23.9.10

UM GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL?

O dr. Santana Lopes sabe tão bem como eu que, nos termos constitucionais (não os aprecio mas são os que estão em vigor e que Cavaco jurou cumprir: não andou o dr. Lopes mortinho para retirar ao PR, em 1983, a dependência política conjunta do governo face à AR e ao PR?), o governo forma-se a partir do resultado das eleições legislativas e em atenção à composição parlamentar delas decorrente. Quando foi removido por Sampaio, como se recorda, o que o então PR fez foi precisamente dissolver o parlamento convocando eleições. Quem pode ou não pode sustentar governos ditos de salvação nacional (como se algum salvasse isto de alguma coisa), é justamente o parlamento, mantendo o actual ou decidindo por forma a o governo em funções deixar de poder estar investido nas ditas. Aí, sim, o PR tem de pronunciar-se, coisa que Cavaco está famosamente impedido de fazer desde 9 de Setembro último por causa das regras. Não se pretenda agora "atribuir" ao PR - a este ou a outro qualquer - uma missão que a constituição, revista ad hominem em 1983, lhe sonegou: a de manter ou retirar a confiança política num governo, suscitando a formação de um outro.

13 comentários:

  1. Hugo Correia6:25 p.m.

    Não me cabe a mim fazer interpretações neste domínio. Deixo uma pequena passagem da sessão parlamentar de 25-11-1981(tinha PSL 25 anos), aquando do debate da Revisão Constitucional, em resposta ao falecido dr. Luís Nunes de Almeida.

    «O Sr. Santana Lopes (PSD): - Peço desculpa. Sr. Deputado Nunes de Almeida, mas não reconheço nada. E já agora passava a colocar-lhe duas questões. O Sr. Deputado disse, e tem inteira razão, o que já foi, aliás, demonstrado por outros deputados, que quando houver maioria parlamentar na Assembleia da República - uma maioria eleitoral -, o problema praticamente não se põe. Então o Presidente da República é obrigado a nomear o Primeiro-Ministro de acordo com a maioria que se formou eleitoralmente e que tem tradução na Assembleia da República, quer em termos de resultados das eleições legislativas, quer em termos de composição da Assembleia da República. Agora o problema pode colocar-se ainda mais, quando não há uma maioria parlamentar na Assembleia da República!

    Aí é que o problema se pode colocar! É aí que pergunto: o que é que o Presidente da República é obrigado a respeitar? Imagine que não há possibilidade de os partidos, à primeira, ou à segunda, chegarem a acordo para a formação de um governo. Lembremo-nos, por exemplo, da nomeação dos governos por iniciativa presidencial: o Presidente da República respeitou a composição da Assembleia, mas não respeitou os resultados das eleições legislativas. Não os respeitou! Mas respeitou a composição da Assembleia!

    A questão fundamental está em quando não há, ou quando se desfaz, a maioria parlamentar. Aí não estamos a dar o juízo final ao Presidente da República. Estamos a dar o papel fundamental aos partidos e aos resultados das eleições legislativas. A leitura política será feita pelos partidos, que dizem qual a coligação que estão dispostos a fazer, depois de se ter desfeito outra, e são eles os juizes, se se violarem ou não, os compromissos com o eleitorado.

    Agora, quando há maioria parlamentar não tenho problema nenhum Sr. Deputado. Qualquer que seja o Presidente da República, seja qual for o seu bom senso. Mas quando não há? Os governos da engenheira Pintassilgo, do engenheiro Nobre da Costa, do Prof. Mota Pinto tiveram de contar com a posição da Assembleia, mas não tiveram os resultados das eleições legislativas.»


    Hoje, "para grandes males, grandes remédios".

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  2. Anónimo7:10 p.m.

    Já era altura de o Santana, que possui alguns méritos não dispiciendos e que muito aprecio/apreciei nomeadamente a nível autárquico, se deixar de tretas e manter um saudável distanciamento de assuntos em que nada influi ou ajuda a resolver.

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  3. OS RESPONSÁVEIS PELA BANCARROTA NÃO PRECISAM SER SALVOS.PRECISAM SER SEVERAMENTE PUNIDOS.

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  4. Adosindo Pinoca9:34 p.m.

    Não sabia da existência de um Hugo Santana Lopes Correia.
    Estamos sempre a aprender.

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  5. De Santana só espero uma coisa: acutilância. Espero, mas debalde.

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  6. Anónimo9:42 p.m.

    Caro João Gonçalves, confesso que não compreendo a sua fixação em PSL.

    Ignore-o. Acredite que merece!

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  7. Anónimo9:57 p.m.

    Boca Santa, Mani Pulite !
    Todos e cada um dos "nossos" partidos políticos necessitam de um terramoto que os abane de cima a baixo, a ameaça séria de perderem o protagonismo exclusivo que a Constituição lhes confere. O problema é que até o Presidente vai sempre de mãos atadas para o seu mandato, já para não falar nos celebríssimos "limites materiais de revisão". Urdiram-na bem e nisso foram exímios óra pois não ... vai da vidinha das classes que nos "representam".

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  8. floribundus10:32 p.m.

    morei em 'campo dórique' nos anos 60. desde então sou amigo dum Senhora austríaca. por seu intermédio conheci parte da colónia alemã do bairro. quando um Senhor muito simpático faleceu a minha amiga disse que era o homem de confiança do Almirante Canaris, mas não era Nazi.

    no minúsculo oriente enquanto estavamos de pé antes do jantar a aguardar a chegada do 'vulnerável' mestre vi tanto barrigudo que comecei a cantar a Internacional «de pé! ó vítimas da fome!». fusilaram-me 15 pares de olhos.fora os outros

    o meu saudoso e inesquecível Amigo Dr. Álvaro Ataíde chamava 'ponta de diamante' a um mulherengo a quem tratavamos por 'Tosão de Ouro'

    um dia falarei da maçonaria a 'quatro patas' ou com cheiro a merda.

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  9. Cá está, o nosso venerável amigo floribundus tem coisas absolutamente deliciosas: neste comentário senti-me transportado para uma cena de Os Maias. Bravo!

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  10. Caro JOSHUA, neste momento, do Santana só espere "manter o status".

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  11. Pois é Joshua, é pena! Mas a "carne" é fraca!

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  12. Anónimo3:38 p.m.

    Esse cromo da política vir sempre armado em oráculo imaginando que quem fez as figuras que ele já protagonizou tem alguma importância ou audiência é de bradar aos céus.

    Só falta mesmo o cromo concorrer à PR.

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