
No Correio da Manhã, Maurício do Vale elogia a ministra da cultura por ter incluído num conselho qualquer de "cultura" a chamada "cultura taurina", vulgo as touradas. Tenho asco a touradas e só aprecio as chocas porque é o mais próximo que conheço da raça lusa no seu estado actual. Considero um primitivismo os touros de morte e, se possível, ainda mais primitivo andar ali às rodas a picar os animais em danças que têm mais de efeminadas do que de másculas. Só se perdem, por isso, as marradas dadas nas barreiras. Dito isto, Maurício tem razão. O que Canavilhas permite que se esteja a fazer do São Carlos releva mais da "cultura taurina" - que ela aparentemente protege - do que do teatro lírico tal como sempre foi entendido lá fora e cá até ao presente descalabro pornográfico. Ser apenas bonita não chega.
O seu ponto de vista é totalmente aceitável - de Badajoz para cá.
ResponderEliminarCaia atravessado , o que se nos depara é um ritual de morte , ou a morte ritualizada, se preferir. A coisa não dá para racionalizar - sente-se (?) e detesta-se ... ou fica-se "agarrado".
Marañon falava no "planeta de los toros"...
Permita-me que, sem qualquer descabido proselitismo, mencione Andrés Amorós, catedrático de Literatura Espanhola na Complutense de Madrid, e o seu livro "Toros y Cultura". Talvez aceite( o que não quer dizer que os comparta) os seus pontos de vista sobre uma manifestação antiquíssima que não deixa indiferente nenhum sector da sociedade espanhola - tanto a favor como contra...
Cpmts.
E lá pelo São Carlos,«marra-se» em quem não tem mais cu para aguentar o estado a que aquilo chegou...
ResponderEliminarO Senhor só se deixa atrair por coisas muito másculas. Curioso...
ResponderEliminarJoão Diogo
Eu sei que o autor deste blog já não precisa de solidariedades. No entanto, aí vai a minha, não podendo, estar mais de acordo com o que escreveu.
ResponderEliminarMorte às touradas e ao juízo mentecapto sustentado na Tradição.
Caro João Gonçalves: você é demasiado amargo para eu me sentir bem concordando consigo muitas vezes. Mas a verdade é que concordo.
ResponderEliminarConcordei consigo no que está a acontecer com o S.Carlos.
ResponderEliminarNão concordo no que se refere às touradas. Julgo que uma tem a ver com outra. A sociedade aséptica e politicamente correcta e da boa saúde é que está a permitir o que se passa em S. Carlos.
A tourada, pode ser bárbara, violenta e agressiva, mas é bela porque tudo aquilo é necessário. Enquanto nos alimentarmos da carne dos animais, o ritual da tourada é seguramente o meio mais civilizado para se dar a morte a um animal daquela nobreza, do que um matadouro.
O sadismo explícito de quem rejubila com o dorso sangrento de um touro jamais poderá ser civilizado ou promovido a "cultura".
ResponderEliminarConcordo com o Dr.João Gonçalves.
ResponderEliminarMisturar tauramaquia ou «cultura taurina», parafraseando algumas bestas que fazem disso profissão, com Cultura é uma aberração de todos os tamanhos.
O que o Governo Português devia fazer - a começar pelo MC - era proibir toda e qualquer manifestação da «cultura taurina», nomeadamente touradas de praça.
Se há gente que sustenta a evolução dos costumes e tradições (desde as tradições familiares e sexuais,etc) porque é que a sociedade não está sensibilizada para acabar de uma vez por todas com as touradas, essa barbaridade que vem do fundo dos tempos?
Às vezes fico atónito quando vejo e oiço alguns «marialvas» do meio a darem justificações para essas «tradições», alguns alegando até que o toiro bravo não sofre na arena...
Eu ficaria elucidado se esses mesmos «marialvas», vestidos com a indumentária a preceito e muito apertadinha, estivessem na arena e lhes fosse trancado as lanças e as aguilhadas nos seus nobres lombos...
Nesse dia eu converteria-me num apoiante das touradas!
Cara Isabel de Deus,
ResponderEliminarJulgo que o assunto pode e deve ser discutido. O insulto gratuito não ajuda a perceber coisa nenhuma, e todos já vimos para onde nos leva uma sociedade politicamente correcta. Gostava que me explicasse se então acha cultura qualquer festa gastronómica que envolva carne e o prazer de a degustar.
Depois que me explique porque Hemingway ou Lorca eram selvagens e brutos.
Admito que seja um espectáculo duro e pouco simpático, mas faz todo o sentido enquanto se comer carne. É preciso perceber todo aquele ritual que só faz sentido, volto a repetir, enquanto formos carnívoros. Acredito que o mundo não ficará melhor nem mais civilizado acabando-se com as touradas.
Cara Isabel de Deus
ResponderEliminarAcho perfeita a sua definição.
Tourada não é cultura mas sim falta dela.
ResponderEliminarE não, não como carne.
Qualquer camponês que saiba interpretar os sinais da natureza para a prática do seu trabalho, tem mais cultura do que um licenciado de Bolonha. O que é cultura? Reconhecer o efeito de bater a massa para que se faça um bom pastel, é cultura. A caça, seus métodos e estratégias, trouxeram cultura e conhecimento científico à humanidade, para além do alimento. Ritualizar a prática da caça, que é de facto o significado da tourada, é um acto cultural, como o são as matanças rituais de animais feitas pelos muçulmanos ou judeus ou outros povos.
ResponderEliminarA cultura não se define pela sua moralidade ou falta dela. Os sacrifícios humanos dos Maias eram actos culturais.
Esconder a morte dos animais que comemos parece-me, a mim, ter efeitos mais negativos do que o espectáculo da tourada. Sempre vi matar a criação à vista de todos. Vivia em cidades de província. Hoje sou incapaz de fazer mal a um bicho. E se os mato (aranhas e moscas) é sempre com repulsa pelo acto.
A tourada faz todo o sentido, numa sociedade que tem o culto da alimentação da carne dos animais.
Mas isso sou eu que penso assim. E quando assim penso, sou inculto. Mas nisso estou bem acompanhado:
Homens com falta de cultura:
Hemingway
Lorca
Picasso
Dali
Homens essencialmente carnívoros: Esquimós. Não consta que tenham feito muitas guerras contra outros homens e são, em regra, pacíficos.
Dispenso por isso a sua arrogância vegetariana, Sr. Octávio dos Santos.
Gosto de touradas, e de um belo bife alto e em sangue
Vou jantar.