27.2.10

ESSE QUASE


Uma insónia de princípio de dia permitiu, na cama e ao som de ventos, acabar de (re)ler um belo livro de Eduardo Lourenço sobre Pessoa, de 1973. Nessa altura Lourenço não era ainda, e tão tanto por vezes, o luminoso tagarela a quem o regime "cultural" passa a vida a acender velinhas. Mas, fora isto, Lourenço é curto num país onde há poucos como ele. Acabado o Pessoa Revisitado, a rádio dava-me uma voz altiva e embotada que só minutos depois identifiquei. Falava dela e de um livro dela como se fosse a nova Penélope dos inventados labirintos fantasmagóricos de meia dúzia de famosas criaturas, "heróicas" ou nem por isso. Vaidosa e pesporrente, Joana Amaral Dias quer, à força, ser a enfant terrible dessa casta pseudo-imaculada de antigos devotos de santinhos vermelhos que é o BE. E o meu amigo Medeiros Ferreira acha-lhe um futuro qualquer na tortuosa caverna neo-platónica bimba que acolhe as esquerdas portuguesas. Até hoje não consegui perceber o que é que acha e por que é que o acha. Tão pouco me interessa perceber. É evidente que perto das tolinhas mais evidentes dessas esquerdas (e das simétricas das direitas) que se pavoneiam no parlamento e nas televisões às costas e cotas dos respectivos partidos, Joana quase parece uma Madame de Stäel à moda do Bairro Alto. Todavia, é precisamente esse intervalo que a liquida. Esse quase.

7 comentários:

  1. readical livre2:28 da tarde

    a tolinha convenceu-se que somos todos estúpido e ignorantes, "à sua imagem e semelhança"

    por favor não ofenda a Senhora Stäel, mulher de elevado nível intelectual e cívico

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  2. Acho que o senhor está a fazer uma comparação injusta.
    JAD vive em Portugal e aqui dada a dimensão cultural do rectângulo tem o seu lugarzinho.
    Além de mais é muitíssimo bonita, e isso num país latino conta e eu acho muito bem.

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  3. Ouvir a JAD " na cama e ao som de ventos"..."a nova Penélope dos inventados labirintos".
    Uau!

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  4. Puxa!Estamos todos lerdinhas, não?!
    Claro a JAD tem direito a ser o que quiser e a falr do que quiser.Mas não está imune a críticas. Nota-se um certo "ar" saber de exibir uma certa superioridade "cultural".Pois que a exiba. Contudo a cultura e a sabedoria não devem ser exibidas pelos próprios. No fundo no fundo tudo será reduzido a lixo.Apenas ficarão para a posteridade o que é mesmo BELO, SIMPLES, GANDIOSO.
    Não ficará a petulância.
    Não notam que a cultura tem uma relacção dificil com o mercado?
    O que a JAD faz é cultura de mercado. Bom proveito lhe faça. Para mim não serve.

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  5. Era em completo êxtase intelectual que, nas minhas sucessivas viagens de comboio para o Regimento de Cavalaria, em 1991, eu lia o 'meu' Pessoa Revisitado.

    Quanto a JAD, é uma suculenta mulher e uma adorável pedante. Mesmo quando dela discordo, gosto do espectáculo.

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  6. Isso Joshua...Espectáculo. Suculenta mulher...isso para a "comer". Todos os seres humanos têm o direito a perseguir o seu sonho.

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  7. Num texto encimado com a capa duma obra de referência você ocupa-se de Joana PS/bloquista.Declare-se-lhe,deixe Pessoa e Lourenço para outra ocasião.

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