9.6.06

SEM DAR POR ISSO


Por uns breves dias, à conta de O Ouro do Reno de Wagner, no São Carlos, da audição privada e repetida de trechos significativos do Anel, das prosas de Philip Roth, de Gianni Vattimo e de Paul Auster, da praia no fim de semana, senti-me francamente bem. Hoje regressou a náusea que o país me inspira. A história dos médicos absolvidos em Guimarães, o bruaá da bofetada que um padre deu num gaiato e que foi "testemunhada" pela santa inquisição do politicamente correcto, o primeiro-ministro rejubilante com um por cento de "crescimento", a bola, a RTP "oficiosa", a patetice do 10 de Junho, a "educação", etc., etc., tudo me volta subitamente a meter nojo. Depois de uma vida cheia, o protagonista de Roth em Everyman, morre sozinho, sem dar por isso. Em Portugal, morremos todos os dias um bocadinho. Sozinhos. Sem darmos por isso e com alguns, os mais imbecis, contentinhos.

12 comentários:

  1. Sorria sempre ...
    Mesmo, que o seu sorriso seja triste
    Porque mais triste ... é a tristeza de não saber sorrir ...
    :)

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  2. "Happiness in intelligent people is the rarest thing I know."
    Ernest Hemingway

    http://pessoalissimo.blogspot.com/2006/03/miguel-de-unamuno.html


    E não se esqueça que há um planeta inteirinho com outros lugares para visitar, conversar, passear, trabalhar... e Viver!

    Continue a escrever.

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  3. Excelente, "João Gonçalves", excelente. Graças a Deus que há alguém que se indigna e enoja em vez de ficar na santa paz dos que não têm opinião e vão vivendo a sua vidinha sem um grito mais alto que espante o vizinho.

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  4. Caro João Gonçalves,

    pls watch this:


    http://pessoalissimo.blogspot.com/2006/03/top-of-day-to-all-of-you.html

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  5. ... mas amanhã já é sábado ... e, a semana vai ser longaaaaaaaaaa ...
    ... boa praia, boas leituras, bons gelados, tudo bom ...
    ... essencialmente descontraia recordando o que foi bommmmmm ...
    ... viva, um dia de cada vez
    ... amanhã, logo se vê
    ... por isso é que eu gosto de dizer “até logo”

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  6. «Por uns breves dias, à conta de O Ouro do Reno de Wagner, no São Carlos, da audição privada e repetida de trechos significativos do Anel, das prosas de Philip Roth, de Gianni Vattimo e de Paul Auster, da praia no fim de semana, senti-me francamente bem.»

    ... só? Não ouve mais nada?

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  7. ... compulsando este BLOG,li

    “... de um pequeno livrinho de Henry Miller, de seu título O Sorriso aos Pés da Escada”

    «A alegria é como um rio: corre incessantemente.
    Parece-me ser esta a mensagem que o palhaço procura transmitir-nos: deveríamos participar no fluxo e movimento contínuos, não pararmos para reflectir, comparar, analisar, dominar, mas continuarmos a fluir, sempre e sempre como a música. Tal é o dom da renúncia, que o palhaço realiza simbolicamente.
    A nós compete-nos torná-lo real.

    Em nenhuma época da história da humanidade esteve o mundo tão cheio de sofrimento e de angústia [esta prosa é de 1948, mas podia ser de hoje...].

    Contudo, aqui e além, encontramos indivíduos que não estão contaminados, manchados pela dor comum. Não são criaturas sem coração, longe disso! São indivíduos emancipados.

    Para eles, o mundo não é que nos parece.
    Vêem-no com outros olhos, dizemos que morreram para o mundo.

    Vivem, no momento que passa, com toda a plenitude, e a radiação que deles emana é um perpétuo hino de alegria.(...) Todas estas abençoadas almas que me fizeram companhia, testemunharam a terna realidade da sua visão.

    Será nosso, um dia, o seu mundo quotidiano. de facto já é nosso - simplesmente, estamos demasiado empobrecidos para lhe reivindicar a propriedade»

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  8. veja não não se engane e acorde contentinho

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  9. parece-me que o joão é dos mais contentinhos.

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  10. Pegando no primeiro comentário, refaço-o, na primeira pessoa: Sorri, ainda que o teu sorriso seja triste. Porque mais triste que o teu sorriso triste, é a tristeza de não saberes sorrir. Amigo, os sol está aí....
    Ou então envio-te este, muito bonito do Ruy Belo: A cada dia a sua própria alegria/ E é grande a alegria, quando iguala o dia. É disto que todos, mas todos, andamos à procura. Nâo és diferente, és é mais chorinhas.....

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  11. n percebo, como leitor do roth cais num erro que ele denuncia algumas vezes: dás demasiada importância às tuas opiniões, cheio de certezas. nunca tens dúvidas? nunca pensaste que alguns n querem saber de nada não por serem imbecis mas por n se importarem mesmo, tal é o desalento a que chegaram. e depois aqui é a crítica pela crítica somente. e de certeza q não tens motivos para estar assim, soa a pose, desconheces de certeza como é estar desempregado e essas cenas todas.

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  12. penso que não é preciso estar desemprego para sentir que este é claustrófico e que mata devagar..força! temos que morrer devagar como os fumadores!

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