«Quando saímos do PREC e Cavaco, por assim dizer, "normalizou a economia", os portugueses resolveram viver "como na Europa". Depois de 60 anos de miséria, não custa a compreender. Faltava o dinheiro para esse exercício consolador? O país não ganhava, e nunca ganhou, o que gastava? Esse pormenor não comoveu ninguém. Da "Europa" vinham, sob várias formas, subsídios sem fim e, depois do "euro", apareceu, providencialmente, a dívida externa e o crédito barato. Na televisão, os bancos não paravam de oferecer empréstimos. No governo, os governos prometiam um Estado-providência exemplar, inesgotável, único. Na oposição, os partidos berravam sempre que era pouco e que o bom povo, coitadinho, ainda sofria muito. De ano em ano, o delírio continuou, apesar de um aviso ou outro, invariavelmente atribuído a "velhos do Restelo" e pessimistas profissionais, quando não a reaccionários sem senso ou sem vergonha. Sendo uma sociedade democrática, Portugal precisava de igualdade e fartura. O português precisava de um Estado pressuroso e pródigo desde que nascia até que morria. Excepto por inveja ou mau carácter, quem negava esta gloriosa evidência? O PS de Guterres conseguiu instalar este absurdo como ortodoxia de Estado. O país foi vítima de uma fraude consciente e continuada durante 20 anos. Agora, dia a dia, devagarinho, volta a miséria do costume: na saúde, nas pensões de reforma, no ensino e por aí fora. E as pessoas, sem perceber o que se passa perguntam: de quem é a culpa? De Sócrates, do estrangeiro, do azar? De quem? A culpa é delas.»Vasco Pulido Valente, Público
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
A culpa é delas, evidentemente. Mas Cavaco Silva não percebe (nunca perceberá) que ele faz parte delas. Foi ele que, pela trilionésima vez desde Luís António Verney, imaginou que tinha criado o português novo.
ResponderEliminarVasco Pulido Valente, como de costume, sintético e certeiro. Palavras para quê.
ResponderEliminarAss.: Besta Imunda
Cada qual "arranja" o seu bode expiatório.
ResponderEliminarO meu, é a enorme e desgraçada insuficiência da democracia portuguesa (no seu "todo") em lidar com honestidade e com competência com a área decisiva da economia e das finanças.
Foi sempre a nossa maior desgraça colectiva. E não aprendemos, com um raio !
E tudo o mais é retórica...
ResponderEliminarPois, essa "delas" tem muito que por ao lume... Insisto: maior culpa tem quem mais sabe. O português médio é boa gente e, porque o país é a m#$%& que se sabe, aproveitou estes anos que passaram para, por exemplo, adquirir casa própria. Será isso assim tão grave bolas?!
ResponderEliminarFaçamos contas:
100000 créditos para aquisição de habitação
100000 euros por crédito, em média, apenas para facilitar o raciocínio.
10 Mil Milhões de euros por cada 100000 créditos!
Quantos créditos destes há, portanto? Quinhentos mil? Um milhão?
Houvesse um mercado de arrendamento capaz e, pelo menos por aí, estaríamos melhor.
Sinceramente! Atirar a trampa na direcção da ventoínha adianta o quê e a quem?
Não podia discordar mais da conclusão de VPV.
...A solução para isto é trabalhar. Trabalhar mais. Trabalhar muito. Trabalhar melhor. Sabendo que estamos queimados.
As próximas gerações pode ser que tenham melhor sorte.
Uma "sociedade" organizada de tal forma que fica mais barato, por mês, pagar ao banco do que pagar uma renda (ainda que se pague a casa ao banco cerca de 3 vezes...), é patológica. Além disso temos uma justiça que permite a um caloteiro ficar em casa 6 anos sem pagar renda. E nada lhe acontece. Tudo isto foi devidamente afunilado para a demência, de forma propositada e criminosa.
ResponderEliminarAss.: Besta Imunda
EM 1995 A SITUAÇÃO FINANCEIRA PORTUGUESA ESTAVA PERFEITAMENTE CONTROLADA.OS PORTUGUESES FORAM BURLADOS DURANTE 15 E NÃO 20 ANOS E A CULPA NÃO É NOSSA MAS EXCLUSIVAMENTE DE UM PARTIDO PARA-TOTALITÁRIO DITO SOCIALISTA E DOS RESPECTIVOS BOSSES.A ESQUERDA TGVISTA QUE ARRUINOU PORTUGAL E OS PORTUGUESES NÃO TEM EMENDA.
ResponderEliminarA culpa é delas?
ResponderEliminarE os partidos políticos que promoveram canalhas, a governantes?
E a maçonaria?
E todos os polvos à solta e impunes?
E os Presidentes, gerados pelos mesmos partidos, que fecham os olhos e permitem todas as malfeitorias?
E as machadadas na lei e no Estado de Direito...
A culpa é delas, como?
Sempre que os portugas (todos ou a maioria) tiveram oportunidade de escolher quem os "governaria" o país foi esteve na iminência da bancarrota... foi assim no final da monarquia, no final da 1ª república e, agora, neste momento da 2ª (esperemos que seja também o seu final...). Portanto, já se dizia dos lusitanos, na época romana, que são povo que não se governa nem se deixa governar ...
ResponderEliminarContenção e silêncio, Dr. Gonçalves.
ResponderEliminar«E as pessoas, sem perceber o que se passa perguntam: de quem é a culpa? De Sócrates, do estrangeiro, do azar? De quem? A culpa é delas.»»
ResponderEliminarVPV
O senhor Vasco coloca-se na posição de observador, longe dessa turba mal cheirosa que vota, a que chama "pessoas" - há quem prefira dizer "gente" -, como se nunca tivesse sido deputado, e faz por ignorar que há 35 anos que o país é governado, alternadamente, pelo PS, PSD e CDS (a responsabilização da "esquerda" pelo desastre revela má fé, falta de memória ou manipulação da História).
O dono do blogue, quando os dias lhe correm mal, também segue a mesma linha. Há-de passar-lhes. Sais de fruta.
"a responsabilização da "esquerda" pelo desastre revela má fé, falta de memória ou manipulação da História"
ResponderEliminarDeve estar a gozar, até o Bloco de Esquerda tem mais poder que o PSD.
lucklucky