20.12.09

INEVITÁVEL COMO MORRER


Ao fim de sessenta e cinco anos, fechou finalmente (este "finalmente" é escrito sem sombra de ironia e com uma enorme tristeza) a Buchholz. Na realidade, a Buchholz já estava fechada há muito tempo e a derradeira devassa - livros a um ou dois euros - só acentuou esse fim melancólico e inglório. Entrei lá pela última vez a semana passada. A Buchholz devolvia-nos, apesar da duradoura antipatia das senhoras encarregadas daquilo anos a fio, o prazer de frequentar uma livraria que é um termo que se tem vindo a perder para os amontoados comerciais onde livros ombreiam com tudo e com nada. Por isso, não vale a pena acrescentar algo ao dito noutra ocasião. «Livrarias como a Buchholz fazem parte daqueles raros lugares de silêncio onde podemos sentir intimamente a euforia que representa o amor pelos livros e pela leitura. Fomos nós, os leitores, que as "traímos" quando as trocámos pela "facilidade" dos "grandes espaços". Talvez tudo isto seja inevitável como morrer que é o que, afinal, um livro nos "ensina".»

6 comentários:

  1. De facto, as fulanas eram horríveis e sempre me fizeram sentir como um intruso ou ladrão. Um ambiente mais afável talvez tivesse ajudado.

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  2. radical livre10:22 p.m.

    as nossas bibliotecas são mausoleus de livros.

    a maior parte das livrarias são um "monstruário" de monos.
    exibem durante anos o que não se vende.
    os livros vendáveis raramente são repostos.

    conheci esta livraria na avenida da liberdade.
    era um espaço diferente
    num rectângulo decadente

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  3. Anónimo10:49 p.m.

    Uma péssima livraria num tempo em que as livrarias eram todas más. Tinha alguns volumes da colecção Budé e a gorra basca de AJ Saraiva. As fraulein eram provincianas, da estirpe das bibliotecárias da biblioteca nacional. Graças à internet quem quer livros hoje não precisa de perder tempo em lugares tão pedantes quanto imbecis.

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  4. Passei várias vezes e parava nas montras e entrei uma vez.
    Intimidava, reservada a intelectuais.
    Penso que nunca perceberam que estes não chegavam para a sobrevivência.
    O resultado está aí.

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  5. Tem razão, os clientes não estão ao nível da Bucholz. Por isso é que ela devia até ter fechado mais cedo, e ir para outras bandas procurar clientes com mais nível.
    Quem trata assim as pessoas, não merece tê-las de volta - os livros, esses, acabam sempre por se encontrar noutros sítios.

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  6. Anónimo1:26 p.m.

    Foi um tempo em que os livros eram encomendados e vinham de fora. esse tempo acabou. Tive pena. Fui lá nas últimas semanas.Entrei e saí a correr. Mais uma livraria que se fecha e mais um banco ou um centro comercial que se abre...é o mundo em que a maioria escolheu viver. Não faço parte dessa maioria e por muito que goste de computadores,nada como um bom livro.
    Não compro livros em supermercados. Que me desculpem, mas não compro. É ser pedante? Paciência!

    Marquesa de Carabás

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