14.3.06

CDS E PP

Passa-se qualquer coisa de grotesco no CDS/PP. O pequeno partido à direita do PSD, como lhe chamava o dr. Barroso, não tem emenda. O PP de Portas e dos seus amigos não gosta manifestamente do CDS de Ribeiro e Castro. Ribeiro e Castro ainda não percebeu que não pode dirigir o partido apenas aos fins de semana e durante os jantares com as bases. E que o país não lhe passa cartão. O seu irritante grupo parlamentar, a "banda", como com notável felicidade apelidou os discípulos do dr. Nuno Melo, anda à solta e com rédea curta imposta pelo seu patrono ideológico que finge que não é nada com ele. Marques Mendes também tem um problema semelhante - um grupo parlamentar feito à imagem e semelhança de Santana Lopes -, salvaguardadas as devidas distâncias, todavia com a vantagem de ele próprio lá estar. Feitas as contas, a "direita" navega à vista, para o seu umbigo e mal. E Cavaco, para este efeito, não conta. Ribeiro e Castro, se quiser mandar, tem de escolher o partido e o país e esquecer-se de Bruxelas. Mesmo assim, não é seguro que o "portismo" embotado dos srs. Telmo Correia e Pires de Lima lhe dê descanso. A "direita" precisa de um CDS. Com ou sem PP.

6 comentários:

GONIO disse...

Pois, é pena que num País à esquerda os partidos mais à direita tenham tantos problemas internos. Assim não vamos lá!
Ribeiro e Castro não precisava fazer o comentário que fez aqunado da tomada de posse de Cavaco Silva - embora a atitude do grupo parlamentar seja lamentável.
E depois de uma liderança tão marcante como a de PAulo Portas é difícel gerir seja que partido for. É pena.
(http://gonio.blogspot.com)

Anónimo disse...

passei para dizer que fiz referência ao seu blog num post meu. Cumprimentos

Carlos Sério disse...

Pois é, é por isso que Sócrates anda de rédea solta e se permite dizer coisas como isto:
"Quem acha que prejudica o Governo promovendo o pessimismo e rejeitando todos os sinais de recuperação da confiança, não está a fazer oposição ao Governo, está a fazer oposição ao País".
Sinais que só ele vê claro.

Carlos Sério disse...

Aqui vai o fundamento:
Sócrates não cabe em si de
satisfação pelos “sinais favoráveis” que diz vislumbrar na economia do País. Como “Mestre Sala” do grande desfile de sucessos económicos nacionais, com que vai entretendo o Zé contribuinte, anuncia a cada hora, mais um “sinal favorável”. Ele é o plano, que já foi choque tecnológico, ele é o Bill Gates, o MIT, a OTA, o TGV, os Novos Investimentos, as Opas e Contra-Opas, ele são os fabulosos lucros dos Bancos, PT, EDP, Galp, etc, etc.
Para o primeiro-ministro tudo isto são “sinais favoráveis” da economia. Como se a economia real portuguesa girasse à volta de anúncios de intenções, ou de projectos megalómanos, que apenas ou sobretudo favorecem super-empresas estrangeiras, ou de mudanças de capital entre empresas, que não geram nada de novo a não ser uma diminuição de concorrência, ou ainda dos super lucros das grandes empresas que exploram as telecomunicações, ao transportes e carburantes, a energia e os créditos.
No ano em que estas empresas apresentam os maiores lucros de sempre, é precisamente o ano em que Portugal apresenta o mais baixo crescimento económico de sempre, de apenas 0,3% do PIB. O que levaria a parar para pensar, creio bem, um qualquer primeiro-ministro mais preocupado no País do que na sua própria imagem.
A economia nacional gira sobretudo em volta das pequenas e médias empresas, o seu estado é o reflexo do estado da nossa economia.
Todos sabemos como elas se encontram sufocadas economicamente. A factura que liquidam da energia, telecomunicações, transportes e carburantes são cada vez mais pesadas para a sua vivência diária. E quando necessitam de crédito conhecem bem os seus custos. Enquanto meia dúzia de grandes empresas engordam de modo absurdo, as pequenas e médias empresas desesperam lutando pela sobrevivência. A preocupação maior do governo deveria residir em medidas que provocassem a motivação de todas estas empresas, através de incentivos fiscais, apoio técnico, redução de impostos, promoção de produtos sobretudo no estrangeiro e redução das suas despesas de exploração regulando com eficácia o preço da energia, telecomunicações, créditos e carburantes.
Não compreende Sócrates, que a razão do desenvolvimento se encontra nas nossas pequenas e médias empresas espalhadas pelo País, e que da sua pujança e força advirá o nosso crescimento económico sustentado.
Infelizmente a continuar por este rumo a economia nacional jamais convergirá com a UE e aproximar-se-á, cada vez mais das economias típicas dos países subdesenvolvidos, dos países do terceiro mundo.

Carlos Sério disse...

Exemplos de "sinais":
1.-O Estado gastou em 2005, 843 milhões de euros!!!, mais de 160 milhões de contos em serviços fora da Administração, como "estudos,pareceres e projectos de consultodoria, Mais 108 milhões de euros do que em 2004.
2.- A rubrica aquisição de serviços, subiu mais 14,8% do que no ano anterior, isto no ano de combate ao défice.
3.-500.000 euros pagos por semana (595 contos por hora) pagos à sociedade de advogacia de José Miguel Judice por "estudos" relativos ao processo privatização da GALP.
4.- Os Encargos Gerais do Estado, onde se inclui por exemplo, a Presidencia do Conselho de Ministros( ministros e secretários de estado), Centro de Gestão da Rede de Informática do Governo, Gabinete Nacional de Segurança,Instituto da Comunicação Social, subiu em gastos de pessoal mais 12,8% que em 2004.

Anónimo disse...

As críticas certeiras de Ruy encaixam que nem luvas na política... do cavaquismo, que infelizmente deixou marcas profundas e estruturantes na nossa economia e que, até hoje, só foi politicamente contrariada pelos Governos de Guterres (apesar dos pecados conhecidos)!

Propaganda barata e inútil, que decerto nem convence quem a veicula.

Quanto ao PPD e ao CDS, como dizia o outro, quero é que eles se fundam!

Na realidade, já não parece fazer sentido a existência de dois partidos ocupando o centro-direita, com a recente evolução "centrista" em curso no PS.

Mas sim, sem dúvida que faz falta um partido de centro-direita, liberto porém do populismo de matriz sá-carneirista e dos complexos esquerdizantes de "social-democracia", a qual morreu no PPD com a secessão ASDIana, que no fundo se identifique simplesmente com o sentimento "AD", que posteriormente teve (e tem) expressão no fenómeno do cavaquismo.

Com um verdadeiro Partido Liberal Cristão, ou coisa que o valha, resultante da fusão entre CDS e PSD, o espectro político português ganharia em autenticidade e transparência, abrindo espaço, por um lado, para a consolidação da linha social-democrata/terceira via no PS e, por outro, para o surgimento de um PP, assumidamente de direita mais ideológica, e de um partido claramente de esquerda, a partir de algumas franjas socialistas, bloquistas e reformadoras (ex-comunistas), uma espécie de PDS italiano à portuguesa.

Tudo isto complementado com uma profunda alteração do sistema político (num sentido mais presidencialista) e eleitoral (círculo único nacional para a AR; votos de escolha múltipla; votos brancos traduzidos em lugares vagos no Parlamento) e a implementação de uma verdadeira Regionalização, à boa maneira europeia (não inventemos o que já está provado e testado entre os nossos parceiros) poderão, enfim, regenerar a política portuguesa e libertá-la do atoleiro em que vai sobrevivendo.

Parabéns pelo excelente blogue!

A. das Neves Castanho.