20.4.11

SOMBRAS

Há pessoas com quem dá gosto falar. Ricardo Pais é uma delas. Há pessoas com quem não dá gosto algum falar ou, sequer, assistir à fala delas com outras pessoas. A D. Fátima Campos Ferreira é uma delas. O General Ramalho Eanes, talvez por a ter tido como interlocutora, produziu uma entrevista na longa telenovela "união nacional" - que a senhora anda a promover todos os dias na RTP - que não ficará para a sua melhor história. O elogio a Sócrates, o "reformista", e a alguns dos seus inenarráveis ministros era dispensável. Como se o país precisasse de Sócrates para alguma coisa! Como se Sócrates não fosse o rosto do aperto em que estamos enfiados! A menos que alguém ainda conte com Sócrates para o elenco da referida telenovela da "união" onde tem assento, por exemplo, a família Moreira (o pai, Adriano, no "compromisso caldeirão" do Expresso, e a filha Isabel na lista de Lisboa do senhor "reformista" engenheiro). Tudo e o seu contrário é realmente possível por aqui. Temos pena. Afinal, evanescemos. Somos os novos mortos do Hades. Sombras.

16 comentários:

  1. Anónimo10:47 p.m.

    As entrevistas de Eanes são sempre inteiramente previsiveis. Nunca se afasta do politicamente correcto e da lingua de pau. Não é homem para afrontar abertamente a situação, denunciando os podres do regime em vigor.
    Quem anda a criar um certo embaraço ao regime com as entrevistas que vem dando ultimamente é o Otelo...que agora voltou à carga:

    http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=480475

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  2. João
    Espero que a apresentação no Porto tenha sido tão rica como foi a de Lisboa.
    Abraço

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  3. Anónimo11:45 p.m.

    É um homem coerente, assina um manifesto vergonhoso e defende a mesma coisa na entrevista. Espere para quando ele disser que Espanha é que é...


    lucklucky

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  4. Anónimo12:02 a.m.

    A gente já sabia que o general andou sempre próximo do PS. Aquela coisa das armas de guerra para os socialistas de 75 confirmava-o só por si. Mas daí até elogiar Sócrates... Já se vê que a idade não perdoa. Ou será que o senhor também viveu acima das suas possibilidades e está em maus lençóis?

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  5. Tenho agora quase 54 anos mas ainda me lembro do que diziam os velhotes da minha aldeia quando tinha 17, nos primeiros dias a seguir ao 25 de Abril: voces, os jovens, ainda vao ter saudades de governantes como Salazar e Caetano. Na altura achei que era conversa de velhos, mas agora que tambem estou a ficar velho comeco a acreditar que tinham razao.
    Sao tempos dificeis estes para os portugueses que como eu vivem no estrangeiro. Como e que foi possivel tal descalabro?

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  6. Anónimo12:13 a.m.

    Felizmente não vejo debates, entrevistas, mesas-redondas e quadradas,etc. nas nossas tvs (prefiro futebol, obviamente estrangeiro)e assim não apanho desgostos de ver pessoas estimáveis, como Eanes, a prestarem-se a tais tretas!
    Ao menos ouvi que o Otelo sempre foi mais divertido!

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  7. Cáustico12:14 a.m.

    Há pessoas que, por mais que tente, não as consigo compreender.
    Parece terem receio da verticalidade. Fojem quanto podem do afrontamento.Parece que lhes falta a coragem em momentos decisivos, obrigando-os a tristes papéis.

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  8. As eleições deveriam funcionar para o 'reformista' como a derradeira ordália: a culpa é tão espessa que ele não deveria poder resistir a esse judicium Dei. Teremos umas eleições-ordália.

    Se resistir é porque domina o ordálio ar, o ordálio água e o ordálio fogo das ordália-eleições, o que muitos suspeitam. Ou então realmente o Povo não está à altura da Hora nem do grau de Fraude em que o 'reformista' o enfiou.

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  9. Drácon2:49 a.m.

    Não se deve esquecer o que sofreu Sá Carneiro com Eanes, sistematicamente e reiteradamente a torpedeá-lo...

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  10. Martins7:53 a.m.

    Marktest, 11-13 Abril, N=803, Tel.
    PS: 36% (+11,5)
    PSD: 35% (-11,7)
    CDS-PP: 8% (+1,7)
    CDU: 8% (+1,3)
    BE: 6% (-2,9)

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  11. Hermitage8:20 a.m.

    OS STATESMEN, A MADAMA FATI E A BANANA

    Todos os regimes têm a sua "reserva" da Nação, tal como uma boa garrafeira.

    No caso de Eanes, nem isso acontece: há muito ficou definido como um Homem de cabeça esforçada, mas sem ser um statesman.

    Ora, Ora...

    No 25 de Novembro, jogou a sua sobrevivência e estava lá, recebeu de Jaime Neves, esse sim o herói, a papinha feita, que se limitou a enquadrar institucionalmente, a seu favor. Ponto.

    Disse não à aventura, para logo dizer que sim a Melo Antunes e a um protectorado da esquerda que ainda hoje perdura.

    Deviam pôr-lhe uma vela, pela ajuda.

    Mas o seu suposto desapego ao Poder é das histórias mais mal contadas,deste regime...

    Veja-se o PRD e o embuste que constituiu...nesse projecto está lá toda uma concepção de futuro, que os Portugueses mandaram para
    aquele sítio.

    Enquanto PR, andou a receber e a visitar os "não-alinhados", Tito's e Ceausescus, como inspiração para Portugal, numa altura em que se adivinhava o fim - triste - dessa gente e das suas ditaduras.

    Sá-Carneiro não embirrou com Eanes.

    Combateu um modo de ser e de pensar Portugal, bafiento, híbrido, tipo "Deus é bom, mas Diabo não é mau...".

    Um por todos, todos por um, e assim chegamos a esta merda de situação.

    Alinhar agora com Sócrates e com a tralha de sotão disquerda não é surpresa: está inscrito no ADN do homem políticus, sisudo para impressionar a parolagem.

    Faz parte dessa argamassa nacional onde também entram os moreiras e outras famiglias...

    É bem o sintoma de um regime apodrecido à espera do enterro.

    As madamas fatis entrevistadoras, sabem bem quem entrevistam e como fazem parte do status falido.

    Entretanto, algures em Lisboa, a troika, governa, enquanto os statesmen do regime, peroram...

    A natureza bem podia ter plantado aqui, bananas...

    Com que carinho a banana, teria o carinho dos bananas portugueses.

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  12. Alves Pimenta9:30 a.m.

    Não gostei. Lamento que o general Eanes, que admiro, se tenha prestado a isso. Mais: temo que o seu discurso da próxima segunda-feira vá pelo mesmo caminho.

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  13. Que os pais e os filhos tenham visões políticas diferentes não me choca nada, sejam os Moreira ( Adriano e Isabel ) ou os Silva de Fornos de Algodres.
    Quanto à entrevista do Gen.Eanes, se tb me pareceu dispensável o elogio ao "primeiro Sócrates"- quem se lembra dele perante os desastres do "segundo Sócrates"?, gostei e achei que acabou muito bem com aquelas belas palavras de S.João da Cruz que emocionaram quem as disse, muitos que as ouviram e até, pareceu-me, a coriácea D.Fátima. Nem todos os políticos portugueses podem citar um místico cristão e sentirmos que o fazem com sinceridade.

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  14. Não vi tudo mas, afinal, nem é preciso porque já se sabe que a coisa vai muuuuito mal...

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  15. O Sr general Eanes,
    ainda acredita na natureza humana.
    A verdade, é que muitos dos tartufos do regime, na sua fase inicial, puderam assim vingar plenamente.
    Nada de admirar,
    que outros se tenham seguido.
    Aliás em relação ao Grande Tartufo do momento, é mais uma vez fruto das suas circunstâncias: Barroso, Santana, poderia esperar-se muito mais?

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  16. Mário Abrantes11:18 p.m.

    É o cúmulo do lirismo querer-se arranjar à pressão uma 'ampla' plataforma de entendimento nacional.

    O entendimento nacional cultiva-se ao longo de décadas, não se arranjar às pressas.

    Qualquer pessoa, ainda que coloque ostensivamente as mãos sobre os olhos, sabe que a política em Portugal sempre foi feita na base da subserviência partidária, à moda canina, tendo como regra a maledicência de propostas alheias só porque vêm do partido que não é o que dá o tacho, com pouca ou nenhuma consideração pelo interesse nacional - a maioria dos políticos profissionais nem devem saber muito bem, suponho, o que seja essa coisa parda do interesse nacional.

    Espera-nos, por isso, uma campanha sem nenhuma novidade a este respeito. Tenhamos fé que, ao menos, os bois sejam chamados pelos nomes. O resto é conversa de treta a que, pelos vistos, nem um tipo com o andamento do Gen.Eanes escapa.

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