POBRE CIDADE

Fiz hoje um pequeno percurso a pé entre o Cais do Sodré e a Praça do Comércio. No caminho, e até sensivelmente à antiga estação dos barcos para o Barreiro, ergue-se apenas um estaleiro. Um estaleiro que destrói implacavelmente a ligação com o rio, a única coisa que justifica a passeata. De resto, no lugar do Cais das Colunas está o que a foto do meu telemóvel revela: tubos e mais tubos. A obra do metropolitano de Lisboa - responsável pelo estado medonho em que se encontra uma das mais belas praças da Europa, concebida politicamente por um dos poucos estadistas que tivemos- é o fruto da estupidez dos sucessivos governos e da cupidez insaciável da construção civil. Parece que ninguém quer ser responsável por este desastre e que não se fazem contas. Como lisboeta que aprecia o metro, gostava de ver, preto no branco, o custo desta nova "obra de Santa Engrácia" que vai lentamente afundando a Praça do Comércio, pelo menos em sentido estético. Como se isto não bastasse, a Praça está atafulhada por uma exposição idiota com carros destruídos por acidentes. Julgarão os organizadores que "previnem" alguma coisa com o estardalhaço? Pobre cidade.