2.3.09

A SELECÇÃO (act.)

Por falar em comunicação social, foi apresentado um novo periódico. Chama-se «i» e vai ser dirigido por Martim Avillez Figueiredo. Pertence à Sojormedia e é conhecido no "meio" pelo jornal "Lena". Diz-se que o dito «i» vem para concorrer, por exemplo, com o Público e que o regime - leia-se, Sócrates - vê com interesse a emergência do novo jornal. Terá nomes conhecidos e outros menos, designadamente quinze jornalistas - estagiários «recrutados através de candidaturas realizadas exclusivamente pela Internet.» Um amigo meu apresentou a sua candidatura que, a dada altura do "processo de selecção", envolveu o texto que a seguir reproduzo. Não passou, porém, dessa fase. Por que terá sido?

Distracções da Corte

A pergunta de Ferreira Leite “seria bom haver seis meses sem democracia?” não é, por si, desinteressante. Tanto assim é que é possível ler nos jornais que “vai marcar a vida política portuguesa nos próximos tempos”. É, contudo, impossível afirmá-lo sem, ao mesmo tempo, garantir que a discussão seja totalmente irrelevante. Enquanto o regime discute, pública e inocuamente, as intenções da líder do PSD, o primeiro-ministro tem preciosos minutos de descanso. O número vasto de elementos do executivo que, alegre e alheio à realidade difícil do país, abriu a feira “Portugal Tecnológico 2008” em mais um momento de aflitiva contradição com os resultados práticos do programa de governo, prova-o. Gasto o modelo de visitas às escolas com imagens de crianças bem comportadas e felizes com computadores, a feira de tecnologia serve o mesmo propósito de propaganda.O que deveria constituir notícia são as decisões da comitiva governamental, o seu debate e as implicações no quotidiano dos portugueses. A propaganda indesejável pulula descaradamente em muitos órgãos de comunicação, contribuindo, com método, para a sua descredibilização e dos seus profissionais. É impossível manter “ad aeternum” uma ficção como a que o governo alimenta. A realidade é extraordinariamente mais pesada.

18 de Novembro de 2008

António Leite-Matos


Adenda1: Outro texto que não passou no "processo de selecção", enviado pelo leitor João Francisco Velez:

“Novas Oportunidades” – a última chamada

O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007-2013 é a última vaga de dinheiros comunitários que Portugal irá receber. Tal facto enfatiza a necessidade dos recursos serem bem distribuídos. Olhando para trás, para o Quadro Comunitário de Apoio (QCA) III, notam-se diferenças. Além dos 7 planos regionais, que correspondem às NUTS II, passamos de 11 programas operacionais sectoriais para apenas 3. É, assim, tempo de Portugal se preocupar com o
software e deixar para segundo plano o hardware. A preocupação terá que ser agora o imaterial, na esteira da chamada “Estratégia de Lisboa”. Numa linguagem mais dura, mas não menos verdadeira, é hora de cortar menos fitas, de inaugurar pomposamente menos “elefantes brancos” e de, agora sim, qualificar os portugueses. Prepará-los para a nova sociedade do conhecimento, o que é condição sine qua non para o futuro sucesso de Portugal no Mundo. Resta saber se Portugal conseguirá “endireitar” um Quadro que nasceu torto. É que, pela primeira vez, os fundos estruturais são alargados a todos os Estados-Membros (até os mais ricos). Sendo assim, estes acabarão por recuperar parte da sua contribuição para o Orçamento comunitário e contribuirão para uma cada vez mais “Europa a duas velocidades”.

João Francisco Velez


Adenda2:
Este não concorreu ao «i». Não precisa, naturalmente. Chama-se José Lello e é deputado do PS e presidente de uma assembleia qualquer lá fora. Consta que sabe ler e escrever.

«Só me admiro da passividade da ERC. Como é possível haver um telejornal como o de sexta-feira que é um 'reality-show' da dra. Manuela Moura Guedes« que «faria sucesso numa República das Bananas» mas cuja «falta de objectividade e de respeito pelos valores mínimos de isenção é um escândalo.»


14 comentários:

  1. Anónimo7:28 p.m.

    com a crise vão sobreviver os jornais gratuitos e o publico.
    este ano já fecharam 600 cafés e 260 restaurantes.
    a acção socialista vai sair com este nome em ano de eleições.
    desespero no largo dos ratos após desatrada exibição de zézinho Hamlin num pavilhão com espinhos e espinhas.faltou alegria.
    às escuras ficaram os desempregados, as pmes, etc

    radical livre

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  2. Brilhante e, está visto, indesejável pela respectiva acutilância.

    Tomando-me a mim mesmo como exemplo, não faltam desempregados deliberados da Legislatura por delito continuado de opinião contra gato-bosta comunicacional por lebre acção-resolução de problemas e salvaguarda das pessoas contra os interesses. Há misérias e opressões encomendadas para aqueles que são uma só coisa com a Verdade e a Realidade em face da Fachada e da Falsificação.

    Quando conto os últimos cêntimos parcamente subsidiados do meu mês, bem antes, muito antes do respectivo fim, e me preparo para comer basicamente pão e tostas e imobilizar-me numa escrita doméstica irreprimível, pergunto-me se vale a pena sofrer pela causa da Justiça profunda em Portugal, pela Verdade inteira dita e praticada perante e em favor dos portugueses, pelo fim da hegemonia traste da Mentira que atingiu o auge do nojo com Sócrates, o que é evidentíssimo.

    Deve valer, mas não me sustenta nem tranquiliza em nada mulher e filhas.

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  3. Anónimo8:40 p.m.

    o joao eu vinha aqui pedir desculpa pelos comentarios que aqui fiz a proposito do paulo pedroso, estive a pensar, e realmente fez bem em nao publica-los. eu tambem nao gostaria de ser alvo de tais insultos, enfim o anonimato faz-me perder a noçao dos limites. o joao se bem me lembro apelidou os anoninmos de cobardes (o meu nome nao é diogo torralva) e tem razao.
    peço no entanto que tal como socrates veja no mal uma consequencia da ignorancia, pois se voce é alvo da minha galhofa ocasionalmente, eu tenho que viver diariamente comigo proprio, e esta bom de ver que nao me posso ver ao espelho, sou uma especie de mickey rourke.
    eu sei que o joao me ignora, mas eu ficava de mal comigo se nao apresentasse anonimamente as minhas desculpas.


    Diogo Cão

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  4. Anónimo8:41 p.m.

    nem imagino porquê, está bem escrito, não está?

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  5. Anónimo10:18 p.m.

    Não me parece um grande texto, para ser franco. Abre com um uma ideia que não se relaciona com o resto da opinião produzida, para a qual é simplesmente um pretexto. Parece-me pouco jornalístico e mais um texto de blogue ou para uma coluna de opinião.

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  6. Anónimo10:49 p.m.

    Enquanto tiver ali a fotografia do Pedro Santana Lopes, não o visito. E depois ainda demoro uns dias a esquecer-me .... lá para o verão, talvez volte.
    rm

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  7. "Parece-me pouco jornalístico e mais um texto de blogue ou para uma coluna de opinião."

    O que pediam era um texto de 1300 caracteres sobre um tema à nossa escolha. Assim, sem qualquer outra indicação. Logo depreende-se que, supostamente, é irrelevante o estilo do texto.

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  8. Anónimo11:47 p.m.

    Talvez alguém devesse dizer ao sr. Lello que, à esquerda da tecla com o pontinho, há uma outra com um rabisco chamado "vírgula" que ele também pode usar de vez em quando.

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  9. Anónimo1:35 a.m.

    "Logo depreende-se que, supostamente, é irrelevante o estilo do texto."

    Com certeza, mas não estava a questionar o estilo. Apenas a lógica interna do texto. O segundo texto (JFV), por exemplo, está muito mais bem organizado.

    Quanto à selecção ter sido feita pelos conteúdos... Não me espantaria nada. Olha quem. Mas para ter a certeza de que foi assim, teríamos de ver aqueles que foram aceites.

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  10. Então era o Estado Novo que tinha os orgãos de informação nas mãos do governo e do "capital"?
    Nunca se viu tanto, como desde há 34 tristes anos, politica governativa, dinheiro e betão embrulhados em papel de jornal ou filmados no "tele jornal".
    Povo! aprende com o teu triste fado : Cá se fazem, cá se pagam!
    Quem trai, acaba traido!

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  11. Anónimo11:00 a.m.

    parace que o governo patrocinou um mega-negocio do grupo lena c a venezuela chavista, fará parte do business plan do novo jornal?

    vai ser giro observar todas as empresas do sistema a anunciar no jornal, do bes à edp, da caixa ao bcp....as mesmas que cortaram a pub no publico desde a sua inclusao na lista "negra"

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  12. Anónimo12:44 p.m.

    Foda-se, ó João! Vê lá se não queres meter letra ainda mais pequena que é para a malta não conseguir mesmo ler o teu blog. E é sempre nos posts mais interessantes que fazes essa merda de encolher a letra. Irritas-me com isso!
    Quero ler e não consigo!

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  13. O tamanho da letra, caro anónimo do 'foda-se, ó João' serve talvez para metaforizar, reforçando-a, a pequenez inqualificável dos emissores do discurso, como o o grande Ubíquo da Tacharia, Lello, creio.

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  14. Anónimo4:16 p.m.

    É natural que o seu amigo tenha sido preterido na admissão: o texto que V. reproduz não é carne nem peixe, impublicável em jornal. Um jornal recruta jornalistas, ou seja, pessoas habilitadas a redigir notícias, fazer entrevistas, fazer reportagem, etc. Tudo menos dar opinião "à la blog". Para a opinião vão buscar gente com currículo.

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