19.4.06

A RAZÃO DE RATZINGER

Passa hoje o primeiro ano do pontificado de Bento XVI. Dir-me-ão que falo demais deste Papa. É bem provável. Gosto de pouca gente e desconfio da natureza humana, como Ratzinger. Talvez por isso o convoque a este blogue tantas vezes. Quando Ratzinger foi escolhido, os "comentários" então produzidos raramente ultrapassaram o patamar da vulgaridade, como se pôde ver num documentário apresentado há pouco pela RTP. Reduzir Ratzinger ao papel de "grande inquisidor" ou a líder espiritual ultra-conservador é uma graçola medíocre e uma leviandade intelectual. Este primeiro ano de pontificado revelou um Papa fiel à tradição da Igreja, seguro nos seus fundamentos e, por consequência, tranquilo no seu diálogo com o mundo "moderno". A encíclica "Deus Caritas Est" é, em letra de forma, a tradução desse propósito. Ratzinger vem em nome da reconciliação da Igreja com o seu próprio "mundo" e com o mundo, não tanto na concepção cosmopolita e "globalizadora" de João Paulo II, mas mediante uma bem madura e pensada estratégia de "pequenos passos". Na homilia que antecedeu o conclave que o elegeu como Sumo Pontífice, Ratzinger afirmou que "estamos a avançar para uma ditadura de relativismo que não reconhece nada como certo e que tem como objectivo central o próprio ego e os próprios desejos". Exigiu uma fé "mais madura" e um combate sem tréguas ao "radicalismo individual" que nos faz "ser criança andando ao sabor de ventos das várias correntes e das várias ideologias". A um ano de distância, nunca Ratzinger teve tanta razão.

10 comentários:

  1. e a história do tipo com a cruz suástica (não sei se é assim ke se escreve) no braço é treta?
    a não ser, isso não deixou marcas na sua personalidade?

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  2. Parabéns. É pena que as pessoas nem sequer consigam perceber o alcance das palavras de muitos dos pensadores do nosso tempo, no qual se inclui Bento XVI. Confirma-se pelo tipo de comentários de uma frivolidade e ignorância atroz. Cruz suástica? Então as crianças e os jovens que eram obrigados a integrar a Mocidade Portuguesa no tempo de Salazar são todos fascistas?

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  3. Sem querer, nem poder, discutir o pensamento deste Papa(não tenho argumentos para tal), será que pode alguém que gosta de poucos e desconfia da natureza humana ser um condutor e inspirador de almas?

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  4. Parece-me que este Papa é realmente um vanguardista. Ele prefere estimular modificações no pensamento e nas mentalidades das pessoas em vez de apelar à exteriorização demagógica e superfícial da fé.

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  5. Magnifico post

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  6. Subscrevo o comentário anterior

    ... podem não concordar com o tema

    ... mas, está muito bem escrito
    ... de leitura fácil, clara, delicada, precisa, concisa, inteligente
    ... muito bem fundamentado/documentado – produto de uma vasta “cultura”
    ... optimo sentido de estética (basta olhar para a serenidade da fotografia escolhida)
    ... terminando “sempre” com frases “magnificas”, a ponto de eu “as coligir”

    ... mais um “excepcional post”
    ... nem mais
    ... vem pois “corroborar” o que ontem aqui escrevi

    obrigada

    P.S.:
    E, depois “tenta” baralhar-nos com o post seguinte, onde insulta a Vida
    Acredite ... a Vida não é bem aquilo que diz
    Nessa perspectiva, a dita “depressão” que refere atrás, certamente se instalará
    E, depois as “insónias”. Que, espero sejam somente as de Ciora
    ... está tudo dentro de “si”, acredite
    ... a informação “exterior” é o complemento
    ... por isso Ratzinger exigiu uma “fé mais madura”

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  7. Hoje que JPP no Público escreve sobre comentadores nas caixas de comentários esqueceu-se desta pérola que é o(a) comentador(a) das aspas!

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  8. o portugal dos pequeninos verdadeiro é muito melhor que esta treta!

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  9. Olá "anónimo anti-aspas"!

    Oh "anónimo das 8:18" se leu bem, foi tudo comtemplado ...

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  10. Anónimo das 10:04 PM

    ... diz que este "Portugal dos Pequeninos" é uma "treta"
    ... porem, leu-o, comenta-o, etc.
    ... fico com uma "leve sensação" que até gosta !!!

    ... "curiosidade"

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