De acordo com um estudo publicado no Diário de Notícias, ninguém nos quer comprar. Se o país fosse uma marca, os potenciais consumidores viravam a cara e escolhiam outra coisa, o que só revela bom gosto. O estudo intitula-se "O poder da sedução de Portugal". Aparentemente para além de não "seduzir" os outros, o país também não seduz os indígenas. "Não se interessam" por isto, parece ser a conclusão de 85% dos inquiridos os quais também se estão muito justamente nas tintas para participar no "crescimento do país". Preocupa-os o desemprego, o custo de vida e o SNS, todavia gostam do clima, da "segurança" e da "família", seja lá o que isto for. Cerca de 42% dos ouvidos estão pessimistas em relação à pátria mas moderadamente optimistas em relação a si próprios. Compreende-se. Com o país - pessoas e empresas - endividado até aos cabelos, com as famílias a gastarem o que têm e o que não têm em frivolidades, com a política a gerir uma ficção que ela mesma, dia sim, dia não, alimenta, estava-se à espera de quê? Está porventura na hora de Eduardo Lourenço rever o seu "Labirinto da Saudade - psicanálise mítica do destino português", dos finais dos anos setenta, actualizando-o com os novos "sinais". Não deve ser difícil já que os "sinais" apontam quase invariavelmente numa única direcção, o vazio.
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