína perversidade, ganância e traição conduziram o país ao estado de humilhação e de penúria em que se encontra.

    Primeiro para si:

    HE LIVES DOUBLY WHO ALSO ENJOYS THE PAST
    Marcus Martial

    BE WISE AND CHEER/
    AFTER SAD AND EVIL DAYS
    HURRIES THE HAPPIER
    HOUR OF GENTLE JOY
    Sextus Propertius

    NOTHING IS TOO HARD FOR HIM WHO LOVES
    Cicero

    IF YOU ARE WISE
    YOU MINGLE ONE THING WITH THE OTHER:
    NOT HOPING WITHOUT DOUBT
    NOT DOUBTING WITHOUT HOPE
    Seneca

    Agora para os políticos em geral e em particular - estou a pensar neste momento em alguns, mas muito particularmente em três mestres da mega corrupção e da falta de integridade política e pessoal e sobretudo peritos na alta-traição à Pátria: dois velhos e outro novo - para o(s) que cessa(m) funções governativas:

    THERE IS NOTHING MORE PAINFUL THAN THE INSULT TO HUMAN DIGNITY
    NOTHING MORE HUMILIATING THAN SERVITUDE.

    HUMAN DIGNITY AND FREEDOM ARE OUR BIRTHRIGHT.
    LET US THEN DEFEND THEM OR DIE WITH DIGNITY.
    Cicero

    NOT HE WHO HAS LITTLE
    BUT HE WHO DESIRES MUCH
    IS POOR
    Seneca

    MONEY HAS NEVER YET
    MADE ANYONE RICH
    Seneca

    DO NOT FORGET:
    A MAN NEEDS LITTLE
    TO LEAD A HAPPY LIFE
    Marcus Aurelius

    ****************
    Maria

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  26. 8 anos de má língua.
    Infelizmente, em Portugal a má língua é das raras formas de lucidez, e ainda nem a nacionalidade havia.
    Vozes há que dizem que este estigma vem do dia em que uma Cro-Magnon olhou para um Neanderthal e pensou "que homem tão bom..."
    Sobre o devir da cópula, de seu nome houve Portugal

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  27. Parabéns pelo seu espaço, Dr. Gonçalves. Os seus posts, sem adjectivação excessiva, vão directos à cabeça do 'monstro'; e são bem ilustrados. Que persista.

    Ass.: Besta Imunda

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  28. Parabéns João Gonçalves.

    Por 8 anos de trabalho de observação atenta das "grandezas e misérias" da (Reles)Púlica, através da escrita lúcida e estética que dá gosto ler.

    Passaram 2 anos sobre o lançamento do seu 1.º livro no Casino da Figueira da Foz, onde tive a oportunidade de o conhecer e felicitar.

    Continuarei a frequentar e recomendar diariamente o Portugal dos Pequeninos em contraponto à leitura da "prensa do establishement", onde, em geral, ainda não se vislumbra, a independência e a coragem necessárias para a "choque" constitucional e procedimental, a dar na democracia orgânica.

    Abraço

    João Saltão

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