
Somos de natureza contrária.
Um de nós pode destruir o outro,
mas só por fora, uma onda que vem
de muito longe, demora a chegar
à praia, ao sol que sossobra
no lugar onde nós estamos,
entregues, entristecidos. Dentro,
no interstício de silêncio
ameaçado pela despedida, sempre
de despedida ameaçado, nenhum
de nós será destruído nunca,
a memória da rua com plátanos,
o pólen mordente da primavera,
o cântico dos pardais. Não,
eu não quero esse amor indeciso
que sossobra num frio inebriante:
cada um com o outro tenta conservar
o seu ser, a identidade que sorri
na janela do quarto que fica por fechar.
Joaquim Manuel Magalhães, Uma luz com um toldo vermelho
Meu Deus, afinal não estavas dormindo ... somente cochilavas, pelo que me ouvistes - porque, eis senão quando surge um poema. Os “arredados” deste Blogue há algum tempo ...
ResponderEliminarMagnífico... voltamos a ter COR
Obrigado
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ResponderEliminarque sossobra num frio inebriante:
cada um com o outro tenta conservar
o seu ser, a identidade que sorri
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