
Cavaco Silva inicia esta tarde, oficialmente, o seu segundo mandato como PR. Fá-lo, à semelhança dos seus antecessores, no parlamento. A legitimidade deste e do PR é a mesma, a eleição por sufrágio directo e universal. Mas é o Presidente quem tem de ir à Assembleia jurar a Constituição diante dos deputados em vez de, por exemplo, tomar posse em Belém depois de o presidente do Tribunal Constitucional ler em voz alta a acta dos resultados das eleições presidenciais e segurar a Constituição colocada por baixo da mão do escolhido. Isto parece um preciosismo. Não é. A revisão constitucional de 83-83 "parlamentizou" o regime e, por tabela, o Presidente quando acabou com a dupla dependência política do governo. O PR deixou de poder demitir o 1º ministro sem esperar pela "palavra" da Assembleia. Durante a última campanha, Cavaco explicou isto perfeitamente com duas frases lapidares. Por um lado, ao afirmar que, no dia a seguir à sua eleição, o governo e a Assembleia eram os mesmos do dia anterior. E, por outro, ao deixar claro que o PR não pode demitir o 1º ministro. Muito se falou acerca do discurso que irá proferir precisamente perante ambos o governo (fisicamente de costas para ele) e a Assembleia (que o contempla e que ele contempla). Confio em Cavaco há demasiado tempo para cometer a leviandade de "palpitar" ou, sequer, para, em estilo "disco pedido", enunciar o que gostaria de ouvir. Na contingência constitucional, a Assembleia "avalia" o governo e o PR, depois, "avalia" a Assembleia. Nem o actual governo nem a Assembleia se recomendam especialmente. O país é, para as duas entidades, um lugar estranho. Para Cavaco, não. Mais do que discursar para a plateia circunstancial, Cavaco fala invariavelmente ao país na qualidade de único órgão de soberania eleito a título singular. Essa é a medida da sua responsabilidade política, da sua seriedade rigorosa e do seu indeclinável realismo, qualidades que o eleitorado lhe reconheceu quando optou, sem hesitações, pela decência contra a insolência alarve. Tudo isto é já, por junto, um discurso.
Foto: Capa do livro editado pela Alêtheia Editores sobre a campanha eleitoral de Cavaco Silva em 2011
Foto: Capa do livro editado pela Alêtheia Editores sobre a campanha eleitoral de Cavaco Silva em 2011
Ele ainda acredita nos Portugueses!
ResponderEliminarNa tomada de posse estará um Presidente que pela incúria e responsabilidade objectiva dos que estarão de costas não teve todos os votos livres que o povo lhe queria dar, ainda que sem grande afectação prática. Do outro lado estará um Governo que só o é porque de modo organizado, planeado e profissional, se submeteu a eleições legislativas mentindo, omitindo e oferecendo de bandeja recursos financeiros que o país só tinha na altura porque os Alemães ainda nos sustentavam. Agora que as maminhas da vaquinha estão vazias e ressequidas, Presidente e Governo vão ter de se desenrascar na porcaria em que nos meteram. Uns porque não olharam a meios para atingir os fins e outro porque caiu no erro de pensar que lidava com pessoas normais.
ResponderEliminarEstou consigo em tudo o que diz.
ResponderEliminarQuem elegeu e reelegeu este governo é o primeiro responsável pela expiação a que se condenou.
Pedir golpes de Estado ao PR,a este PR,não é lícito.
Mas se me permite,deixo aqui a prova de que este PCP é o mesmo de 74,embora com mais camuflagem.
pretender que participe num governo é reeditar as ilusões de Soares no 1ª Governo pós 74.
http://www.pcp.pt/n%C3%A3o-%C3%A0-agress%C3%A3o-imperialista-na-l%C3%ADbia
Quem tivesse dúvidas sobre o nível de "isenção" da rádio pública perdeu-as hoje de vez: no dia em que o Presidente Cavaco Silva toma posse, a Antena 1 tem vindo a passar desde manhã cedo uma entrevista com um tal Jorge Reis Novais, em que este desfere um dos mais ferozes ataques ao PR que me foi dado ouvir até hoje.
ResponderEliminarO Novais, para denegrir Cavaco Silva, lança-se em rasgados elogios a Jorge Sampaio, que terá sido um estrénuo defensor da estabilidade política... Pelos vistos, não foi Sampaio quem dissolveu a Assembleia da República, numa altura que ali havia uma maioria absoluta de apoio ao Governo.
Mas tudo se explica facilmente se soubermos que o dito Novais foi assessor de Sampaio e perdeu o tacho com a eleição de Cavaco. Ora, aí está... A falta de vergonha na cara devia pagar imposto.
Ia justamente comentar o que estupefacto ouvi hoje na Antena1.
ResponderEliminarEsse tal constitucionalista merdoso falou ainda de Soares, como se este não tivesse passado o segundo mandato todo a lixar o PM de então (quem não se lembra das Presidências Abertas ou do congresso "Portugal: que futuro?"), de Eanes (como se nos tempos de Eanes a CrD não fosse "outra" no que toca aos poderes do PR e não tivesse chegado a haver governos de iniciativa presidencial) e declarou ainda que Cavaco foi uma fonte de problemas, como nos casos do Estatuto dos Açores e das escutas.
O idiota ainda hoje parece ignorar que quanto ao Estatuto dos Açores a razão estava toda do lado de Cavaco.
É lamentável que estas "entrevistas" absolutamente manhosas para não dizer ranhosas ocorram numa estação paga com o nosso dinheirinho.
Se não meter definitivamente Sócrates na ordem não passará de mais um adorno inútil que esgota prazo de (in)validade.
ResponderEliminarEles já nem escondem: Cavaco Silva diz que o peso do Estado tem de ser reduzido, a direita bate palmas efusivamente e a esquerda enterra-se calada nas cadeiras. O que eles querem é peso! E depois diz que a classe política nem sequer conhece o país real e o resultado é o mesmo. Depois fala da pobreza e as câmaras já só filmam as palmas da direita, não se vendo o resto do parlamento. Parecem envergonhados. E mais palmas à direita, informa a jornalista, porque volta a não se ver nada do outro lado, já muito obliterado. Agora são as nomeações por critérios de mérito. É o delírio em palmas. Filma-se a direita e rapidamente os membros do Governo, calados no funeral. Mas também as bancadas. A esquerda é finalmente filmada durante momentos de acalmia. O operador de câmara passou-se; parece que só lá está meio parlamento, um Presidente e os convidados. Agora filma-se do tecto para baixo, que também há calma. Que vergonha! Que avance a moção destrutiva porque como está isto só pode dar desastre.
ResponderEliminarReparem no olhar lateral para a esquerda pelo Presidente da Assembleia da República logo após o hino.
ResponderEliminarDerrubem o Governo amanhã, porra! Chega de paz podre! Arrisquem, pá!
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