20.6.10

LEMBRANÇA DE ISABEL DA NÓBREGA


De um leitor, Tomás: «No dia da morte de Saramago, Isabel da Nóbrega sai de casa vestida de preto como nunca a tinha visto. Curiosamente não vi em lado nenhum, qualquer menção a Isabel da Nóbrega nem aos quase 20 anos de vida em conjunto e de apoio incondicional. Provavelmente não é muito interessante para os outros.»

14 comentários:

  1. Há sempre alguém que é retirado da fotografia. Muito justa homenagem.

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  2. Anónimo4:44 p.m.

    http://filosofia-extravagante.blogspot.com/2010/06/anotacoes-pessoais-41.html

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  3. Alves Pimenta6:49 p.m.

    Costumo encontrar frequentemente Isabel da Nóbrega, perto de sua casa, à Rua da Esperança, mas há uns dias que não a vejo. Oxalá esteja bem! É uma Senhora como já há poucas no nosso meio literário...

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  4. O leitor Tomás não leu o DN de sábado, onde a escritora isabel da Nóbrega é referida como uma das três mulheres da vida do escritor. Mas muito justa homenagem, anyhow.

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  5. Anónimo7:43 p.m.

    "Lamento muito mas não posso alinhar no coro angélico que pretende canonizar José Saramago, agora que morreu lá em Lanzarote onde se tinha auto-exilado. Sei que é uma coisa típica portuguesa: sempre que alguém morre por cá passa automaticamente a ser uma excelente pessoa, com lugar garantido no Céu.

    Já tinha acontecido o mesmo com Álvaro Cunhal (que pretendeu transformar Portugal num satélite do Sol soviético) e agora repete-se com outro camarada.

    E se falo de Cunhal agora é também porque Saramago teve -- convém lembrar -- comportamentos estalinistas públicos:

    - primeiro em 1975, quando fez parte da direcção do «Diário de Notícias» e «saneou» (expressão característica dessa época sinistra) 24 jornalistas desse mesmo jornal, onde fora colocado para actuar como comissário político -- e nessa altura, eu, que nunca tenho participação política por descrer da mesma, desci à rua e juntei-me à manifestação na Avenida da Liberdade para protestar contra os tais saneamentos;

    - depois quando mandou apagar (à boa maneira estalinista) o nome daquela aquem devia tanto -- a escritora Isabel da Nóbrega, uma grande senhora e excelente escritora que lhe ensinara a comer à mesa e lhe abrira portas do mundo literário -- nas dedicatórias dos livros que escrevera no tempo em que viveram juntos e os substituiu, nas reedições, pelo nome da nova mulher, Pilar del Rio, que nem sequer conhecia quando escreveu e publicou «Levantado do Chão», «Memorial do Convento» e outras obras.

    Aliás, valia a pena analisar a obra de Saramago tendo em vista os livros que escreveu no tempo de Isabel da Nóbrega e os que escreveu depois, no tempo de Pilar del Rio. Só para perceber as diferenças e tirar as necessárias conclusões…

    E já agora convém igualmente lembrar esses livros lamentáveis deste último período, «O Evangelho segundo Jesus Cristo» e «Caim», iniciativas de marketing para chamar a atenção, através do escândalo provocado, sobre a própria obra. Certamente foi Pilar del Rio que lhe forneceu os temas e os materiais para tais iniciativas. Nada melhor do que um escândalo ou uma polémica para «dar vida» às vendas nas livrarias.

    E a manobra resultou, como sabemos. O Homem é como uma árvore, e, tal como a árvore, reconhece-se pelos frutos. Não se pode separar o Homem e a obra como se fossem os compartimentos estanques de um submarino.

    Na nossa avaliação de um escritor, creio nisso absolutamente, tem sempre de entrar em linha de conta o ser humano que ele é, ou foi, e o que ele fez do dom que recebeu de Deus. E claro que, para além desta poeira dos dias de hoje, o que resta, e permanecerá, é o Juízo Final -- e esse não pertence aos homens, mas a Deus. De quem, aliás, Saramago disse e escreveu tudo o que sabemos. E que nos envergonha."

    António Carlos Carvalho in

    http://filosofia-extravagante.blogspot.com/2010/06/anotacoes-pessoais-41.html

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  6. isabel de Deus7:50 p.m.

    Dizem-me que os amigos dela ,muitas vezes,o aceitavam com relutância e apenas como apêndice.

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  7. gostava de compreender porque é que que tantas pessoas acham que tem a ver com a vida intima do escritor e da sua ex-mulher. Será este o mesmo portugal que fecha a janela quando ouve a vizinha a levar pancada?

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  8. Até parece que tem. O livro "As intermitências da morte" tem como base a obra do mexicano Teófilo Huerta Moreno com o nome "Ultimas noticias," dada por este autor ao editor Alatriste conhecedor de Saramago através de Pilar del Rio. O tema inesperado, em 24 horas ninguém morre e, as ideias e frases idênticas em ambas as obras. O autor mexicano criou um blogue para o assunto, JOSÉ SARAMAGO PLAGIARIO.
    Afinal as mulheres fazem também a diferença. E quanto ao nobel, tem tanto valor o de Saramago como o de Obama, da Paz, num país onde a pena de morte fusilou um homem esta semana. Nem todas as mortes são iguais.
    Já agora e a Casa dos Bicos, continuamos todos a dormir?

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  9. Anónimo12:44 a.m.

    Apesar de tudo, concordo com a Pilar quando disse que o melhor livro do marido, ou lá que era, era a "Viagem a Portugal". E acrescento os livros de crónicas, "Deste Mundo e do Outro" e ainda "A Bagagem do Viajante". O resto é uma medíocre e, muitas vezes, insuportável conversa de chacha!

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  10. Anónimo12:56 a.m.

    O que custa imenso é pensar que agora é a Pilita del Rio que vai ocupar a Casa dos Bicos... Antes voltar a ser armazém de bacalhau...

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  11. Crítico blogueiro9:04 a.m.

    hf,

    Pelos vistos, o destino não foi avaro consigo em estupidez. Bom proveito!

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  12. Observador10:41 a.m.

    Neste como noutros casos (Cunhal, Rosa Coutinho, etc)a brigada das "quintas-colunas" está a movimentar-se. O aparelho clandestino do PC por aí espalhado e reforçado, nestas alturas, por muitos idiotas úteis fica desenfreado...

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  13. Interessante o luto de Isabel, mesmo depois da atribulada ruptura, das dedicatórias retiradas aos livros e do pesado silêncio como se a vida tivesse começado com a prestimosa Pilar.
    Mas quem não reescreve ou tenta reescrever parte do seu passado? Saramago não foi imune a tal tentação.

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  14. Anónimo5:13 p.m.

    É bem verdade que Isabel da Nóbrega está na origem de Saramago tal como conhecemos hoje. Mas também não deixa de ser verdade que na origem de Saramago está apenas Saramago e as suas circunstâncias. E isso demonstrou-o o homem.
    O que se quer aqui dar a entender é que a existência de Saramago deve algo a todos com quem se cruzou. E dessa fatalidade ninguém se livra. Claro que quando morreu Amália ninguém se lembrou do marido da dita ou de Rui Valentim de Carvalho, só para dar um exemplo. A ninguém ocorreu homenagear Belchior Viegas. E porquê? Porque seriam estes os primeiros a reconhecerem o seu ínfimo papel na Obra e Talento de pessoas como as que citei. Não me enganarei se acrescentar que o luto de Isabel da Nóbrega só a ela diz respeito e que a não menção aos 20 anos de vida em comum com Saramago não lhe devem a ela causar tanto dano como parece que lhe querem, à viva força, condenar.
    Deixem-se de invenções e atenham-se à realidade que não é passível de ser diminuída nem à conta de "A Vida dos Outros".

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