25.6.06

O ELOGIO DOS EUNUCOS


Sempre com o atraso de um dia, li no Mil Folhas do Público o habitual "ensaio" de Eduardo Prado Coelho. Antes de chegar ao livro de Coetzee, EPC discorre sobre Augusto M. Seabra que, no mesmo suplemento, tem andado a escrever sobre "crítica". Confesso que não tenho acompanhado a prosa de AMS. Pelo contrário, há muitos anos que acompanho a de EPC. Li a sua "tese" Os Universos da Crítica quando tinha vinte e poucos anos, acabadinha de sair. Naturalmente que a minha puerilidade adolescente - ainda por cima a estudar Direito - se deslumbrou com tanta citação, com tanto autor e com tanta "sabedoria". Dos ditos quinze livros (ainda segundo o Mil Folhas, noutro local) que o EPC escreveu, já li bastantes. E, em alguns deles, aprendi efectivamente alguma coisa, como, aliás, tinha aprendido muito nos do seu pai, o prof. Jacinto do Prado Coelho. Por razões várias, talvez ligadas à intensa presença do EPC em praticamente tudo, as suas escritas mais recentes deixaram de me impressionar e, no limite, de me interessar. Por outro lado, o seu imenso umbigo e vaidade, também me maçam. É o caso desta prosa dedicada ao AMS. A meio da coisa, EPC "explica" que AMS é um ressentido e alguém que não é digno "de confiança". E, por "não ser digno de confiança", nunca passou pela cabeça de ninguém atribuir-lhe "responsabilidades". Este segmento estalinista, lido a contrario, significa que EPC é alguém "de confiança" e a quem, por consequência, se pode entregar "responsabilidades". Não deixa de ter razão. No PREC, o EPC foi um diligente activista do PC como Director-Geral da Acção Cultural (só o termo, "acção cultural", põe os cabelos em pé a qualquer um), pelo que era nitidamente "de confiança". Depois, com a mesma naturalidade, EPC "deslocou-se" progressivamente para um "plano", digamos, mais "libertário-corporativo", traduzido no apoio a essa maga do "basismo católico" que foi a generosa Maria de Lurdes Pintasilgo. Desses tempos ficaram umas résteas que EPC usa em prol do Bloco de Esquerda, quando lhe apetece ou convém, o que não o impediu de ter feito a "corte" ao então primeiro-ministro Cavaco Silva, a quem deve a aquiescência para o cargo de "conselheiro cultural" da pátria em Paris. Até aqui, só "confiança" e "responsabilidades", naturalmente. Como lhe compete, parece que é militante do PS, sem ser um "ortodoxo". Esteve com Manuel Alegre e zurziu metodicamente no dr. Soares. Nos seus textos, promove e despromove quem ele entende ser digno da tal "confiança" - a dele - e de eventuais" responsabilidades". Para este efeito, o Augusto M. Seabra é, no plano em que se move EPC, um homem morto. O argumento da "confiança", usado por alguém que até normalmente consegue pensar, é perigoso. E faz escola noutras áreas. Nunca esperei ver o EPC fazer o elogio dos eunucos.

13 comentários:

  1. Anónimo5:55 p.m.

    Infelizmente parece que EPC é perito em insinuações azeiteiras, isto é, oleosas, escorregadias, amanteigadas.

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  2. Anónimo6:35 p.m.

    E o autor do blog é useiro e vezeiro em destilar ressabiamento, amancebando-se ora com o PS, ora com o PSD, consoante as suas conveniências...


    Um homem típico do centrão, diria, mas de tendência fascizante.

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  3. Anónimo6:42 p.m.

    Para fazer o elogio dos eunucos, temos a Mary Renault.

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  4. Essa da tendência fascizante e do centrão é um oxímoro. Decida-se.

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  5. Anónimo7:28 p.m.

    Não é «oximaro» é sabiá ou fraca.


    A retórica fica para o púlpito, porque nesta gaiola o k tá a dar é cantar.

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  6. Anónimo7:33 p.m.

    Olha o roto, para o nu.

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  7. Anónimo8:28 p.m.

    Refugiada nos blogs para não assistir à bola. Esta historia dos eunucos está bem esgalhada. Já agora esclareça-me: o que é um oxímoro, a sério, não tenho dicionário à mão
    F

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  8. Anónimo8:40 p.m.

    Agora não lhe posso dizer, porque Portugal está a ganhar.

    Interpele outro.

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  9. Anónimo8:48 p.m.

    Boa anónimo adorei a sua ironia... impossivel não dar por isso, com os gritos que vieram da sala....

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  10. Anónimo8:58 p.m.

    oximoro


    do Gr. oxymoron

    s. m.,
    figura de retórica que consiste em associar palavras de sentido contraditório como inocente culpa.

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  11. Anónimo9:12 p.m.

    Obrigada. Muito produtiva esta hora de futebol.

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  12. Anónimo3:33 p.m.

    alêm de ser um arrematado mal educado!

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  13. Anónimo6:30 p.m.

    Gostei, em especial da leitura a contrario sensu.

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