«Somos poucos mas vale a pena construir cidades
e morrer de pé.»
Ruy Cinatti
joaogoncalv@gmail.com
24.10.10
CECI N'EST PAS UN SOULIER
Ainda não consegui decidir se Joana Vasconcelos é mais uma beneficiária de algum charlatanismo que tomou conta da chamada arte contemporânea ou se é mesmo genial. Talvez o Carlos Vidal me possa ajudar.
É a "arte" que está reduzida ao choque. Ou seja não é arte, é simplesmente vigarice. Vigarice política obviamente porque ninguém coloca uma coisa ali sem política. Vamos vê-la na campanha eleitoral a preencher a cota dos "artistas".
Uma coisa não excluiria a outra: há tanta gente a sorver apoios-cultrais e "encomendas", que no meio talvez um ou outro se safe como algo que valha a pena apoiar. Mas no caso desta cachopa, não. Inventou uma receita (eu próprio já inventei dúzias, e acerca de vários assuntos...) e soube puxar o badalo certo. De mulher que a sociedade nazi-bulímica-anorexica actual rejeitaria como inapresentável, passou a coquelux de apreciadores facilmente pasmáveis (como nas feiras). E acha que aparentar inteligência transbordante é o mesmo que transbordar dela. Mérito tem, isso sim, em fazer de outros uns simples - é inegável. Grande parte da arte contemporânea, tal como nos é impingida, é uma blague vácua que só sobrevive de pequeninas ideiazinhas sem alcance que os "artistas" vão espremendo: não faz frente a nada, não critica nada, não aponta para nada e não fere ninguém a sério; e apoiar Algo, muito menos! Nada de nada. Enquanto houver publicidade, grande parte da "arte contemporânea" estará sempre num terceiríssimo plano, e a precisar de glossário.
Esta Senhora é mais malabarista que artista. Deve ser amiga do autor deste mamarracho: http://pimpmyportugal.blogspot.com/2010/05/praca-25-de-abril-em-lisboa.html
A arte de Joana Vasconcelos é sinceramente kitch: não como expressão do mau gosto mas com a metodologia e objectivaçao das suas peças.Creio que Joana não tem culpa, e acho mesmo que não necessitou de se aproveitar do sistema, pois o sistema é que se aproveita dela.
Sempre houve dois tipos de artistas: os retratistas ao serviço da corte, e os que pintavam os fuzilamentos. Uns ao serviço do poder e outros que o denunciam. Os artistas são perigosos, quando tem a denuncia como razão maxima do seu trabalho. O trabalho de jv é o espelho do poder, kitch, despropositado, feio, onde não é preciso pensar para entender, dirigido às camadas que pouco instruidas da sociedade, que tb tem direito à arte, à arte para as massas.
Conheço a obra da Joana Vasconcelos há alguns anos, e de facto a senhora sabe que faz! A Arte da Ideia.
Por outro lado, coloquemos a questão de outra perspectiva: quantos indivíduos com ideias brilhantes existem em Portugal que conseguem, de facto, colocar em prática ou materializa-las?
Se seguirem com atençao as obras da artista verificaram que esta é deficitária em relação ´à representação, isto é: Não sabe desenhar. O desenho é a base de toda a arte visual. Só se engana quem não sabe...mas na literatura tb há tanta gente a ler livros de super mercado...
Até ao fim do sex xix, toda a escultura só elogiava os mortos e os herois. Com brancusi no inicio do sec xx, a escultura desceu do pedestral com o voo de passaro. Depois veio duchamp e lixou isto tudo abrindo as portas com o urinol a todo um exercito de artistas incapacitados, contudo pensadores virtuosos mas pouco talentosos.
A Joana faz umas coisas, tipo "ó saloio olhó balão", tipo "loiça das caldas". Fora de escala, fora de contexto, conteúdo primário, que vende ao Berardo, como "arte".
São expostas e promovidas, como ignóbil provocação, em locais públicos, em jornais e televisões, na Casa da Cultura de Belém, oferecida à reles especulação do senhor comendador.
Desinteressadamente, o Berardo faz o milagre: Compra um pedaço de lixo, e transforma-o em "obra de arte".
Também sou uma grande artista portuguesa, mas gosto mais de bordar florzinhas, porquinhos, abelhinhas, vaquinhas, gnomos e muitas outras coisinhas. Bordar sapatos só o fiz umas duas ou três vezes e foram sempre sapatinhos de gnomo pézudo. O Natal aproxima-se e se não souberem o que oferecer aos vossos mais queridos, comprem saquinhos Garota da Marota! Tudo feito à mão. Os motivos são todos de autoria da grande artista ;). Visitem a minha grande loja virtual e sintam-se em casa. Serão sempre benvindos!
Aqui a porta da minha loja: http://de.dawanda.com/shop/Garota
"Sempre houve dois tipos de artistas: os retratistas ao serviço da corte, e os que pintavam os fuzilamentos. Uns ao serviço do poder e outros que o denunciam." Caro anónimo das 11.55PM Nesta sua definição onde colocaria Goya? Pintor ao serviço da corte e portanto ao serviço do poder ou o que pinta fuzilamentos, portanto do lado dos que denunciam? A melhor arte que temos no mundo ocidental esteve quase sempre ao serviço do poder, desde a capela sistina aos quartetos de Beethoven.
O caso de Joana Vasconcelos é, de certo modo, didáctico, é um case study importante para estudarem-se relações entre questões "internas"/formais da obra, seu deslizamento para estruturas sem coesão (formais, de conteúdo e seu desligamento) e recepção comercial/institucional. Para já, para já, quando uma obra afrouxa dimensões a nível de conteúdos e exibe uma suposta "alegria" formal, ela torna-se querida dos poderes (e do mercado) e suspeita aos olhos da crítica. É o caso. Claramente. Mas a suspeita da crítica (quase geral) para com esta artista, por si só, não é uma coisa má para a obra, que pode sempre ser reavaliada em ciclos imprevistos. Não é tanto este caso. Vejamos. Aceitemos partir dos velhos termos forma/conteúdo. No início, quando executou trabalhos como o conhecido "Sofá Aspirina", 1997, ou a "Cama Valium", 1998, JV tentava fazer, com uma forma modesta (fazendo recordar módulos ou modulações minimais à Donald Judd), tenatava fazer uma espécie de radiografia de uma sociedade que espectacularizava (e espectaculariza) o reforço ou o emprego da droga farmacêutica para que o mundo se afigure suportável. A utilização da Aspirina em série, neste trabalho, era uma forma irónica de criticar a indústria química que vive das fragilidades humanas, digamos, fazendo-se passar por uma "indústria que vende bem-estar". Condição sine qua non do bem-estar, deste modo disponível e à venda. Esta crítica paródica da sociedade, a partir de um certo momento, encolhe, dirige-se não se sabe bem porquê, para uma brincadeira com o "kitsch luso", uma categoria problemática e sem grande fundamento (pois só é perceptível através de um estudo do kitsch e sua estrutura geral, o que não foi feito). A crítica anterior (à "química do bem-estar") foi então aplicada à portugalidade e ao que nela há de mau-gosto, depois a prática crítica desaparece de todo e torna-se pura "celebração da portugalidade", o que já se desvia das questões estéticas para passar para uma espécie de "arte" ligada à indústria do turismo (os cães de louça eram críticos, um pouco, mas as rendas de bilros são aqui "festivas" - mas atenção: as rendas não precisam desta obra para serem belas ou festivas: um equívoco da obra, portanto). Portanto, o que acontece? Um afrouxamento/desaparecimento das potencialidades críticas, um afrouxamento gradual e progressivo, e um aportar a uma "arte" de pura diversão em que o conteúdo se sacrifica à festividade formal à beira do vazio. Daí que nesta obra as questões estéticas interessem cada vez menos: o sapato Marylin de 2009,na foto, é uma ampliação escalar de um sapato, algo que Oldenburg fazia há décadas, levando a arte pop para a absurdização da escala da banalidade. Além disso, o uso das panelas é sistemático num artista indiano actual Subodh Gupta. Mas nada disso interessa, porque esses casos estão no campo da "arte" e este trabalho de JV não se interessa muito por isso: a ligação anterior e inicial forma/conteúdo (crítico) desaparece e fica só uma "arte" do conteúdo (um conteúdo "estranho": o kitsch luso, o que não sei o que é, Amália não é de certeza), e, por outro lado, uma "arte" apenas formal lúdica. Que, ao mesmo tempo, quer deixar de ser arte. De resto, entre o Sofá Aspirina, muito interessante, e o sapato (que não me parece poder vir a ter consequências) há, de permeio, várias obras interessantes. Mas essas os poderes (ao centro, à "esquerda", etc.) não pegam, não gostam. Cumprimentos meu caro. CV
Berardo, esse cultíssimo coleccionador que Portugal começou por exportar e depois importou, é que sabe o que é ou deixa de ser arte. Por isso, a Joana pode continuar a divertir-se à brava e a empochar à grande, tudo por obra e graça da parolice geral.
percebi:"o sapato Marylin de 2009,na foto, é uma ampliação escalar de um sapato, algo que Oldenburg fazia há décadas, levando a arte pop para a absurdização da escala da banalidade. Além disso, o uso das panelas é sistemático num artista indiano actual Subodh Gupta", logo nada de original...deve ser a arte da ideia, dos outros.
Prefiro as pequenas figurinhas metálicas de Giacometti que era, tal como Moore na grande escala, uma pessoa superior e com coisas dentro da alma para exprimir com silêncio inteligente. Além disso sabiam ambos desenhar, pensar e trabalhar com as mãos. Ambos ignoravam também tranquilamente os teóricos, os críticos e os interpretadores que escrevem ao quilograma. Vasconcelos e Vidal: podeis abraçar outro qualquer ofício.
Aquele monstro que está a assombrar o Terreiro do Paço só incinerado.
ResponderEliminarO Carlos Vidal e o Frei Bento Domingues equivalem-se.
ResponderEliminarDescubra outros gurus que estes já passaram à história....
Um embuste.
ResponderEliminarÉ a "arte" que está reduzida ao choque.
ResponderEliminarOu seja não é arte, é simplesmente vigarice. Vigarice política obviamente porque ninguém coloca uma coisa ali sem política.
Vamos vê-la na campanha eleitoral a preencher a cota dos "artistas".
lucklucky
Uma coisa não excluiria a outra: há tanta gente a sorver apoios-cultrais e "encomendas", que no meio talvez um ou outro se safe como algo que valha a pena apoiar. Mas no caso desta cachopa, não. Inventou uma receita (eu próprio já inventei dúzias, e acerca de vários assuntos...) e soube puxar o badalo certo. De mulher que a sociedade nazi-bulímica-anorexica actual rejeitaria como inapresentável, passou a coquelux de apreciadores facilmente pasmáveis (como nas feiras). E acha que aparentar inteligência transbordante é o mesmo que transbordar dela. Mérito tem, isso sim, em fazer de outros uns simples - é inegável. Grande parte da arte contemporânea, tal como nos é impingida, é uma blague vácua que só sobrevive de pequeninas ideiazinhas sem alcance que os "artistas" vão espremendo: não faz frente a nada, não critica nada, não aponta para nada e não fere ninguém a sério; e apoiar Algo, muito menos! Nada de nada. Enquanto houver publicidade, grande parte da "arte contemporânea" estará sempre num terceiríssimo plano, e a precisar de glossário.
ResponderEliminarAss.: Besta Imunda
Esta Senhora é mais malabarista que artista. Deve ser amiga do autor deste mamarracho: http://pimpmyportugal.blogspot.com/2010/05/praca-25-de-abril-em-lisboa.html
ResponderEliminarA arte de Joana Vasconcelos é sinceramente kitch: não como expressão do mau gosto mas com a metodologia e objectivaçao das suas peças.Creio que Joana não tem culpa, e acho mesmo que não necessitou de se aproveitar do sistema, pois o sistema é que se aproveita dela.
ResponderEliminarArte.
ResponderEliminarSempre houve dois tipos de artistas: os retratistas ao serviço da corte, e os que pintavam os fuzilamentos. Uns ao serviço do poder e outros que o denunciam. Os artistas são perigosos, quando tem a denuncia como razão maxima do seu trabalho.
ResponderEliminarO trabalho de jv é o espelho do poder, kitch, despropositado, feio, onde não é preciso pensar para entender, dirigido às camadas que pouco instruidas da sociedade, que tb tem direito à arte, à arte para as massas.
Caro João,
ResponderEliminarSofre o problema estético da Arte, promovida pela fulana, não me vou pronunciar.
Mas só facto de lhe provocar a questão põe, leva-me a pensar que ela não será má de todo, dado que o põe a interrogar-se e a pensar ...
Vantagens de não ter de aturar, nem estarmos subjugados á censura de S, de que tanto gosta ...
Vc., Observador, já enjoa com essa do S. Seja criativo como a artista.
ResponderEliminarConheço a obra da Joana Vasconcelos há alguns anos, e de facto a senhora sabe que faz! A Arte da Ideia.
ResponderEliminarPor outro lado, coloquemos a questão de outra perspectiva: quantos indivíduos com ideias brilhantes existem em Portugal que conseguem, de facto, colocar em prática ou materializa-las?
A resposta é óbvio...
Cumprimentos.
DMC
O SAPATO IDEAL PARA PISOTEAR A MERDA DE CÃO QUE ENCHE AS RUAS DE LISBOA LIMPAS PELO GENIAL EDIL COSTA,ESSE UM VERDADEIRO ARTISTA DE PRIMEIRA.
ResponderEliminar"Sempre houve dois tipos de artistas: os retratistas ao serviço da corte, e os que pintavam os fuzilamentos."
ResponderEliminarAssino por baixo! Na mosca.
Uma ultima ideia, como diria Pacheco Pereira, estamos perante o "culturalês".
Cumprimentos.
DMC
Se seguirem com atençao as obras da artista verificaram que esta é deficitária em relação ´à representação, isto é: Não sabe desenhar. O desenho é a base de toda a arte visual. Só se engana quem não sabe...mas na literatura tb há tanta gente a ler livros de super mercado...
ResponderEliminarAté ao fim do sex xix, toda a escultura só elogiava os mortos e os herois. Com brancusi no inicio do sec xx, a escultura desceu do pedestral com o voo de passaro.
ResponderEliminarDepois veio duchamp e lixou isto tudo abrindo as portas com o urinol a todo um exercito de artistas incapacitados, contudo pensadores virtuosos mas pouco talentosos.
Que falta de chic JG!!!
ResponderEliminarA Joana faz umas coisas,
ResponderEliminartipo "ó saloio olhó balão",
tipo "loiça das caldas".
Fora de escala,
fora de contexto,
conteúdo primário,
que vende ao Berardo,
como "arte".
São expostas e promovidas,
como ignóbil provocação,
em locais públicos,
em jornais e televisões,
na Casa da Cultura de Belém,
oferecida à reles especulação
do senhor comendador.
Desinteressadamente, o Berardo faz o milagre:
Compra um pedaço de lixo,
e transforma-o em "obra de arte".
O Estado paga, e promove a pouca vergonha.
Também sou uma grande artista portuguesa, mas gosto mais de bordar florzinhas, porquinhos, abelhinhas, vaquinhas, gnomos e muitas outras coisinhas. Bordar sapatos só o fiz umas duas ou três vezes e foram sempre sapatinhos de gnomo pézudo. O Natal aproxima-se e se não souberem o que oferecer aos vossos mais queridos, comprem saquinhos Garota da Marota! Tudo feito à mão. Os motivos são todos de autoria da grande artista ;).
ResponderEliminarVisitem a minha grande loja virtual e sintam-se em casa. Serão sempre benvindos!
Aqui a porta da minha loja:
http://de.dawanda.com/shop/Garota
e aqui o meu pátio:
www.garota.de
"Sempre houve dois tipos de artistas: os retratistas ao serviço da corte, e os que pintavam os fuzilamentos. Uns ao serviço do poder e outros que o denunciam."
ResponderEliminarCaro anónimo das 11.55PM
Nesta sua definição onde colocaria Goya? Pintor ao serviço da corte e portanto ao serviço do poder ou o que pinta fuzilamentos, portanto do lado dos que denunciam?
A melhor arte que temos no mundo ocidental esteve quase sempre ao serviço do poder, desde a capela sistina aos quartetos de Beethoven.
Para o anonimo das 12.08
ResponderEliminarA arte não vive de ideias, senão todos os artistas eram idiotas. e quanto mais idiota mais artista
para o xico das 3.00
ResponderEliminarColocava goya na parede da minha sala.
O caso de Joana Vasconcelos é, de certo modo, didáctico, é um case study importante para estudarem-se relações entre questões "internas"/formais da obra, seu deslizamento para estruturas sem coesão (formais, de conteúdo e seu desligamento) e recepção comercial/institucional. Para já, para já, quando uma obra afrouxa dimensões a nível de conteúdos e exibe uma suposta "alegria" formal, ela torna-se querida dos poderes (e do mercado) e suspeita aos olhos da crítica. É o caso. Claramente. Mas a suspeita da crítica (quase geral) para com esta artista, por si só, não é uma coisa má para a obra, que pode sempre ser reavaliada em ciclos imprevistos. Não é tanto este caso. Vejamos. Aceitemos partir dos velhos termos forma/conteúdo. No início, quando executou trabalhos como o conhecido "Sofá Aspirina", 1997, ou a "Cama Valium", 1998, JV tentava fazer, com uma forma modesta (fazendo recordar módulos ou modulações minimais à Donald Judd), tenatava fazer uma espécie de radiografia de uma sociedade que espectacularizava (e espectaculariza) o reforço ou o emprego da droga farmacêutica para que o mundo se afigure suportável. A utilização da Aspirina em série, neste trabalho, era uma forma irónica de criticar a indústria química que vive das fragilidades humanas, digamos, fazendo-se passar por uma "indústria que vende bem-estar". Condição sine qua non do bem-estar, deste modo disponível e à venda. Esta crítica paródica da sociedade, a partir de um certo momento, encolhe, dirige-se não se sabe bem porquê, para uma brincadeira com o "kitsch luso", uma categoria problemática e sem grande fundamento (pois só é perceptível através de um estudo do kitsch e sua estrutura geral, o que não foi feito). A crítica anterior (à "química do bem-estar") foi então aplicada à portugalidade e ao que nela há de mau-gosto, depois a prática crítica desaparece de todo e torna-se pura "celebração da portugalidade", o que já se desvia das questões estéticas para passar para uma espécie de "arte" ligada à indústria do turismo (os cães de louça eram críticos, um pouco, mas as rendas de bilros são aqui "festivas" - mas atenção: as rendas não precisam desta obra para serem belas ou festivas: um equívoco da obra, portanto). Portanto, o que acontece? Um afrouxamento/desaparecimento das potencialidades críticas, um afrouxamento gradual e progressivo, e um aportar a uma "arte" de pura diversão em que o conteúdo se sacrifica à festividade formal à beira do vazio. Daí que nesta obra as questões estéticas interessem cada vez menos: o sapato Marylin de 2009,na foto, é uma ampliação escalar de um sapato, algo que Oldenburg fazia há décadas, levando a arte pop para a absurdização da escala da banalidade. Além disso, o uso das panelas é sistemático num artista indiano actual Subodh Gupta. Mas nada disso interessa, porque esses casos estão no campo da "arte" e este trabalho de JV não se interessa muito por isso: a ligação anterior e inicial forma/conteúdo (crítico) desaparece e fica só uma "arte" do conteúdo (um conteúdo "estranho": o kitsch luso, o que não sei o que é, Amália não é de certeza), e, por outro lado, uma "arte" apenas formal lúdica. Que, ao mesmo tempo, quer deixar de ser arte. De resto, entre o Sofá Aspirina, muito interessante, e o sapato (que não me parece poder vir a ter consequências) há, de permeio, várias obras interessantes. Mas essas os poderes (ao centro, à "esquerda", etc.) não pegam, não gostam.
ResponderEliminarCumprimentos meu caro. CV
Berardo, esse cultíssimo coleccionador que Portugal começou por exportar e depois importou, é que sabe o que é ou deixa de ser arte.
ResponderEliminarPor isso, a Joana pode continuar a divertir-se à brava e a empochar à grande, tudo por obra e graça da parolice geral.
V. percebeu o texto do CV? Eu também não.
ResponderEliminarQuando o ilustrérrimo Carlos Vidal defende tese no Portugal dos Pequeninos, aproveito sempre para bocejar com acrescido prazer.
ResponderEliminarpercebi:"o sapato Marylin de 2009,na foto, é uma ampliação escalar de um sapato, algo que Oldenburg fazia há décadas, levando a arte pop para a absurdização da escala da banalidade. Além disso, o uso das panelas é sistemático num artista indiano actual Subodh Gupta", logo nada de original...deve ser a arte da ideia, dos outros.
ResponderEliminarEu vi a exposição no CCB e para mim é arte.
ResponderEliminarPrefiro as pequenas figurinhas metálicas de Giacometti que era, tal como Moore na grande escala, uma pessoa superior e com coisas dentro da alma para exprimir com silêncio inteligente. Além disso sabiam ambos desenhar, pensar e trabalhar com as mãos. Ambos ignoravam também tranquilamente os teóricos, os críticos e os interpretadores que escrevem ao quilograma. Vasconcelos e Vidal: podeis abraçar outro qualquer ofício.
ResponderEliminarAss.: Besta Imunda